No ano lectivo de 1987-88 surgiram vários anúncios de mudanças a efectuar no sistema educativo. Havia, desde 17 Agosto 1987, um novo Ministro da Educação, Roberto Carneiro, que permaneceria neste cargo até 31 Outubro 1991, na equipa do primeiro-ministro Aníbal Cavaco Silva.
Entre o fim de 1987 e o início de 1988, tendo como suporte a recentemente aprovada Lei de Bases do Sistema Educativo, o novo ministro apresentou planos para a Reorganização dos Planos Curriculares dos Ensinos Básico e Secundário (fora em função destes planos que as escolas tinham organizado o «Dia D», tal como, em relação à Secundária do Seixal, referi no testemunho «016»).
Paralelamente, o professor Manuel Patrício, da Universidade de Évora, anunciou o Projecto Escola Cultural, a iniciar no ano lectivo seguinte, com o apoio do Ministério da Educação (na Secundária do Seixal o Conselho Directivo abordou em pelo menos duas das suas últimas reuniões - 26 de Abril e 17 de Maio - a preparação do lançamento desta iniciativa em 1988-89).
Muito interessante foi a reacção da generalidade da informação jornalística a
estes ventos de mudança. Tal como hoje, ela veio embrulhada numa razoável dose
de sensacionalismo, como alguns dos seguintes títulos bem ilustram:
Já não me recordava que a palavra «reorganização» tinha sido usada neste contexto reformista, pois, uma década mais tarde, ela voltou a ser utilizada, em conjunto com uma outra, «revisão», para alterar de novo os currículos em vigor. Tanto numa como noutra destas reorganizações / revisões, a focagem terminológica estava nos «objectos» e não no modo como estavam a ser produzidos, encobrindo, assim, o facto de em ambos os casos (e nos que se seguiram, já neste século) se tratarem de mudanças «de cima para baixo».
Também já não me recordava da agitação jornalística que surgiu em volta deste início de mudanças, nem do facto de parte dela ser um tanto sensacionalista. Decorridas quase quatro décadas, esta forma de intervir intensificou-se e, hoje, não espera pelos momentos em que se anunciam «mudanças» - está sempre a pressionar quem se encontra na base do sistema educativo!
Fontes: Pedro Esteves / Arquivador analógico ESJA Dois (Doc. 06, Doc. 30, Doc. 31, Doc. 33, Doc. 35, Doc. 36 e Doc. 37)
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