Memórias e Comentários
Além de diversas observações que ía fazendo ao longo do ano lectivo, destinadas
à avaliação dos
alunos, também lhes marcava testes regulares e, por vezes,
mini-testes, assim designados por serem mais curtos e por apenas focarem
aspectos essenciais. Eis um desses mini-testes:
Em baixo, cortado ao ser fotocopiado, estaria «Bom teste!», seguido da minha rubrica |
A primeira questão visava o domínio da máquina de
calcular e o modo de lidar com as aproximações numéricas.
A segunda juntava dois aspectos da Geometria, a área do círculo e as
transformações geométricas.
A terceira apelava à compreensão básica do que é um sistema de equações, ou
seja, como determinar o valor de uma incógnita conhecido o valor da outra.
E a quarta questão, sendo também simples, era a menos técnica, pois pretendia
resolver um problema que não anda longe daqueles com que, por vezes, tropeçamos
no dia-a-dia.
O papel que foi utilizado para imprimir este teste era reciclado, como se vê
pela sua cor. É possível que a nova equipa directiva estivesse a tentar poupar
algum dinheiro com as fotocópias (não me recordo de ter sido feita outra
tentativa semelhante).
Provavelmente como trabalho na disciplina de Português, os alunos do 9º G
elaboraram este poema
colectivo (não me recordo se foram eles que me deram uma cópia):
Além da técnica de escrita poética, esta malta
estava a começar a expressar as suas auto- e hetero-observações. E fazê-lo em
conjunto parece-me ter sido uma forma de facilitar que todos se aventurassem a
fazê-lo (o número de versos corresponde mais ou menos à dimensão da turma).
Não estou certo de apenas este ano ter começado a trabalhar as Magias com
Matemática com as minhas turmas, no âmbito da Área Escola. Mas foi
mesmo no final de 1994-95 que foi feita uma apresentação mais ou menos
formalizada do que aprendêramos. Devemos ter começado a preparar tudo no 1º
período, pois em Fevereiro, na Ludoteca, os «mágicos» começaram os seus treinos.
Além destes, foram ainda criadas «equipas especiais», só com gente do 9º D: a
Rita seria a apresentadora; o Diogo, o Pedro e dois dos Ricardos (Borges e Robim)
tratariam das luzes e dos sons; a Cecília e a Filipa (Bento) fotografariam; e a
publicidade estaria a cargo do Ricardo Borges, da Maria José e da Zélia.
Quanto aos «mágicos», vieram das três turmas, sendo os truques divididos em
três grandes sectores: com cartas, com números e com topologia.
O convite dirigido aos professores mostra como essa divisão foi feita:
Segundo as notas que tomei, verificaram-se algumas
alterações ao previsto (feitas à última hora?): foram o João Álvaro e o Zenildo
quem apresentou o «espectáculo» e dois dos «truques» (o 5º e o 8º da lista
acima) foram cancelados.
Couberam-me apresentar duas explicações iniciais: muitos dos «truques»
(nomeadamente os que envolviam cartas) provieram do conhecimento que os alunos
já tinham deles (ou o das suas famílias); e a ideia de explorar estas
«habilidades» resultou mais da intenção de ter o prazer de elas funcionarem e
menos da obsessão com as suas ligações à disciplina da Matemática.
Para quem estiver interessado, pode encontrar uma descrição e uma fundamentação
de alguns destes truques no blogue Cosmovivências ( https://cosmovivencias.blogspot.com/
), clicando na coluna da direita, na etiqueta «Magia»
Como estávamos a terminar um ciclo de três anos, decidi colocar, numa das últimas aulas, um pequeno inquêrito
a responder anonimamente. A pergunta que aí fazia era única (embora subdividida
em três):
“Ao longo do trabalho em comum em Matemática, o teu
gosto por esta disciplina alterou-se?
Para melhor, ou para pior?
Porquê?”
Só guardei dez das respostas que me deram. Relendo-as, arriscaria dizer que
quem as deu (talvez a maioria tivesse tido um passado não muito agradável com esta
disciplina) apreciou a insistência do professor para que todos os alunos
aprendessem e, sobretudo, o ambiente descontraído / divertido das aulas.
No final do ano lectivo, o 9º C, autodesigando-se “A turma mais «santinha» da
escola”, outorgou-me (foi este o verbo que usaram) um diploma de “homenagem” pela
“coragem” que tive por os “aturar” e para os “ensinar ao longo deste ano”.
Quase trinta anos depois, já tive a oportunidade de dizer a alguns destes
alunos que, apesar de terem sido três anos, não foi precisa muita paciência ...
Fontes: Arquivador de documentos
analógicos ESJA Seis (Doc.s 22, 25, 26, 27a e 27b)
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