[081] O Núcleo da APM em 1993-94

Memórias

Durante este ano lectivo o Núcleo da Associação de Professores de Matemática em Almada e Seixal, além de promover o projecto InterMAT [ver testemunho «079»] e o 2º Interescolas de Jogos de Reflexão [ver testemunho «080»], ainda organizou o 4º Encontro Regional de Professores de Matemática.
Ele foi concretizado nos dias 6, 7 e 8 de Julho, na Escola Secundária do Fogueteiro, tendo uma manhã decorrido na Escola Secundária Anselmo de Andrade.
Houve sessões práticas que resultaram de projectos que estavam em curso (sobre laboratórios de Matemática e sobre interdisciplinaridade entre Física e Matemática) e outras que procuraram divulgar ideias destinadas a apoiar as reformas curriculares que se estavam a iniciar, quer no Básico quer no Secundário (sobre a relação entre Cultura e Matemática e sobre temas como a Estatística, a Geometria e as Probabilidades).

Houve ainda uma sessão especial, ligando Magia e Matemática, dinamizada pelo José Paulo Viana, vindo de Lisboa (não me recordo da razão pela qual não assisti a esta sessão). O seu último «truque» foi este (tal como ficou descrito nas actas do encontro):

(prometo resolver este enigma no blogue «Cosmovivências», inspirando-me nas “sugestões” dadas)

Durante a Assembleia Geral, com que estes encontros sempre terminavam, foi eleita a 3ª Comissão Coordenadora do Núcleo, fazendo dela parte a Ana Boavida, a Ana Soveral, a Carmo Viseu, a Fernando Camejo, a Idalina Domingues, a Lídia Matias e a Luísa Teixeira.


Comentários

É para mim bastante visível o modo como o tema da formação contínua de professores estava, pouco a pouco, a tornar-se central entre os professores, mas não por sua iniciativa.
Desde o início do Núcleo, tudo quanto fazíamos equivalia também a formarmo-nos uns aos outros, mas isso não era enunciado (seria absurdo dizê-lo): nós queríamos «mudar a escola», tínhamos ideias sobre áreas onde actuar, experimentávamos conjuntamente essas ideias, investigávamos o que ainda desconhecíamos e, sem precisar de o dizer, estávamo-nos a ensinar e a aprender.
Isso foi mais ou menos clara nos primeiros encontros regionais: todas as sessões práticas podiam ser encaradas como formas de divulgação de projectos que estavam em curso, ou nas escolas básicas e secundárias, ou no ensino superior.
O que começou a acontecer quando se iniciou a generalização das reformas curriculares foi o surgimento de sessões práticas destinadas a preparar os professores não para as mudanças que desejavam implementar mas sim para as mudanças que o Ministério da Educação decidira. Ou seja, começou a ser apagada a iniciativa dos professores como motor das mudanças. E isso foi abrindo caminho para o que posteriormente se tornou mais claro: era necessário suprir as faltas de conhecimento dos professores.
Assim, depois de ser o professor a construir o seu conhecimento (tal como, aliás, se defendia que deveria acontecer com os alunos) fomo-nos deixando encaminhar para aquilo que ainda hoje é o paradigma da formação: é o conhecimento a construir o professor.

Durante o 4º encontro regional foi dirigido aos seus participantes um questionário precisamente sobre a sua formação contínua. As respostas foram assim resumidas num dos boletins informativos do Núcleo
* A maioria das acções em que os respondentes participaram nos últimos anos foi promovida pelo Núcleo da A.P.M.; os “principais motivos referidos para a escolha das acções foram o enriquecimento no âmbito da disciplina e a realização pessoal”;
* As “necessidades e expectativas para futuras acções” referiram, fundamentalmente, a Avaliação”, os Novos conteúdos do ensino secundário e os Projectos com intervenção na sala de aula”.
Só o facto de se ter colocado este questionário, como se a «formação» estivesse separada de tudo o resto, foi uma forma de «naturalizar» a visão tradicional do que é o desenvolvimento profissional.


Fontes: Pedro Esteves / Arquivador de documentos analógicos Núcleo APM Um (Doc.s 43 e 46) / Caixa com documentos do Núcleo da APM e das Escolas de Almada e Seixal (4º ENCONTRO, actas, 1994)

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