[078] Mais um ano na Ludoteca da «José Afonso»

Memórias

O ano lectivo de 1993-94 foi um pouco estranho para a Sala de Dinamização Cultural.

No ano anterior eu tinha candidatado a Ludoteca a mais um dos concursos promovidos pelo Instituto de Inovação Educacional, com o projecto Dos Desafios ao Laboratório / Como consolidar uma Ludoteca e organizar um Laboratório de Matemática. A candidatura foi seleccionada e apoiada com o montante exacto que tinha sido solicitado, 296 contos, possibilitando um grande acréscimo de recursos, tanto lúdicos como materiais, para os dois espaços a que o projecto se referia.
Este ano (ou talvez já antes) a escola decidira incluir as iniciativas dos projectos que envolviam extracurricularmente os alunos, portanto também a Ludoteca, no Viva a Escola (ver testemunho «077»). Mas já desde o ano anterior que o Conselho Directivo não conseguia disponibilizar uma funcionária para trabalhar na Sala de Dinamização Cultural, onde a Ludoteca sempre funcionou, pelo que ela esteve fechada durante longos períodos. Não sei se como forma de resolver este problema, foi decidido que uma parte da Sala fosse utilizada como «Sala de Estudo»: tinha sido atribuído a um grupo de professores o papel de lá apoiarem os alunos que tivessem dúvidas, ou tão só quisessem aí estudar, mas isso acontecia raramente (eu analisei os registos deixados por esses professores e verifiquei que a poupança em horas de uma funcionária era largamente ultrapassada pelo desperdício em horas desses professores).
Nestas condições, 1993-94 foi um ano parcialmente perdido para a frequência regular da Ludoteca pelos alunos, apesar de as actividades que lá se realizavam serem das mais adequadas para os objectivos do Viva a Escola (houve encarregados de educação que tomaram posição contra o encerramento da Sala).
Assim, a Ludoteca foi dependendo da utilização das minhas quatro horas semanais de redução de serviço lectivo, em grande parte usadas nas tardes de Quarta-feira (para os campeonatos de escola; para o Grupo de Investigação em Matemática) e, com alguma regularidade, para iniciativas pontuais (Dia Mundial do Xadrez; preparação do Interescolas; etc.). Mas, a dada altura (não registei quando), foi colocada na Sala uma nova funcionária, a Ana Teigão, e a Ludoteca voltou voltou a ser um local animado nos cinco dias úteis da semana.

A imaginação desse bulício inspirou-me a afixar na escola, certamente no início do ano, o seguinte cartaz, como forma de lembrar aos velhos alunos e de anunciar aos novos a possibilidade de frequentarem a Sala:


Tanto a vertente «Ludoteca» como a vertente «Laboratório de Matemática» continuaram este ano a usufruir da ligação aos professores do Núcleo Regional da Associação de Professores de Matemática. Tínhamos decidido prolongar o projecto MATlab, agora como Grupo Extracurricular do InterMAT, um novo projecto sobre que falarei no próximo testemunho.

A partir do final do 1º período os Campeonatos de Escola foram realizados e os respectivos resultados afixados desta maneira na Sala:



Comentários

Faltam, no cartaz que desenhei para anunciar / lembrar a Ludoteca, os pormenores que me recordam a alegria com que via este espaço em anos anteriores.
E na informação com os resultados dos campeonatos de escola essas faltas notam-se na forma esquemática, um tanto apressada, com que a redigi para ser afixada.

Coloco hoje a hipótese de a minha ligação à Ludoteca ter começado a fraquejar após os dois, três ou quatro primeiros anos, quando tudo dependia de mim e dos alunos (tenho testemunhos de alunos, prestados a esta distância de trinta anos, que me dizem que a existência da Ludoteca foi para eles, naquela altura, muito importante).

A Sala de Dinamização Cultural, não especialmente por albergar a Ludoteca, mas sim por ser um espaço de encontro (no sentido em que há várias pessoas e ideias que entram em contacto, que decidem fazer algo e que manifestam vontade de o continuar a fazer), foi, sem qualquer dúvida, a sala mais importante a que estive ligado como professor. Era uma sala velha, com o cheiro característico dos contraplacados já muito expostos aos elementos exteriores (não havia primeiro piso), mas era a minha sala e também a sala de muitos alunos que para lá corriam, em qualquer intervalo das aulas, desde que soubessem que ela estava aberta.
Apesar de não ser uma sala de aula, era a sala de que eu mais gostava, pois também lá se aprendiam coisas, de um modo totalmente livre.

Que poderá ter começado a acontecer em 1993-94? Terá sido a intermitência da sua abertura? Ou a dispersão permanente em que eu andava?
Como é que este possível esfriamento se iria manifestar no anos seguintes?


Fontes: Pedro Esteves / Arquivador de documentos analógicos ESJA Seis (DOC.s 28, 32, 34, 39 e 47)

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