[061] As minhas três turmas do 7º ano em 1992-93

Memórias

A reforma curricular chegou ao 3º Ciclo em 1992-93. Portanto, nesse ano, as minhas turmas do 7º ano foram três das que, na Nº 1 do Seixal, iniciaram essa esperançosa caminhada.
Eis a malta que as constituía: 





Comentários

A novidade especial dos novos currículos era a chamada Área Escola. Em princípio ela deveria ser assumida, em cada turma, como uma convergência interdisciplinar de diversas disciplinas.
Penso que no 7º C terá sido a Madalena Ferreira a propor o tema, e ele terá sido apoiado por uma visita de estudo à ETAR de Miratejo (tratamento dos esgotos) e ao Centro do Talaminho (captação de água); ou seja, a importantes serviços públicos de âmnito municipal.
A visita realizou-se no dia 17 de Fevereiro de 1993 e foi documentada por várias fotografias minhas, entre as quais as três que se seguem (numa delas são visíveis alguns dos professores da turma: o Renato, a Isabel, o Calqueiro e a própria Madalena):





Não me recordo do tema escolhido no 7º D.
Mas no 7º G penso ter havido vários, da minha responsabilidade, tendo um deles sido as Magias com Matemática; e um outro foi o estudo de uma tábua usada na pesca de bacalhau para registo do pescado, portanto um suporte para uma descrição numérica: a Ana e a Fernanda foram comigo ao Ecomuseu (na altura situado na Torre de Marinha) para a fotografarmos.

Fontes: Pedro Esteves / Arquivador analógico ESJA Cinco (Doc.s 106a, 106b e 106c) / Álbuns de fotografias ESJA Cinco (F104: 4) e Seis (F104: 8 e 10)

[060] Os primeiros anos da Raquel como professora

Memórias

Das três entrevistas que realizei, perto do final de 1995, para a minha tese de mestrado, a feita à Raquel foi a primeira (seguiram-se as entrevistas ao José Tomás [testemunho «050»] e à Filomena Teles).

A escolha da Matemática, a Faculdade e o Instituto Geográfico Cadastral

Quando a Raquel concluiu o antigo 5º ano de escolaridade (correspondente ao actual 9º ano) escolheu seguir Ciências. Depois, ao concluir o 7º ano (actual 11º ano), não tendo manifestado antes qualquer preferência por esta ou por aquela disciplina, mas por gostar de resolver equações disse para si mesma: “Bom! Então é Matemática!” E foi esta a escolha que fez para entrar no Ensino Superior.

Os primeiros anos não lhe correram muito bem, pelo que precisou de ir trabalhar, tendo entrado no Instituto Geográfico Cadastral como desenhadora cartográfica. “E então não tinha possibilidade de ir às aulas, não havia nessa altura - como há agora - ensino pós-laboral, [...] as aulas a que eu conseguia ir era pedindo ao chefe, mas [...] ele achava que os outros também podiam pedir para ir fazer não sei o quê e portanto aquilo era sempre uma grande confusão.” Mas, apesar destas limitações, ainda foi “fazendo umas cadeiras”, sem saber “muito bem como”.
Um dia, no início de 1972-73, uma sua conterrânea veio ter com ela e diz-lhe: “«Eh! pá, estou muito triste, o Manel quer que eu vá com ele para a guerra, para a África, mas eu tenho que deixar um substituto. Não me queres ir substituir?» [...] E portanto isto foi uma 6ª feira, nunca mais me esqueço, e na 2ª feira estava na Escola, porque ela foi lá e disse «tenho aqui uma pessoa» [para me substituir].”

A entrada naquela que seria a sua escola de sempre

A Escola era uma Secção Preparatória Industrial de uma outra, de Lisboa. A Raquel foi recebida pelo Director, que lhe pôs um “horário nas mãos”, para ensinar à noite, e lhe disse que tinha de “andar de bata”.

“Comecei a dar aulas um bocado loucamente, jovem e inconsciente, toda aquela gente era tudo mais velho do que eu, [...] naquela altura em que o ensino noturno era de facto para homens, para pessoas adultas, e não como é agora. Portanto a experiência foi muito engraçada porque acho que os alunos adoptam os professores, [...] nessa altura tinha quê? [...] vinte e poucos anos [...]. Portanto, eu comecei a dar aulas assim, sem saber nada, [...] sem haver reuniões de grupo, [...] sem conhecer livros, sem saber os programas, sem saber como funcionava a Escola, sem saber nada, à noite ...”

Como a Raquel preferiu não deixar o Instituto, “das nove às cinco trabalhava na Estrela, depois apanhava o eléctrico e vinha para Almada, de barco, até às onze da noite, às vezes mais!” Mas este esforço era compensado pela grande “cumplicidade” que havia entre os que trabalhavam como ela.

No ano seguinte, 1973-74, a Raquel, que gostara do seu primeiro ano com professora, deixou o Instituto. Estrando a leccionar à noite, ficou com tempo para, de dia, regressar às aulas na Faculdade.
Logo após o 25 de Abril uma Assembleia Geral de Escola, para substituir o Reitor, elege, “de braço no ar,” uma Comissão de Gestão, de que a Raquel fez parte. Era necessário fazer “tudo, desde arrumar cadeiras, varrer o chão, pintar paredes ... bom! apanha-se aquela [...] euforia de que é tudo nosso e que portanto temos que fazer tudo”. Assim, a Raquel teve de escolher, “e as aulas foram as preteridas de facto, porque aquilo não dava tempo de fazer tudo”.
Esta Comissão manteve-se até à eleição do primeiro Conselho Directivo, em 1976, altura em que a Raquel voltou a estudar, de dia, e a dar aulas, à noite.

E, ao concluir o bacharelato em Matemática, a Raquel optou pelo ramo educacional: ela sempre tinha gostado de vir a ensinar, “já tinha essa na cabeça, mas [...] depois de experimentar achei que [...] era aquilo!”

O estágio em Lisboa e as aulas em Almada

O ano em que a Raquel fez estágio foi o último em que este não era pago. E por não ser pago, a Raquel foi obrigada a continua a dar aulas em Almada, à noite, depois de estagiar, de dia, no Liceu D. Diniz, nos Olivais. E foi durante este ano que se travaram as lutas que levaram a que mudasse a situação dos estagiários nas escolas: “No ano a seguir as pessoas já foram pagas e já tiveram direito a estar num sítio só”.

“O estágio foi muito engraçado”, contou-me a Raquel. Havia, por um lado, o grupo das estagiárias, que ela já conhecia, e, por outro, um orientador de estágio “retrógrado ao máximo”.
O orientador não dava aulas, eram as estagiárias que, rotativamente, uma semana de cada vez, davam as aulas na turma do orientador: “Fizemos coisas engraçadas, [...] sobretudo com muita alegria e [...] o orientador nunca percebeu o que é que a gente estava a fazer”, ficando “um bocadinho perplexo”, pois era-lhe “impensável” fazer-se qualquer mudança, como os alunos trabalharem em grupo, ou uma aula ser dada simultaneamente por duas ou três professoras.
O que este grupo de estágio fez, comentou a Raquel, só foi possível por se estar “numa situação daquelas, numa situação de grupo”. E foi a partir desta experiência como grupo de estágio que ela se começou a interessar pelos jogos, pelos quebra-cabeças e pelos materiais manipuláveis no ensino da Matemática.

Eis um dos quebra-cabeças que a Raquel divulgou através do projecto MATlab:


Como o grupo de estágio da Raquel quis ajudar a acabar com os estágios feitos daquele modo, as estagiárias tiveram a ideia de gravar testemunhos sobre o que os alunos acharam de diferente “na maneira de dar as aulas e na maneira de abordar as coisas, na postura como as pessoas estavam na aula - porque aquilo já era depois do 25 de Abril”, e, apesar disso, o orientador “continuava de bata branca e impávido e sereno de gravata [...], de óculos, hirto, a dar aulas”.

Definitivamente em Almada

Terminado o estágio, a Raquel foi colocada como professora efectiva na sua escola de sempre, em Almada. Como um dos membros do Conselho Directivo saíu para se efectivar no Seixal, a Raquel reentrou na gestão, dando aulas de dia a uma única turma do 7º ano.

A nova experiência na gestão foi “má”, pois o Conselho Directivo era “muito conflituoso”, já havia “posições políticas” muito “demarcadas”, mas a experiência com a única turma foi muito forte, pela “afectividade” que foi possível desenvolver entre ela e os seus alunos.

Ao deixar este Conselho Directivo a Raquel começou “com aquela mania da Sala de Jogos." E ela não tinha “dúvida nenhuma”, na altura em que a entrevistei, acerca da importância que os espaços extracurriculares têm para os alunos. Para ela, “o espaço fora da aula é um espaço privilegiado para tudo”:

é impressionante “a relação diferente que há numa aula e num espaço fora da aula, com os mesmos alunos”. “Eu gostava de perceber o que é que se passa dentro de uma aula que faz com que duas pessoas, as mesmas, mudem de espaço e tenham uma atitude completamente diferente, não só em relação um ao outro mas em relação ao próprio trabalho.”
Até a postura física rígida da sala de aula se quebra, “não há problemas de comportamento”.

 Comentários

A propósito da entrevista que realizei ao José Tomás lembrei-me das duas primeiras conclusões da minha tese de mestrado. Também me poderia ter lembrado delas a propósito da entrevista com a Raquel:

Os professores envolveram-se enquanto pessoas na profissão
.

O envolvimento profissional dos professores apoiou o seu desenvolvimento pessoal.

No caso da Raquel lembro-me ainda de duas outras conclusões, uma relacionada com a sua «sala de jogos», a outra com os «jogos e quebra-cabeças» que ela divulgou.
Transcrevo-as por completo:

Os espaços incorporaram a acção profissional dos professores.

Toda a acção dos professores decorreu num espaço (a criação de um novo tipo de acção implicou a criação de um novo tipo de espaço) e interagiu com esse espaço (as mudanças no agir produziram mudanças na organização e por vezes na designação ou até na localização do espaço). Ao invés, cada espaço facilitou um tipo específico de acção profissional (a sala de aula pareceu induzir o método expositivo) e, ao extremo, aceitou apenas aqueles que promoveram esse tipo de acção (o associativismo local não foi favorável ao individualismo). A primeira característica revela como os espaços são sensíveis à acção (e portanto aos seus autores) e a segunda como eles influenciam a acção (embora não possam ser seus autores). Os espaços, por conseguinte, tanto são limitadamente moldáveis como passivamente conservadores.

As ferramentas inscreveram a acção profissional dos professores.

A construção de ferramentas educacionais foi a acção a que os professores atribuíram a principal prioridade. Sempre que se verificou, em paralelo, a construção de ferramentas organizacionais, as potencialidades das ferramentas educacionais (nomeadamente para mobilizar e articular saberes internos e externos) foram multiplicadas. Uma tendência notável desta associação foi a sua produção de efeitos sobre os espaços profissionais: nas escolas, através da constituição de um ambiente favorável à interligação de iniciativas dispersas e, no associativismo local, através do desenvolvimento de uma rede de apoios profissionais. Em ambos os casos, recuou a tradição de estabelecer externamente os objectivos de mudança e cresceu a categorização interna dos espaços, que passaram assim a constituir marcos para a identificação profissional (os projectos, a ludoteca, o laboratório, as realizações inter-escolas, o Núcleo associativo local, etc.). Contrariamente aos espaços, que operam através do implícito, as ferramentas favorecem a explicitação dos processos e a exploração das potencialidades.

Fontes: Pedro Esteves /Arquivador digital Tese de mestrado (4EXPR11) / Livro (Esteves, 1998; ponto VII.1.2.9) / (fotografia pessoal de um quebra-cabeças)

[059] O 3º ano do Núcleo Regional da A. P. M.

Memórias

Nos comentários finais do testemunho anterior, afirmei que, no início da década de 1990, o associativismo terá sido o factor decisivo na enorme expansão dos projectos relacionados com a Matemática nas escolas dos concelhos de Almada e Seixal.
Que outros argumentos posso juntar ao que o quadro que apresentei no final desse testemunho representa?

Além das escolas, o grupo de professores que estudei através da minha tese de mestrado tinha como contexto de acção a vida da Associação de Professores de Matemática, e muito em particular a do seu Núcleo Regional em Almada e Seixal.
Este fora criado em 1989-90 (testemunho «040»), tendo um primeiro ano regular em 1990-91, com, entre outras iniciativas, o início do primeiro projecto interescolas, o AlterMATivas, para três anos (testemunho «045»), a eleição da primeira Comissão Coordenadora, para dois anos, e a realização do 1º Encontro Anual de Professores (testemunho «049»).
O ano de 1991-92 foi marcado pelo início de um segundo projecto interescolas, o MATlab (testemunho «055») e pelo lançamento de um «Boletim Informativo» e pela realização do 2º Encontro Anual de Professores.
Foi este ambiente de encontro, destinada a partilha livre e igualitária de ideias e de projectos, que eu penso ter sido decisivo para a criação de um movimento que visava mudar o modo como se aprendia e ensinava Matemática nesta região.

A edição de um Boletim Informativo fora decidida pela Assembleia Geral realizada no final do 1º Encontro Regional de Professores, tendo a Comissão Coordenadora posto em prática essa decisão (o seu primeiro número foi editado em Março de 1992 e a sua primeira página - onde figura a notícia sobre a «Janela da Matemática» na Escola Preparatória da Cova da Piedade – é a que mostro a seguir): 


Durante os primeiros anos, estes boletins, tal como as fichas produzidas pelos projectos interescolas, eram produzidos digitalmente, com o programa First Publisher, e guardados em disquetes. Se havia uma imagem a inserir, ou ela era desenhável com aquele programa (o que aconteceu sobretudo com as fichas), ou era impossível por essa via, e então as imagens originais eram fotocopiadas, recortadas e coladas numa versão impressa do boletim (os scanners ainda não eram acessíveis).
Com este original analógico do boletim, era então possível ir fotocopiá-lo de borla na sede da APM, em Lisboa; mas a preparação dos envelopes para serem enviados por correio para os sócios era feita pelos membros da Comissão Coordenadora, normalmente através de uma noitada.
Na sede da APM, pelo menos a partir de certa altura, também era possível imprimir uns autocolantes com as moradas dos sócios de Almada e Seixal, tornando mais fácil endereçar os envelopes, que, finalmente, podiam ser enviados por correio.
Também era enviado um exemplar dos boletins para cada uma das escolas do 1º Ciclo, e alguém sugeriu que, em relação às do concelho do Seixal, os enviássemos através de uma Escola Primária situada na Amora, onde funcionava uma sua administração concelhia (não me recordo como se fazia em relação às escolas de Almada).
E deste modo, com o empenho rotativo de alguns de nós, se foi estabelecendo uma rede de distribuição de informações, por sua vez alimentada pelas que eram enviadas à Coordenadora para serem divulgadas.

No dia 28 de Março de 1992 o Núcleo organizou na Emídio Navarro um encontro de professores destinado a “trocar ideias” (de manhã) e a jogar (à tarde), tendo alguns, pelo meio, mantido o convívio através de um almoço.

No dia 29 de Maio de 1992, através dos animadores dos seus dois projectos interescolas, o Núcleo participou numa das sessões de A Matemática à Conversa, uma série de sete encontros organizados na sede da APM durante o 3º período lectivo:


A imagem que figura neste cartaz foi desenhada por mim, com o First Publisher. É perceptível a dificuldade que tive para garantir as proporções adequadas (a chávena e o pires estão demasiado largos); mas já não é perceptível que o fumo e a sua sobreposição com o «M» (de «Matemática») foram desenhados ponto-a-ponto.

O misterioso título da intervenção escolhido pelas equipas dos projectos AlterMATivas e MATlab, “20 Hipóteses para 3 Espaços”, aludia aos espaços «curricular», «não-curricular» e «associativo», ou seja, pretendia chamar a atenção para a necessidade da convergência de todo o tipo de intervenções se pretendêssemos «mudar a educação».

No cartaz, a terceira linha a contar do fim dá uma indicação interessante a quem tiver sensibilidade para a evolução dos contextos históricos: em Lisboa, a APM tinha acabado de mudar de sede! Para quem já não se lembra: a sede era, antes, na Avenida 24 de Julho; agora mudava-se para o Colégio dos Maristas; e mais tarde iria para a Escola Superior de Educação e, por fim, para a actual sede, junta à Segunda Circular.

Disponho de uma fotocópia da folha de presenças nesta sessão. Participaram nela 15 professores, cujas escolas (ou lugar de trabalho) estão a seguir designadas tal como o eram na altura: Rosário Ribeiro (destacada na A.P.M.); Vítor Lourenço Casaca (C+S de Quinta do Conde); Paula Teixeira (ES da Amadora); Adelina Precatado (ES Camões); Maria José ???inho (ES da Damaia); Ana Mota, Maria da Conceição Tomás e Rita Vieira (ES Emídio Navarro); Ana Baltazar (ES do Fogueteiro); António Bernardes (ES Gil Vicente); José Paulo Viana (ES Marquês de Pombal); Pedro Esteves (ES Nº 1 do Seixal); Maria de Jesus Bicho (ES Rainha Dª Amélia); Eduardo Veloso (Faculdade de Ciências); e Maria Amélia Trigo (???).

No final do ano do ano (1, 2 e 3 de Julho) o Núcleo organizou o 2º Encontro Regional de Professores.
Desta vez foram escolhidas as escolas Secundária Emídio Navarro, Preparatória de Corroios e Secundária Nº 1 de Corroios, tal como então eram designadas.
Comparando as intervenções deste ano com as do 1º Encontro, manteve-se a predominância da «apresentação de projectos» locais em relação à «formação de professores» (6 / 2), surgindo como novidade a «promoção da Reforma Curricular» (4), dado esta estar em vias de se generalizar a todas as escolas.

Na Assembleia Geral de sócios que encerrou o encontro foi decidido criar grupos de trabalho sobre dois dos anos curriculares (5º e 7º) em que a Reforma seria generalizada em 1992-93 e ainda sobre o Secundário. E, para o reforçar, foi também decidido publicar um novo «Boletim Informativo», o Nº 3, ainda antes do início das férias, para “incentivo de todos os colegas ao trabalho em equipa”, e, através dele, convocar, para Setembro, reuniões destinadas aos professores interessados em coordenar esforços na implementação dos novos currículos e nas iniciativas de carácter extracurricular.

A Assembleia permitiu ainda que fosse eleita a segunda Comissão Coordenadora, para o biénio 1992-94, constituída por: Ana Baltazar e Ana Fialho (ES do Fogueteiro, actual ES Manuel Cargaleiro), Fernanda Coelho (Escola Preparatória de Corroios, actual EB de Corroios), Filomena Teles (ES Anselmo de Andrade), José Tomás (ES Nº 1 do Laranjeiro, actual ES Rui Luís Gomes), Margarida Junqueira (Pólo Minerva da Faculdade de Ciências e Tecnologia), Mirita Sousa (ES Nº 1 de Corroios, actual ES João de Barros) e Patrícia Cascais (ES Nº 2 do Laranjeiro, actual ES Francisco Simões).

Comentários

A conversa a que foi dado o misterioso nome «20 Hipóteses para 3 Espaços» foi organizada assim: os participantes organizaram-se por grupos; cada grupo sentou-se numa mesa própria; cada mesa dispunha de três folhas subdivididas em três colunas; só as colunas da esquerda, sob a designação «OBSERVAÇÕES», estavam preenchidas com rectângulozinhos, dentro dos quais estava escrita uma frase; sobre cada mesa havia também uns chocolatinhos, estando escondidos debaixo deles outros rectângulozinhos, recortados, cada um deles com uma frase escrita; quando os participantes descobriam os rectângulozinhos que estavam debaixo dos chocolates, os organizadores explicavam que as frases eram «POLÉMICAS» e que deveriam ser colocadas nas colunas do meio, de modo a fazerem sentido com as frases vizinhas chamadas «OBSERVAÇÕES»; e assim podiam conversar uns com os outros e construir as suas próprias frases, chamadas «HIPÓTESES», e escrevê-las nas colunas da direita …

Os organizadores levavam «16» HIPÓTESES preparadas (não me lembro por que razão se anunciavam «20»), pelo que o importante era o debate, a partir de «factos» (as «OBSERVAÇÕES») e de «questões» (as «POLÉMICAS») …

Os participantes construíram quatro HIPÓTESES (talvez os grupos tenham sido quatro), transcritas a seguir (não me recordo de «quem escreveu o quê»):

Projectos significativos devem partir da área da Matemática e atrair a si outras áreas. Um tal projecto pode ter origem na sala de aula, espalhar-se para outros espaços – clubes, Centros de Recursos -, aulas de outras disciplinas, etc.. Será uma antevisão de uma escola do futuro.
Ex.: Descobrimentos e Matemática.


Os espaços extra-curriculares existentes – Centros de Recursos, clubes – podem e devem também ter um papel importante quer de resposta e viabilização dos Projectos que tiveram origem na sala de aula, quer provocando eles próprios «desafios» que poderão ou não chegar até à sala de aula.

Deveremos sonhar com a Escola do Futuro; e quando precisarmos de tomar decisões sobre coisas concretas, hoje, perguntarmo-nos de que modo estaremos a caminhar para ela.

A atitude do corpo docente deve ser a de simultaneamente tomar a iniciativa nas Escolas e exigir condições.

Gosto particularmente da terceira destas hipóteses, porque estabelece uma ligação entre o «futuro» e o «presente» e porque acho que nos 50 anos que nos separam do 25 de Abril os professores falharam em estabelecer essa ligação (irei retomar esta tese em vários dos próximos testemunhos).


Eis o modo como os organizadores tinham imaginado ligar as três colunas:




Penso que esta incursão das gentes da margem Sul na nova sede da Associação de Professores de Matemática foi a sua primeira intervenção pública com um carácter proto-teorizador, não se limitando ao que era estritamente profissional, antes associando, numa única intervenção, todos os aspectos que importava a um professor de Matemática pensar naqueles anos.


O 2 Encontro Regional de Professores foi particularmente duro para mim (mal me recordo do que se passou nele): o meu pai estava terminalmente doente, eu acompanhava-o e ele faleceu no dia 13 de Julho.
Ninguém é profissionalmente imune à sua vida pessoal.


Fontes: Pedro Esteves / Arquivadores analógicos Núcleo Um (Doc.s 14, 15 e 17) e APM Três (Doc.s ……, ……, ……, …… e ……) / Actas do 2º Encontro Regional de Professores

[058] Projectos ligados à Matemática nas escolas de Almada e Seixal (balanço em 1991-92)

Memórias

O grupo de professores estudado na minha tese de mestrado tinha como um dos seus contextos de acção as escolas dos concelhos de Almada e Seixal. Por isso procedi, entre outras recolhas, ao levantamento dos projectos ligados ao ensino e aprendizagem da Matemática (a disciplina em causa) que aí estavam em curso.
As iniciativas que identifiquei estão a seguir ordenadas alfabeticamente por escolas (e, dentro destas, por ano lectivo).


Escola Preparatória da Amora (actual Escola Básica Pedro Eanes Lobato)

1991-92

A Celeste Ganço e a Maria José Marques criam, na Biblioteca da escola, um espaço tipo Ludoteca, onde os alunos dispõem de jogos e de desafios.


Escola Preparatória de Corroios
(actual Escola Básica de Corroios)

1991-92

É criado um Clube de Jogos Matemáticos, “numa perspectiva do complemento curricular e a título experimental”. Funciona com o apoio de sete professores, que garantem uma hora semanal para cada um dos 5 grupos de alunos do 6º ano inscritos; os alunos preferem utilizar os “materiais manuseáveis” (quebra-cabeças com fósforos, Tangram) aos passatempos com “o lápis e o papel”. Foram organizados campeonatos de jogos de reflexão. E o Clube editou, com o apoio da Associação de Pais, uma colecção de cartas com «Quebra-cabeças com Fósforos», que pensam vender como forma de auto-financiamento.

As regras, o primeiro e o último quebra-cabeças desta colecção

Segundo uma das professoras, a Fernanda Coelho, “Acreditamos que os passatempos, problemas e quebra-cabeças seleccionados são motivantes para os alunos e lhes permitem desenvolver capacidades contempladas nos currículos de Matemática, embora por caminhos diferentes”; para a Escola, “esta experiência poderá vir a ter reflexos na própria área curricular, não só pela relação criada com os alunos como pelo aproveitamento de estratégias e materiais utilizados no clube”; “A natureza e a classificação dos jogos, a sua relação com a Matemática, o interesse da sua integração nas aulas, a comunicação de estratégias e de soluções, são algumas questões que se levantaram ao longo deste trabalho”, sendo também de destacar o “interesse que os jogos podem suscitar em professores de outras disciplinas ...


Escola Preparatória da Cova da Piedade
(actual Escola Básica Comandante Conceição e Silva)

1991-92

Por decisão dos professores de Matemática é criada uma Janela da Matemática, com os objectivos de motivar os alunos para a Matemática, sob aspectos diferentes do habitual, e de a mostrar à Escola. O recurso a um expositor resultou de não haver na escola “condições físicas e humanas” para “assegurar o funcionamento de uma sala” para actividades extracurriculares; o conteúdo afixado no expositor é renovado de mês a mês e inclui “Matemáticos portugueses célebres, História do mês, Curiosidades e Problemas”; os alunos também participam, “inclusivamente recolhendo e levando para a Escola problemas”, bem como os professores de Educação Visual e de Trabalhos Manuais.

No Nº 1 do «Boletim Informativo» do Núcleo Regional da APM
esta «Janela» aparece desenhada assim (já que não havia uma fotografia)


A Teresa Nascimento, uma das promotoras desta «Janela», foi uma das autoras do MATlab interescolas.


Escola Preparatória Elias Garcia (actual Escola Básica Elias Garcia)

1991-92

É criado um expositor e organizado um armário com materiais dedicados à Matemática.


Escola Primária Nº 2 do Laranjeiro (actual Escola Básica Nº 2 do Laranjeiro)

1988-92

Integrada numa larga rede de Escolas Primárias, cada uma com um ou dois Professores, a Nº 2 do Laranjeiro está envolvida no projecto Ensinar a Investigar.
Os seus principais dinamizadores utilizam o método global / natural (oposto ao mais comum analítico / sintético) e têm apoio do Ministério da Educação (os novos currículos do 1º Ciclo, acabados de ser generalizados ao 1º ano de escolaridade, inspiraram-se nesta experiência).


Escola Secundária Anselmo de Andrade

1990-91

A professora Ana Paula Natal faz uma experiência de produção de materiais para o ensino e aprendizagem da Geometria do 7º ano, e de utilização nas suas aulas, designando-a por Materiais na Geometria do 7º ano.

O projecto Novas Tecnologias no Ensino da Matemática, da responsabilidade do Sérgio Valente, foi implementado a “dois níveis: a) com os alunos (utilização do computador na sala de aula e em propostas de trabalho de grupo); b) concepção, em colaboração com o Pólo do Projecto Minerva da Faculdade de Ciências e Tecnologia, de software específico para esta disciplina”.
São usados os programas Microcalc e Logo, em turmas normais do 11º ano, com 30 Alunos e metodologia de trabalho de grupo. No debate que se seguiu à apresentação deste trabalho no 1º Encontro de Professores de Matemática, organizado pelo Núcleo A. P. M. de Almada e Seixal, o Sérgio disse que “depois do trabalho no computador fazia sempre o feed-back e que este ano houve pessoas que pegaram nas fichas deles e as reformularam o que acha positivo”; depois, lançou a questão sobre se é preferível utilizar apenas um computador na sala de aula, com o Professor centrando em si a discussão, mais ou menos aberta, ou se seria melhor, havendo mais do que um computador na Sala, deixar os Alunos experimentarem os programas.

O projecto A viagem num mundo em transformação (de Eratóstenes a Pedro Nunes), das estagiárias Cristina Neto, Joana Guerreiro e Patrícia Cascais, apoiadas pela sua orientadora, a Filomena Teles, desenvolveu-se com os alunos do 8º ano, fora do espaço aula, não tendo havido preocupação com os conteúdos programáticos, apenas com as “noções” necessárias para a realização do trabalho (“ângulos, triângulos, polígonos, quadriláteros, proporções, semelhança de triângulos, Teorema de Thales”). No debate que se seguiu à apresentação deste trabalho no 1º Encontro de Professores de Matemática organizado pelo Núcleo A. P. M. de Almada e Seixal, a Patrícia reconheceu que “foi complicado e levou muito tempo, fins de semana, noites, etc.”, apesar de, como estagiárias, terem trabalhado “em condições especiais”, “em grupo, com menos turmas”.

É criado o Clube da Matemática, no qual colaboram a Ana Paula Natal e a Lídia Lourenço, tendo cada uma 2 horas semanais extra correspondente a horário lectivo. “Nesse espaço são construídos materiais de suporte a jogos e puzzles.” Um das horas da Lídia “é dedicada à resolução de problemas.” Uma das suas alunas, que frequentava este Clube, a Joana, ganhou as Olimpíadas de Matemática, por “mérito da aluna”, mas tendo o Clube “uma importância enorme na motivação e desenvolvimento do raciocínio matemático na resolução de problemas.”

1991-92

É realizada, com “resultados animadores”, Uma experiência interdisciplinar (Física-Matemática), “com alunos” de uma turma do 12º ano comum à Luísa Lopes e ao Sérgio Valente.
No 2º Encontro de Professores de Matemática organizado pelo Núcleo da A. P. M. de Almada e Seixal os autores afirmaram: “Pensamos que se deve dar aos alunos pelo menos uma oportunidade de contactarem com uma situação deste género. Para além do carácter interdisciplinar da experiência, é uma visão da matemática e da ciência em geral que está em jogo.”

É aberta uma Sala, designada Projecto MATlab, a utilizar “livremente pelos alunos”, para “a realização de actividades e para a exploração de desafios de carácter matemático (em sentido amplo)”. Começou a ser apetrechada com materiais, com o apoio financeiro do MATlab inter-escolas, de que a sua coordenadora, a Filomena Teles, é uma das autoras.
É aí realizada uma final interna das Olimpíadas da Matemática.


Escola Secundária da Cova da Piedade (actual Escola Secundária António Gedeão)

Antes de 1991-92

O grupo de Matemática organiza Concursos Inter-turmas, com questões de cultura geral e, também, de Matemática.

1991-92

Ao comemorar o “Dia da Matemática” no dia 9 de Abril, o Cantinho da Matemática foi inaugurado numa sala que, no ano seguinte, viria a ser reservada para este projecto. Nela se disponbilizavam jogos (alguém afirmou que esta Sala «até parece um casino») e materiais ligados à Matemática.
Os autores deste projecto começam a participar nas reuniões do MATlab interescolas (oficiosamente, pois não tinham sido dele autores).


Escola Secundária Emídio Navarro

Desde 1983 (ou 1985) até 1991-92

A Rita Vieira criou a Sala de Tempos Livres. Esta sala teve o apoio de uma funcionária e ajudou a completar o horário a professores de outras disciplinas, ao abrigo do artigo 20.
A Rita não se lembra de ter aberto esta Sala com intenção de a ligar às aulas, pretendendo, possivelmente e apenas, ocupar os miúdos, dar-lhes algo interessante para fazer; essencialmente, tratava-se de uma Ludoteca, que apoiou “O Problema da Semana”, o “Dia da Matemática”, a intervenção da Matemática na “Semana da Escola”; e que, durante alguns anos, albergou os TIMEX´s para uso dos alunos, e também uma mini-Biblioteca e o Clube de Filatelia, mantendo ligações transversais, através da sua coordenadora, ao Projecto Minerva, ao concurso “Problemas Via Telemática” e ao Laboratório de Meteorologia da Escola; foi ainda base de apoio para intervenções de divulgação noutras Escolas.
A Rita Vieira foi uma das autoras do MATlab interescolas.

1988-89

O Projecto GEODA foi uma experiência de ensino da Geometria em turmas do 7º ano, que envolveu o Ludgero Leote e a Rita Vieira, que utilizou o programa “Autosketch” e que esteve ligada ao Projecto Minerva, sendo inspiração para os projectos posteriores ligados ao Núcleo A. P. M. em Almada e Seixal.


Escola Secundária Nº 1 de Corroios (actual Escola Secundária João de Barros)

1991-92

Em 1990-91, numa reunião dos professores de Matemática destinada a analisar o insucesso escolar na sua disciplina, foi considerado que as “causas” deste se encontravam no «mito» associado à Matemática, nas reprovações consecutivas, no excessivo número de alunos por turma, na heterogeneidade de conhecimentos presente na mesma turma, na falta de hábitos de trabalho, na inadaptação dos programas, no não cumprimento destes nos anos anteriores, na falta de tempo para os professores trabalharem em conjunto e na indisciplina dos alunos.
Como consequência, no fim desse ano lectivo a Doroteia Costa e a Mirita Sousa redigem o Projecto da Matemática da Escola Secundária Nº1 de Corroios, pensado para três anos, ao longo do 3º Ciclo de escolaridade, para que os alunos desmotivados em relação à Matemática (nomeadamente por terem repetências sucessivas nesta disciplina) desenvolvam as suas capacidades e atitudes (construindo o “seu próprio saber”, com o seu “ritmo pessoal” e ganhando “maior confiança em si próprios”). Propõem que se utilize o trabalho de pesquisa, de grupo e de projecto, as visitas de estudo e a exposições, a comunicação oral, os jogos educativos, os materiais manipuláveis, as máquinas de calcular e os computadores.
E propõem a separação dos “alunos com sucesso em Matemática” dos “alunos desde sempre desmotivados na Matemática (com repetências sucessivas na disciplina)”, para se concentrarem nestes últimos, de acordo com “um programa no sentido do desenvolvimento das suas capacidades e atitudes”, de modo a eles construam o “seu próprio saber”, ao seu “ritmo pessoal” e ganhando “maior confiança em si próprios”.
No balanço feito no fim do primeiro deste projecto, durante o 2º Encontro de Professores de Matemática organizado pelo Núcleo da A. P. M. de Almada e Seixal, as autoras referem que os alunos com menor dificuldade nesta disciplina trabalharam com o “currículo normal” e “um pouco ao nível da investigação, circunscrita aos temas História da Matemática, Geometria e Pavimentações, enquanto que os alunos com mais dificuldades puderam, frequentemente, “escolher o tema e o material para trabalharem”, usaram, “exaustivamente […] os computadores e os materiais manipuláveis”, foram particularmente acompanhados no que respeita à “organização dos cadernos diários”, tendo sido todos classificados com o nível “3”, apenas com diferenças qualitativas expressas numa “grelha de observação”.

Já tinha havido nesta escola o Clube de Matemática, mais tarde transformado em Clube de Ciência, que a seguir se dividiu de tal modo que os Professores de Matemática ficaram sozinhos, com a “sala de jogos”. A dada altura de 1991-92 esses professores começaram a participar oficiosamente nas reuniões do MATlab interescolas.


Escola Secundária Nº 1 do Laranjeiro (actual Escola Secundária Rui Luís Gomes)

1989-90

O
José Tomás (quando estava na Nº 2 do Laranjeiro) e a Palmira Barroso implementam uma experiência pedagógica no 7º ano, que designam por Geoplano. Constroem geoplanos, com a colaboração dos alunos, e produzem uma planificação geral e 14 fichas de trabalho.

Este foi um dos projectos que inspirou o AlterMATivas interescolas.

1990-91

A partir de uma preocupação comum de professores de Matemática, Português e Francês, a “necessidade de em determinados momentos da aprendizagem agrupar os alunos e envolvê-los em actividades diversificadas de modo a possibilitar-lhes um acompanhamento mais individualizado, consoante as dificuldades e respeitando os seus ritmos de trabalho”, é implementado o Projecto «Mais uma Proposta para o Sucesso» em 3 turmas do 7º ano com horários coincidentes naquelas disciplinas, permitindo a “rotatividade dos alunos ao longo do ano”.
Na opinião de 6 dos Professores envolvidos, apresentada no 1º Encontro de Professores de Matemática organizado pelo Núcleo da A. P. M. de Almada e Seixal, “Foi uma aposta contra o cepticismo reinante”, pois “é necessário inventar, recriar sempre algo de diferente para os nossos alunos”.

1991-92

É realizado um “projecto” intitulado Descobrir a Geometria com o CABRI-Géomètre, tendo como “dinamizadoras” a Ana Teresa Mateus e a Palmira Barroso, com o apoio da Margarida Junqueira, sendo concretizado com uma turma do 9º ano, da Ana Teresa, dividida em duas metades de 12 alunos, que alternam na utilização do programa CABRI e na resolução de outros problemas sobre o mesmo tema, com materiais tradicionais.

É inaugurado o Clube de Jogos, um espaço destinado a funcionar como sala de jogos, estando envolvidos nele 4 professores, um deles com 2 horas de redução de serviço lectivo para a dinamizar; alguns alunos ajudam no arranjo da sala e no arranque das actividades.
O José Tomás, coordenador deste espaço, e a Palmira Barroso foram dois dos autores do MATlab interescolas.


Escola Secundária Nº 2 do Laranjeiro (actual Escola Secundária Francisco Simões)

1991-92

Os professores de Matemática organizaram, durante a Semana da Escola (1 a 5 de Junho), uma sala onde os alunos puderam “«jogar», «pensar» e divertir-se com jogos, problemas, puzzles e labirintos”.


Escola Secundária Nº 1 do Seixal (actual Escola Secundária José Afonso)

1988-92

Em 1991-92 a Sala de Dinamização Cultural foi equipada pelo Pedro Esteves com jogos de reflexão, puzzles e desafios matemáticos; a primeira actividade pública, durante a recepção aos novos alunos da Escola, é uma exposição intitulada “A Outra Face da Matemática”; é comemorado o Dia Mundial do Xadrez, em 19 de Novembro (o que se repetirá nos anos seguintes), e realizado o 1º Campeonato de Xadrez da Escola; neste ano o Xadrez está associado ao Núcleo do Desporto Escolar e a escola é a principal organizadora e sede de realização do 1º Torneio de Xadrez Interescolas do Concelho do Seixal. Com uma funcionária própria, esta sala também teve, durante o 2º e o 3º períodos, a colaboração de mais dois professores de Matemática e, para a fabricação de vários jogos e quebra-cabeças, a de diversos alunos.
Em 1990-91 esta sala, além de ser uma Ludoteca, começa a integrar actividades de Laboratório de Matemática; é nela iniciada a produção sistemática de materiais de apoio (jogos, puzzles, problemas, labirintos, desafios matemáticos, ...) e a edição de um boletim informativo; e estabelece-se uma ligação ao Projecto Viva a Escola, e, em 1991-92, ao MATlab interescolas (de que o Pedro Esteves foi um dos autores) e ao Clube Recreativo e Desportivo das Cavaquinhas.

1989-90

Realizada uma experiência pedagógica, pelo Pedro Esteves, intitulada Projecto AlterMATivas (outro dos projectos que inspirou o AlterMATivas interescolas). Prevista inicialmente para 4 anos (primeiro ano, turmas do 7º ano deste professor; segundo ano, turmas do 8º e 10º; terceiro ano, turmas do 9º e 11º; quarto ano, turmas do 12º), o plano foi alterado com a integração no projecto comum com as outras escolas.
Tinha como “objectivos: inovação de metodologias, produção de materiais, animação do colectivo de professores de Matemática da Escola, divulgação para o exterior, reflexão, eventualmente investigação“; foram produzidas algumas fichas de trabalho para utilização pelos alunos das turmas do 7º ano.


Comentários

Todos os projectos destinados a fomentar actividades extracurriculares que foram acima descritos envolveram-se no Projecto MATlab (interescolas), ou oficialmente (através dos autores deste), ou oficiosamente (participando, a partir de dada altura, nas reuniões, que para o permitirem se tornaram abertas). O mesmo já não sucedeu com o Projecto AlterMATivas, que se manteve em exclusivo nas mãos dos seus autores, embora tenha sido pródigo em deixar pistas para que outros professores o pudessem diversificar.

No quadro seguinte, que agrupa esses projectos, se são patentes pequenas iniciativas pioneiras, é sobretudo evidente a explosão de iniciativas que se verificou após 1989-90, ano em que foi fundado o Núcleo da A. P. M. em Almada e Seixal. Terá pois sido o associativismo o factor decisivo na enorme expansão dos projectos relacionados com a Matemática nas escolas desta região:



Fontes: Pedro Esteves / Arquivador digital Tese de Mestrado (Doc. T005) / Caixa com materiais do Núcleo (QUEBRA-CABEÇAS COM FÓSFOROS)