[080] Como eram organizados os Interescolas de Jogos de Reflexão: o exemplo de 1993-94

Memórias


O IIº Torneio Interescolas de Almada e Seixal foi realizado nos dias 7 e 8 de Maio de 1994, na Escola Preparatória de Corroios.

A organização foi assumida pelos professores envolvidos no Grupo Extracurricular do projecto InterMAT (ver testemunho «079») e a preparação começou no final do 1º período lectivo: definiram-se, provisoriamente, as datas (para as inscrições e para o evento), o local de realização, as modalidades e o tipo de equipas, a divulgação às escolas, as entidades a quem iríamos solicitar apoios (transportes, material de jogo, prémios, vendas) e as actividades que estariam disponíveis para quem não estivesse a jogar; e atribui-se a coordenação ao Fernando Camejo, ao Gastão Cristelo, à Mirita Sousa e ao Pedro Esteves (pertencíamos a quatro escolas diferentes, uma Básica e três Secundárias). Ficou combinado retomarmos este assunto na reunião do Grupo prevista para Janeiro.

As datas definitivas escolhidas foram os dias 7 e 8 de Maio, um Sábado (de manhã) e um Domingo (de tarde), pois nos pareceu que o 3º período lectivo seria mais adequado para os alunos (já um bocado cansados de estarem fechados nas suas escolas). E o local escolhido foi a Escola Preparatória de Corroios (tal como então se designava), que tinha gente no Grupo Extracurricular: teríamos o Refeitório, a Sala dos Alunos e o espaço que  ligava o primeiro à segunda.

Com o aproximar do evento surgiram os desafios de pormenor, o que implicou envolver mais gente: a coordenação geral ficaria a cargo do Cristelo (estaríamos na sua escola), que também assumiria as responsabilidades de contactar a imprensa local e de, com dois colegas da escola, organizar as duas simultâneas que prevíramos; a Mirita prepararia os diplomas e as lembranças e, com a Doroteia Costa, trataria dos lanches para os participantes (estes eram muito jovens e precisavam de se reabastecer a meio da manhã e da tarde); eu trataria de obter o material de jogo e de produzir as tabelas para cada competição; e a Rita Vieira e a Teresa Nascimento cuidariam dos aspectos interculturais envolvidos na actividades paralelas ao Interescolas.
A cargo dos responsáveis de cada escola participante ficaria o envio da lista dos alunos que constituíam as equipas, para o respectivo Conselho Directivo, de modo a que fosse accionado o Seguro Escolar.
Conforme o número de equipas inscritas nas cinco modalidades escolhidas (Abalone, Damas, Quatro em Linha, Othelo e Xadrez), separando (se possível) o 2º Ciclo, o 3º Ciclo e o Secundário, preparar-se-ia a competição, ou pelo sistema de «todos contra todos», ou pelo sistema «suíço» (no qual cada um vai jogando com quem tem mais ou menos o mesmo número de pontos).
Os materiais de jogo seriam emprestados pelas Escolas Preparatórias de Corroios e da Cova da Piedade, pelas Escolas Secundárias Emídio Navarro e José Afonso e pelo Núcleo da Associação de Professores de Matemática em Almada e Seixal.
E o transporte das equipas seria assegurado pelas respectivas Câmaras Municipais.

Dois princípios que sempre se mantiveram nos Interescolas foram o de a competição ser «por equipas» (de modo a evitar os excessos de individualismo) e o de as lembranças serem iguais para todos os participantes (sem distinção da classificação obtida pelas suas equipas).

Decidimos ainda que seriam convidados para conduzirem simultâneas os professores Jorge Fernandes (em Damas) e Fernando Costa (em Xadrez), sendo oferecido a cada um, pela sua gentileza, um jogo de Abalone (tínhamos algum dinheiro para isso, proveniente do InterMAT).
E à disposição de quem os quisesse usar estariam, vindos da Secundária José Afonso, um Maxi Xadrez, um  Mini Xadrez, um tabuleiro de Damas internacionais (tem 10 x 10 casas), e vários jogos tradicionais: o Kono (Coreia), o Vacas e Leopardos (Sri Lanka) e o Dara (Nigéria).

Antes de se iniciarem as actividades do primeiro dia, o Cristelo apresentou os espaços aos participantes, apelou ao silêncio durante o curso dos jogos e das simultâneas e explicou as regras da utilização do Bar e da entrega dos lanches, dos diplomas e das lembranças.
E eu expliquei que, durante os jogos, a comunicação do resultado de um jogo, bem como qualquer problema que surgisse, deveria ser assinalados ao respectivo árbitro por um braço no ar; que no fim de cada jogo as peças deveriam ser arrumadas na posição inicial; e que quem terminasse um jogo deveria aguardar que o árbitro chama-se todos os participantes para a próxima partida.


Um jogo de Mini Xadrez a ser experimentado

Foram 37 as equipas que participaram nos cinco torneios.
No primeiro dia disputaram-se as modalidades de Abalone, de Othelo e de Xadrez, com a simultânea de Damas a decorrer em paralelo. Eis um pequeno resumo do que aconteceu:

ABALONE:
A arbitragem esteve a cargo do Fernando Camejo. E as equipas foram divididas em dois grupos (adoptando em ambos o sistema «todos contra todos»), um com as quatro equipas do 2º Ciclo e o outro com as cinco equipas do 3º Ciclo. No primeiro venceu a equipa da Preparatória da Cova da Piedade. No segundo venceu a Secundária da Cidadela, tendo a equipa da José Afonso, constituída por Ricardo Costa (7º F), Nelson Santos (9º A), Zenildo David (8º G) e Nuno Costa (7º H), ficado em segundo lugar.

OTHELO:
Arbitrado pela Mirita Sousa, foi disputado num só grupo, «todos contra todos», por três equipas, uma do 2º Ciclo e duas do 3º Ciclo, vencendo a da José Afonso, com Peter Sousa (8º C), João Álvaro (8º G), Emanuel Pedrosa (8º C) e Amândio Felício (9º A).

XADREZ:
Juntando num único grupo uma equipa do Secundário, cinco do 3º Ciclo e três do 2º Ciclo (mas uma das equipas inscritas não compareceu), este foi o único caso em que o sistema adoptado foi o «suíço», disputado em quatro jornadas. Nas duas primeiras posições ficaram as equipas da Emídio Navarro (a única do Secundário e a melhor do 3º Ciclo), tendo a primeira equipa do 2º Ciclo (Preparatória de Corroios) ficado em quarto lugar. A da José Afonso quedou-se pelo quinto, com Júlio Costa (1º G nocturno), Nuno Sobreiro (9º A), Ivan Michel (9º A) e José Tavares (9º A).



A equipa do Secundário da Emídio defrontando uma equipa do 3º Ciclo

A ficha de registo de resultados deste torneio, já preenchida, foi esta:

Os números dentro de uma circunferência designam a equipa defrontada

No segundo dia disputaram-se as Damas, o Quatro em Linha e a simultânea de Xadrez.

DAMAS:
Voltei a  ser o árbitro, agora com um sistema «todos contra todos», disputado por sete equipas (três do 3º Ciclo e quatro do 2º Ciclo). Foram vencedores: a Secundária Nº 1 de Corroios e, como melhor equipa do 2º Ciclo, a Preparatória da Amora, em terceiro lugar na classificação geral. A José Afonso ficou em segundo lugar, com José Silvestre (7º G), João Álvaro (8º G), Peter Sousa (8º C) e Júlio Costa (1º G nocturno).

QUATRO EM LINHA:
Com arbitragem da Mirita Sousa, foram formados dois grupos, um com quatro equipas do 2º Ciclo e outro com com cinco do 3º Ciclo (tendo uma delas um aluno do Secundário). Venceram, respectivamente, a Preparatória da Amora e a Secundária António Gedeão. A José Afonso, com Amândio Felício (9º A), Nelson Santos (9º A), Ricardo Costa (7º F) e Ivan Michel (9º A), ficou em quinto lugar no seu grupo.

Dois periódicos regionais publicaram informação sobre este Interescolas, um anunciando o evento, outro divulgando os resultados:

Os resultados Intrescolas também foram divulgados no «Nova Maré», Nº 33

Comentários

Sob o ponto de vista dos professores envolvidos no Grupo Extracurricular, pode dizer-se que, ao ajudarem a organizar e a concretizar o Interescolas, também aprenderam aspectos dos jogos e da organização de competições que ainda não dominavam. E, para alguns, foi uma forma de colocarem em comum aprendizagens que já tinham feito e da as ampliar das as circunstâncias novas em que as usavam e partilhavam.
Chama-se a isto eco-e-co-formação do InterMAT.

Fontes: Pedro Esteves / Arquivador de documentos analógicos ESJA Seis (Doc.s 28, 45, 50, 52 e 53) / Álbum fotografias analógicas ESJA Seis (duas fotografias da Rita [Vieira])

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