[020] As eleições para o novo Conselho Directivo (1988-90)

Memórias

Um grupo de professores, entre os quais se incluíam o Alfredo Massapina, a Alice Santos, a Fátima Barata e o Sérgio Contreiras, convocou uma reunião destinada a “discutir as próximas eleições para o C. D.” na Escola Secundária do Seixal, bem como “o futuro da gestão democrática das escolas”.

A reunião ocorreu na manhã do dia 12 de Maio de 1988 e nela participaram cerca de 25 professores, o que foi um bom sinal. Houve forte debate acerca das questões ligadas à «informação», nomeadamente as relacionadas com o «orçamento» e com o papel de um C. D., tendo eu defendido que não se devia esperar que os Conselhos Directivos tomassem iniciativas culturais e pedagógicas, pois estas deviam estar nas mãos da comunidade, e muito menos que preparassem “a Escola para a mudança” (como foi defendido por um dos candidatos às eleições locais), pois essa era uma visão muito “paternalista”.

Na tarde do mesmo dia foi afixada na sala de Professores as seguintes “propostas de consenso” saídas desta reunião:
que toda a comunidade escolar participe num Projecto de Escola”;
que o futuro C. D. apresente o seu Projecto de Gestão próprio”; e
que o perfil dos responsáveis da Escola (C. D. e outros) passe por:

experiência;
bom senso;
predisposição;
empatia e capacidade de diálogo.


Com data de 19 de Maio, o Plano de Acção da Lista A (que era, aliás, lista única) teve esta capa:


Este plano era composto por uma “Introdução” e por dois capítulos, “A Gestão Democrática – a Reforma do Ensino” e “Aprofundar a vida democrática na escola e na sua gestão”; foi neste segundo capítulo que estavam concentrados os contributos relacionados com o quotidiano da escola.

Comentários

Nesta reunião, incentivada pelas eleições para o C. D., participaram professores com diversas motivações. Além dos que estavam inseridos na lista de candidatos, haveria quem estivesse preocupado com o aprofundamento da democracia nas escolas, nomeadamente com a democracia nesta escola, mas também haveria quem se procurasse perfilar como aliado do futuro poder local. Estava-se a cavar, muito lentamente, a divisão entre os que pretendiam ser aliados do «poder do topo» e os que pretendiam fortalecer o «poder da base».

Eu fazia parte do Conselho Directivo ainda em funções e não pretendia continuar num novo. Para me preparar para esta reunião, escrevi o seguinte:
Gestão pressupõe: interesses (provavelmente diferentes) e recursos (possivelmente não suficientes para todos os interesses).
Mas tratando-se da Gestão de uma Escola, ainda se deve pressupor que as linhas estratégicas do trabalho a realizar sejam: educativas para todos (a linha mais conservadora) e irreverentes perante tudo (a linha mais inovadora).
Os grandes objectivos da Gestão: compatibilizar e optimizar.
A grande opção: esperar que aconteça coisas, para lhes responder, ou não esperar pelos acontecimentos, estimulando desenvolvimentos a partir de sinais favoráveis; organizar o que existe, ou relativizar e autocontrolar a organização que se vai construindo.


No “Plano de Acção” referido, não há qualquer menção aos professores que se candidatavam como Lista A.

Os riscos verticais que figuram na imagem da capa deste Plano de Acção mostram as limitações técnicas das fotocopiadoras que usávamos naqueles anos.

Fontes: Pedro Esteves / Arquivador analógico ESJA Dois (Doc. 06 e Doc. 26)

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