O Conselho Pedagógico atribuiu a coordenação da 1ª Semana da Escola a um Secretariado, composto pela Fátima Teixeira, pelo Henrique Oliveira, pelo José Fernando, pelo Luís Rosado, Santos, pela Paula Viegas e pela Stela (mais um membro da Comissão de Finalistas). Diversos grupos disciplinares nela integrado a sua própria «semana» nesta semana comum: Biologia, Educação Física, Filosofia, Física-Química, Francês, Geografia, História, Inglês, Mecanotecnia e Secretariado. Além de todos participarem nas outras facetas da sua concretização.
Foi previsto que a Educação Física organizasse torneios de Jogos Colectivos inter-turmas (2 dias) e de Jogos Tradicionais (1 dia), além de competições de Voleibol e de Futebol para professores (1 dia);
… que houvesse: uma Feira do Livro e do Disco, no Ginásio pequeno (com contribuições de Francês, Inglês, Matemática, Português e Religião e Moral); mostras de filmes (Religião e Moral e Videoteca); representação de uma peça de teatro («A Barca do Inferno»); inauguração da «Rádio SOS» e da «TV3D»; desfiles (de moda; de animais de estimação); visitas de estudo (Biologia, ao Jardim Zoológico, e Religião e Moral); exposições com trabalhos dos alunos (Inglês e Religião e Moral); acções de sensibilização, pelo Gabinete de Formação Vocacional; um quiosque para venda de doçaria britânica (Inglês); jogos e quebra-cabeças (Sala de Dinamização Cultural);
… e que fossem realizadas algumas sessões em salas de aula ou em oficina (um vulcão em actividade; um Renault 21 Turbo em demonstração; etc.).
O calendário era ambicioso: os dias 7, 8, 9 e 10 de Março (de 4ª feira a Sábado), começando com a inauguração e terminando com a distribuição de prémios (aos participantes nos Torneios Interturmas e nos Jogos Tradicionais, no Concurso Literário, nas eliminatórias das Olimpíadas de Matemática e no 2º Torneio de Xadrez).
A regra para a participação das turmas diurnas era simples: em cada dia, cada turma escolhia uma manhã ou uma tarde.
Eis duas fotografias que tirei no dia 8 de Março:
A promoção dos livros que o grupo de Matemática colocou à venda na Feira do Livro (pensando tanto em alunos como em professores) mereceu-me este cartaz:
No dia 14 de Março o Conselho Pedagógico, fazendo o balanço
da «Semana», interrogou-se sobre como favorecer um “«salto
qualitativo» das actividades da Escola”, através de “condições para a
ultrapassagem pelos alunos do estádio elementar de participação (ver; curtir;
descansar; prazer, já)”, o que também não estava “nada claro na preocupação dos
docentes”. Quanto aos alunos da noite, acrescentou-se, “não manifestaram
qualquer interesse” por estes quatro dias fora do habitual.
A Secção Pedagógica
soube, na sua reunião de 21 de Março, que a Inspectora se queixara ao Conselho
Directivo pelo tempo que levava a procurar o que pretendia nas actas dos
Conselhos de Turma (CTs); e que o CD decidira que as actas deveriam ter todas a
mesma estrutura, a fim de facilitar a sua consulta. Ora a Secção Pedagógica já
o propusera, com o intuito de todos os CTs abordarem os temas essenciais, proposta
que o CD não aceitara. Escrevi nas minhas notas que “a evolução dá-se em função dos interesses da Inspecção, o que
significa: as tendências normalizantes
estão determinando em força o que se passa nas Escolas.”
Soube-se também nesta reunião que apenas o Projecto AlterrMATivas entregara ao
CD o seu plano de trabalho (todos os projectos tinham sido solicitados a
fazê-lo).
A Sala de
Dinamização Cultural esteve activa nos três principais dias da
Semana da Escola.
No dia 7 de Março realizou-se aí o 2º Pentatlo de Quebra-cabeças, com estrutura
semelhante à do 1º; participaram 2 alunos do 9º ano, saindo vencedor o Sandro Matos.
No dia 8 foram experimentados o «Scrable» e o «Mathable», por quatro
professores de Matemática (Manuela Fernandes, Mário Rosa, Pedro Esteves e Ricardo
Mesquita) e pelo Sandro Matos.
E no dia 9 houve a Oficina de Jogos: o Ricardo Mesquita e o
Pedro Esteves fabricaram «Geoplanos» e o Sandro Matos fabricou um «Tangram» e
um «6 Cores (o entusiasmo deste aluno era tanto que, depois de terminadas as
aulas do 2º período ainda fabricou um «Circuito Fechado», um «Soma-Cubo», um
«Boxe», um «Isola» e um «Teeko»).
A partir de 12 de Março a Dona Carolina foi substituída pela Dona Francisca
Mariana, dado o fim do contrato da primeira
Sem grande jeito antropológico, fiz algumas observações (não participantes) ao
quotidiano desta Sala. Entre outras coisas, escrevi: “Há
alunos que frequentam a Sala durante 1-2 horas, jogando, estudando; estes são
normalmente calmos; os momentos piores vivem-se nos intervalos das aulas;
começa por haver uma irrupção massiva de alunos, barulhentos e cheios de
dinâmica; a Sala enche-se, há ruído, gritos e, nalgumas mesas, conflitos;
parece que esta Sala é preferível à tradicional Sala de Convívio, vizinha,
associada ao Bar”.
Comentários
Nos anos lectivos anteriores tinha sido identificado o problema provocado pelas
muitas «semanas de disciplina» realizadas no 3º período, com o intuito de
mostrarem as potencialidades do que leccionavam, mas também para que os
professores em formação inicial tivessem mais uma oportunidade de «apresentar
trabalho» aos seus avaliadores. A Semana da Escola parece ter sido uma solução
para evitar o caos provocado na escola por essas desencontradas «semanas», integrando-as
em «uma só semana». Assim, mais do que uma medida pensada com intuito
«pedagógico», a opção pela Semana da Escola nasceu como uma medida
«organizativa». No Conselho Pedagógica», como se viu, houve um sobressalto para
se ir mais longe, mas sem muito sucesso.
A fotografia em que aparecem dois alunos sobre «andas» foi publicada na página
1 do nº 26 do jornal «Nova Maré» (datado de Maio de 1990).
A dúvida que formulei em relação ao que se passara no ano lectivo anterior (testemunho
«030»: estaria o espírito desta Escola, no final da década de 1980, em
transição do «colectivo» para o «individual»?), estava a ter, este ano, tanto
uma resposta negativa (se considerarmos a realização da 1ª Semana da Escola), como
afirmativa (se olharmos para o isolamento e para a não comunicação entre os diversos
projectos pedagógicos).
No entanto, era necessário acrescentar a esta ambiguidade uma outra: o notável
contraste entre a alegria expressa nas «festas de escola» e as pouco animadoras
notícias acerca «trabalho lectivo».
Na Oficina de Jogos foi proposto um «contrato» aos alunos que quisessem
fabricar jogos e quebra-cabeças: a Sala de Dinamização Cultural fornecia o
material (cubos de madeira, placas de vinil, letras de decalque, películas
transparentes, X-atos, cola, etc.) e os alunos fabricavam dois exemplares daquilo
em que estavam interessados, um para quem fabricasse, outro para a Escola. Foi
com esta condição que o Sandro Matos fabricou, com o meu apoio, alguns dos
jogos e quebra-cabeças que depois seriam usados por dezenas de outros alunos na
Sala de Dinamização Cultural.
Fontes: Pedro Esteves / Arquivador
analógico ESJA Dois (Doc.s 62, 81, 100 e 104) / Álbum de fotografias analógicas ESJA Dois
(F26, F29 e F30) / Envelope com exemplares do jornal «Nova Maré» (nº 26, pp.
1-2) / Arquivador digital Tese de Mestrado (4EXPR64)
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