[039] O sistema educativo em 1989-90

Memórias

1989-90 foi o último ano da Escola Cultural.

Tal como nos anos anteriores, as lutas sindicais dos professores deixaram marcas nas escolas. Não me recordo das razões que estavam em causa, mas os quatro desenhos seguintes (que quase de certeza afixei na sala de Professores da Escola Secundária Nº 1 do Seixal) dão uma ideia do que se pensava acerca de quem estava do «outro lado da barricada»: o primeiro é de 1988 (representa aquilo que se esperava dos professores e as condições que se lhes não dava); o segundo e o terceiro são de 1989 (um mostra as incoerências de quem governava; o outro glosa uma frase do Ministro da Educação publicada no «Diário de Notícias»); e o último é de 1990 (refere um «aumento» salarial prometido no âmbito de uma campanha de «modernização administrativa»):









Comentários

Desconheço as razões que levaram ao encerramento da Escola Cultural. Mas em 1991, num encontro da Associação da Educação Pluridimensional e da Escola Cultural (AEPEC), o mentor da Escola Cultural, Manuel Patrício, revelou haver, após 4 anos deste projecto, 77 escolas do continente nele envolvidas, apesar do fraco apoio prestado pelo Ministério da Educação. Nesse encontro, Adalberto de Carvalho afirmou que “o projecto educativo dos alunos é que deve estar no centro da actividade escolar e não o projecto da sociedade ou da ciência.”
É possível que, sob o ponto de vista do Ministério da Educação, tenha sido preferível substituir a «Escola Cultural» pela «Área Escola», pois esta em breve entraria em vigor em vez daquela.

Como era de esperar, as divergências sobre as questões económicas eram o principal motivo das lutas sindicais. Mas também havia algum mal-estar em relação às mudanças reformistas que estavam a ser preparadas.

É possível que a grande maioria dos professores não tenha dado a atenção adequada ao Estatuto da Carreira Docente, que foi redigido «de cima para baixo». Os Sindicatos procuraram discuti-lo, mas teria sido necessário que os docentes se apercebessem mais profundamente das grandes questões que nele estavam envolvidas, em particular as formas de hierarquização que através dele se iriam começaram a introduzir nas escolas.

Fontes: Pedro Esteves / Arquivador analógico ESJA Dois (Doc.s 90, 96, 97 e 99) / Arquivador analógico Tese de Mestrado (Doc. 2)

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