[009] O primeiro ano no Conselho Directivo

Memórias


Para quem nunca tinha estado num «Conselho Directivo», como eu, era impossível imaginar a diversidade de assuntos que aí era necessário resolver. E para quem, a partir do final dos anos 90, teve a experiência de fazer parte de um «Conselho Executivo», ou, na última década, foi «Director» ou fez parte de uma «Direcção», é inimaginável a quantidade de aspectos básicos do funcionamento de uma escola que, no final dos anos 80, ainda estavam por resolver.

As primeiras reuniões do Conselho Directivo de 1986-88 destinaram-se a ouvir o que o Conselho Directivo anterior (representado pelo Alfredo Monteiro e pelo José Filipe) tinha a transmitir.
Ficámos a saber que entre os problemas que iríamos enfrentar estavam:
* A falta de Funcionários Auxiliares (assim eram designados na altura);
* A saída de diversos Funcionários Administrativos (entre eles a Dª Ernestina, chefe da Secretaria);
* As infiltrações na parede de fundo do Ginásio, bem como as irregularidades do seu piso e a falta de água quente nos balneários;
* A fuga de gás e a falta de funcionários no Refeitório, que por estas razões estava encerrado;

* A falta de protecção contra o Sol, durante a tarde, nas salas de aula do 1º andar do Pavilhão B que tinham janelas para Poente;
* A necessidade de reparações em diversos retroprojectores (era através deles que se projectavam os acetatos», equivalentes aos Power Point de hoje);
* A necessidade de estabelecer contratos de manutenção para o material da Reprografia.

Outra diferença em relação aos tempos actuais era a data do início das aulas, que naquela altura só acontecia muito mais tarde. Por isso, só no dia 1 de Outubro se fez uma visita dos novos professores da escola ao concelho do Seixal, terminada com um almoço nas instalações da Timbre Seixalense. Estas eram ainda as antigas, um edifício com uma forma prismática, encimado pelas duas águas de um telhado. Se a minha memória não se engana, o almoço foi uma caldeirada, o que era bem adequado para uma terra que, então, ainda sentia fortemente a sua tradição pesqueira.

Não cheguei a trabalhar nas antigas instalações do Conselho Directivo (a partir de agora poderei designá-lo por «CD»), salvo erro situadas no bloco (b) referido no testemunho «001». Como se tratava de um espaço muito acanhado, este CD decidiu transferir o seu local de trabalho para o canto Sudoeste do andar superior do Pavilhão C, onde permaneceu durante mais de uma década, até à conclusão das obras do actual pavilhão principal:


Os pelouros deste CD foram assim distribuídos: o Louro como presidente e a Teresa como vice-presidente; eu como secretário (ajudava no Conselho Administrativo e tratava da Papelaria, do Bar, do Refeitório e do N.A.S.E., o actual S.A.S.E.) e e a Manuela e o Vítor como vogais (cabendo ao Vítor ser delegado para o ensino nocturno).

A nova chefe da Secretaria (que ainda não se chamava Serviços Administrativos) passou a ser a Dª Isilda, que se manteve nesse posto até à sua reforma, salvo erro em 2010.
A Secretaria, além da Dª Isilda, passou a contar, entre quem já estava na escola e quem chegou neste ano, com a Ana, a Elisabete, a Maria do Céu, a Delmira, a Helena Lopes, Dª Helena Silveira, Dª Madalena e o Roberto. Lembro-me também de aí terem trabalhado durante algum tempo a jovem Anabela e o Ladislau (que mais tarde foi professor de Inglês), mas não estou certo de ter sido em 1986-87, ou em 1987-88, ou em ambos os anos.
Depois de várias experiências (para saber quem ficaria melhor a fazer o quê), o funcionamento da Secretaria (em particular o do N.A.S.E.) estabilizou.

Os problemas do Refeitório arrastaram-se durante quase todo o ano. Chegou a sair uma notícia sobre isso no «Correio da Manhã» e o Partido Comunista tomou uma posição sobre o assunto na Assembleia da República (não possuo cópia do conteúdo do que foi escrito e dito); e também foram dadas entrevistas à RDP e à Rádio Palmela. Por fim, depois de muitas reuniões e hesitações, o Refeitório lá abriu, algures em Maio (o que deve explicar o grande número das minhas faltas às aulas, nesse mês, na Siderurgia, justificadas como «Serviço Oficial»).
Quanto aos problemas do Ginásio, foram-se agravando, tendo, em Março, acabado por fechar (não me recordo se, até ao fim do ano lectivo, chegou a reabrir).

Em Setembro, durante a transição entre CDs, ainda as aulas não tinham começado, o novo Conselho Directivo foi informado pelo Ministério da Educação (ou «ME», como a partir de agora o poderei designar) de que se estava a preparar o acrescento das instalações da escola com as da antiga Escola Preparatória de Vale da Romeira Nº 1. O estado em que essas novas instalações estavam (ver o testemunho anterior) não era o único problema: se em 1986-87 tínhamos 41 turmas, sem contar com as do 12º ano e com as nocturnas, para 1987-88 o ME queria aumentá-las para 62 turmas (assim foi dito numa reunião em que o Vítor Solha esteve presente, perto do fim de 1986-87): 22 do 7º ano, 13 do 8º ano, 10 do 9º ano, 9 do 10º ano e 8 do 11º ano.
Apesar de se estarem a construir várias escolas no concelho (Escola Preparatória de Corroios, Escola Preparatória de Vale de Milhaços e Escola Secundária da Sobreda), de a recente Escola Secundária do Fogueteiro estar a ser ampliada e de se ir iniciar, no Cavadas, a construção da escola que substituiria a da Vale da Romeira Nº 1, a chegada de novos alunos aos diversos anos de escolaridades estava a ser mais rápida do que a criação de novas instalações para os acolher …
Este seria o grande desafio deste CD em 1987-88.

Comentários:

Tenho 78 páginas manuscritas com notas sobre 76 reuniões deste CD, realizadas ao longo dos 2 anos da sua vigência, uma média superior a 3 reuniões por mês (trata-se de um documento interessante para estudar o tipo de desafios que uma escola secundária tinha de enfrentar na segunda metade da década de 1980 e numa região que nunca foi prioritária para o poder central).
As primeiras 40 páginas dessas notas e as primeiras 40 reuniões deste Conselho Directivo (a que se juntam mais algumas com outras pessoas ou entidades) dizem respeito ao ano de 1986-87.

De vez em quando penso nesta minha passagem pelo CD. Terei feito bem em aceitar? E terei sido uma boa escolha?
Se se pensar sob o ponto de vista «tecnocrático», foi um erro de «casting» terem-me convidado para o CD com a ideia de me atribuir os pelouros que me atribuíram, pois a minha «vocação» era trabalhar com alunos.
Mas, se se pensar sob o ponto de vista de uma «democracia participada», por que não haveria de me ser proporcionado um trabalho um bocado chato (para o meu gosto), pois ele teria de ser feito por alguém, e quem o fizesse passaria a compreender melhor uma parte da vida da comunidade escolar?
Portanto, acho que fiz bem em aceitar o desafio; mas poderia ter evitado a crítica de que fui alvo em casa, por não ter partilhado o convite antes de o aceitar.
Esta experiência mostrou-me também que ficava bem aos professores serem capazes de gerir as suas escolas, sem necessidade de recorrer a gestores profissionais. E, pelo que fui observando nos anos seguintes, ajudou-me a perceber que é bom que essa gestão por professores seja rotativa, não se eternizando, como aconteceu nalgumas outras escolas.

Fontes: Pedro Esteves / Arquivador analógico ESJA Dois (Doc. 6)

[008] No final dos anos 80: o problema das instalações escolares nos concelhos de Almada e do Seixal

Memórias

No dia 22 de Novembro de 1986 realizou-se, na Escola Secundária Emídio Navarro, um Encontro-Debate
sobre a situação do ensino nos concelhos de Almada e Seixal, organizado pelo Secretariado das Associações de Pais da Almada e Seixal, pelas duas Câmaras Municipais, pelo Sindicato de Professores da Grande Lisboa e pelo Secretariado de Inter-Conselhos Directivos de Almada e Seixal.

A capa do documento final, que registou as diversas intervenções, foi esta:
 

As preocupações expressas nesse Encontro dizem-nos muito sobre as dificuldades daquela época, mas também nos dizem que as escolas estavam atentas e procuravam participar na solução dos problemas que as afligiam. A primeira frase da apresentação deste documento esclarecia que, desde os anos anteriores, as escolas dos Concelhos de Almada e Seixal se defrontavam “com graves dificuldades, nomeadamente carências de instalações e equipamentos.” O que implicava atrasos “no início de sucessivos anos lectivos, com repercussões nas condições de trabalho e aprendizagem, com elevadas taxas de insucesso escolar.” No momento daquele Encontro, bem próximo do final de Novembro, ainda havia 2 500 alunos sem aulas em três das escolas destes dois concelhos.
As escolas estavam conscientes de si, mas também estavam conscientes para além de si: sabiam (assim ficou registado) que o insucesso escolar era um problema grave no país - 24 % no 5º ano; 19 % no 6º ano; 36 % no 7º ano; 34 % no 8º ano; e 32 % no 9º ano – e sabiam que por detrás desse insucesso havia programas desarticulados uns em relação aos outros, desadequados face ao “interesse dos alunos” e à “realidade do mundo actual” e insuficientes, quer como resposta às necessidades de “formação do aluno como pessoa e cidadão interessado, crítico e participativo”, quer como espaço para a manifestação da “individualidade de cada um”.
Ninguém havia decretado que era necessário realizar este Encontro, mas as escolas acharam que era necessário fazê-lo.

Entre os anexos que este documento juntou figuravam várias fotografias que mostravam a degradação a que chegaram as instalações de algumas escolas, como as da Escola Preparatória Vale de Romeira nº 1 (actual Escola Básica 2+3 António Augusto Louro), que viriam a ser incluídas, em 1987-88, nas da Escola Secundária do Seixal (e onde eu iria dar muitas das minhas aulas).
Eis três dessas fotografias, com as legendas originais:




Comentários

Nestes anos havia contactos entre os Conselhos Directivos dos concelhos de Almada e do Seixal, para definição de objectivos comuns e coordenação de esforços. A certa altura o Ministério da Educação fez-se convidar para as reuniões dessa estrutura informal e acabou por criar, inspirado nela, as «Áreas Pedagógicas». As escolas de Almada e Seixal foram agrupadas na Área Pedagógica 12, conhecida por AP12.

Quer o Conselho Directivo, quer a Associação de Pais da Escola Secundária do Seixal estiveram representados no Encontro Debate. No entanto, foi apenas nos finais de Abril de 1987 que eu encontrei na escola, em cima de uma cadeira, como se aí tivessem ficado esquecidos, vários exemplares do «documento final»; achei-o importante e guardei um dos exemplares.

É bem possível que as fotografias das salas degradadas da Escola Preparatória sejam únicas. Existem outras fotografias posteriores do respectivo pavilhão, quando ele já fazia parte da Escola Secundária do Seixal: serão divulgadas mais tarde.

Fonte: Câmara Municipal de Almada, Câmara Municipal do Seixal, Secretariado das Associações de Pais de Almada e Seixal, Secretariado dos Inter-Conselhos Directivos de Almada e Seixal e Sindicato dos Professores da Grande Lisboa, 1987. Encontro Debate / Situação do ensino em Almada-Seixal / Documento final (citei acima as intervenções de Luísa Beato, Óscar Soares e Rosa Oliveira)

[007] O segundo ano de aulas na Siderurgia

Memórias

Em 1986-87 o meu horário lectivo era este:

Com aulas na Siderurgia, três dias por semana, entre as 8h30 e as 10h30; o resto do tempo ficava disponível para o trabalho a fazer no Conselho Directivo.

Eis os meus alunos no 3º ano do Curso de Formação de Jovens (todos os que estavam no 2º ano em 1985-86):




Só me recordo de, neste ano, ter tido como colegas, vindos da Escola Secundária do Seixal, o António Figueiredo (na Educação Física) e o João Coelho (nas Ciências Naturais).
Mas o Alexandre Rodrigues, então aluno do 3º B, lembrou, há dias, no Facebook, dois outros professores da «casa»: o Delgado (no Desenho) e o Picard (na Tecnologia Mecânica).

Como professor, foi um ano lectivo em que senti as limitações resultantes do trabalho paralelo no Conselho Directivo (dos 9 dias em que faltei às aulas, 5 deles aconteceram em Maio, devido a «serviço oficial»).
Em termos lectivos, vivi do que preparara para o 3º ano do curso anterior. Apenas acrescentei um teste diagnóstico aos conhecimentos que deveriam ter sido adquiridos nos anos passados, que repeti no final do ano, para comparar e concluir se tinham ou não ocorrido melhorias ao longo de 1986-97. E ainda melhorei a ficha com os problemas dedicados às Potências.
E quanto às actividades não formais, apesar da ajuda que dei à preparação de uma visita de estudo à UCAL (concretizada em 14 de Maio), acabei por não poder participar nela, muito plausivelmente por razões relacionadas com o trabalho no Conselho Directivo (foi um mês muito difícil). Tenho registado que a partida da Siderurgia estava prevista para as 8h30, seguindo-se a visita à UCAL, em Águas de Moura, um almoço em Setúbal, a visita ao Museu de Arqueologia e Etnologia do Distrito, o regresso pela Serra da Arrábida e a chegada às 18h00: foi um dia inteiro para arejar ideias e para conviver …

Comentários

Tal como para os cursos nocturnos, os tempos lectivos na Siderurgia valiam 150 % para os professores (por exemplo, 2 horas reais equivaliam a 3 horas na contabilidade). Suponho que quem decidira esta regra esperava que os professores que tinham estes horários fossem criativos, dado se tratar de cursos não rotineiros.

Contrariamente à «abertura» que caracteriza muitos dos Problemas de Matemática propostos fora das aulas, os que são escolhidos por cada professor para apoiarem a aprendizagem de um determinado tema nas aulas são problemas mais «fechados». Nos anos 80, havia em Portugal uma grande falta de fontes onde pudessem ser seleccionados qualquer tipo de problemas (senti-o muitas vezes), pelo que as listas de problemas que foram surgindo, aqui e acolá, foram esforços pioneiros para constituir um corpo de materiais didácticos / educativos, quase sempre para uso individual, algumas vezes para uso colectivo. Só mais tarde, quando este desafio começou a estar resolvido, foi possível aos professores que o enfrentaram colocarem questões mais profundas sobre o conteúdo dessas listas, nomeadamente adequando-as aos interesses e às características dos alunos.

Das actividades não formais realizadas no ano anterior na Siderurgia houve uma a que dei continuação, alargando-a às Cavaquinhas: o concurso de problemas. Falarei dela num dos próximos testemunhos.

Fontes: Pedro Esteves / Arquivador analógico ESJA Dois (Doc. 100, Doc. 102, Doc. 104, Doc. 105, Doc. 106)

[006] As eleições para o Conselho Directivo de 1986-88 na Escola Secundária do Seixal

Memórias

No final de 1985-86 realizaram-se eleições para a equipa que assumiria o Conselho Directivo no biénio seguinte. Candidataram-se duas listas, e as capas dos respectivos programas de trabalho foram estas:


Nunca soube as razões que levaram a que me desafiassem a participar numa das listas, pois eu mal era conhecido na escola. E também não estava à espera do surgimento de uma segunda lista, pelo que fiquei um tanto desconfortável quando me apercebi da tensão que a proximidade das eleições fez surgir na comunidade escolar.

As eleições foram realizadas em 9 de Julho de 1986, tendo os resultados sido: 54 votos na lista A, 46 votos na lista B e 6 votos nulos ou brancos. A comunidade escolar estava, eleitoralmente, dividida quase a meio.

Como fui um dos eleitos, o meu ano lectivo seguinte iria subdividir-se por dois espaços: teria um novo «3º ano» na Siderurgia Nacional, com as duas turmas que haviam concluído o «2º ano», e, sobretudo, teria de estar na Escola!

Durante o ano lectivo que acabava, 1985-86, fora fundada a Confederação Nacional das Associações de Pais (em 7 de Dezembro), Portugal entrara na Comunidade Económica Europeia (em 1 de Janeiro) e tinha sido iniciado, em muitas escolas, o Projecto Minerva.
Depois, na transição para 1986-87, o iria Governo publicar os Regulamentos dos Conselhos Pedagógicos e dos Órgãos de Apoio (em 31 de Julho) e, já dentro do novo ano lectivo, a Lei de Bases do Sistema Educativo (em 14 de Outubro). Esta lei (numerada como Lei nº 46/86) resultara do debate das diversas propostas dos partidos representados na Assembleia da República e trazia uma novidade importante: a escolaridade obrigatória passava de seis para nove anos!

De 15 de Fevereiro de 1985 a 17 de Agosto de 1987 o ministro da educação tinha sido João de Deus Pinheiro, primeiro no governo de Mário Soares, depois, a partir de 6 de Novembro de 1985, no de Aníbal Cavaco Silva.
Lembro-me de ter visto e ouvido este ministro na televisão. Perguntaram-lhe, a dada altura, quem deveria tomar as grandes decisões sobre a educação. Ele, sem hesitar, respondeu: deve ser o respectivo ministro, pois é quem possuía mais «informação». Não gostei desta resposta.

Comentários

A minha efectivação na Escola Secundária do Seixal coincidiu com o vir residir neste concelho. Sentindo-me aqui «para sempre» (ainda hoje cá estou), tive um grande desejo de conhecer a «história» e os «costumes» da região envolvente (genericamente: a península de Setúbal), tanto para me «sentir em casa», como para me inspirar ao «interpretar o currículo». Esse desejo só muito lentamente se foi concretizando, pois leccionar deixa muito pouco tempo disponível.

Uma das linhas de força da «Lei de Bases» que se viria a tornar especialmente problemática dizia respeito à «formação contínua» dos professores.
Compreendia-se que ela definisse a “formação inicial” como devendo ser de “nível superior” (artigo 30º), apesar de a sua concretização através da chamada «profissionalização em exercício», que não atribuíra qualquer papel às instituições de «nível superior», tivesse sido um êxito (sendo, ainda hoje, considerada por muitos professores como «a mais interessante» de sempre).
Mas era difícil entender nesta lei que a “formação contínua” (artigo 33º) devesse ser “assegurada predominantemente” pelas “instituições de formação inicial” (ou seja, e de novo, as de “nível superior”), mesmo tendo em conta que ela seria concretizada “em estreita cooperação com os estabelecimentos onde os educadores e professores trabalham.” Este papel quase tutelar atribuído desde cedo ao ensino de “nível superior” viria a favorecer a hierarquização dos actores educativos e a dificultar a formação de uma «voz» representativa dos professores do ensino não superior.

A confiança do ministro João de Deus Pinheiro nas decisões que são tomadas por «quem dispõe de mais informação» há muito que deixou de ser aceite por aqueles que estudam os fenómenos organizacionais: para eles, qualquer actor, seja qual for o nível em que está numa organização, apenas dispõe de uma «racionalidade limitada», pelo que as decisões devem ser tomadas recorrendo à interacção entre todos os envolvidos.

Em alguns dos meus próximos testemunhos irei referir a existência de «conflitos». Estes possuem um «papel revelador», mostrando áreas em que podem ser necessárias «mudanças». Por isso, descrever «conflitos» não deve ser dramatizado, pelo contrário: deve ser encarado como uma oportunidade para «pensar». Já assim comecei a proceder, escolhendo para tal o ministro da educação.

Fontes: Pedro Esteves / Arquivador analógico ESJA Dois (Doc. 1, Doc. 3, Doc. 6 e Doc. 27); Wikipédia (para a identificação de quem era quem, e quando, no Governo)