[084] Um mini-teste, um poema, uma sessão de magias e os comentários finais dos alunos

Memórias e Comentários

Além de diversas observações que ía fazendo ao longo do ano lectivo, destinadas à avaliação dos alunos, também lhes marcava testes regulares e, por vezes, mini-testes, assim designados por serem mais curtos e por apenas focarem aspectos essenciais. Eis um desses mini-testes:


Em baixo, cortado ao ser fotocopiado, estaria «Bom teste!», seguido da minha rubrica

A primeira questão visava o domínio da máquina de calcular e o modo de lidar com as aproximações numéricas.
A segunda juntava dois aspectos da Geometria, a área do círculo e as transformações geométricas.
A terceira apelava à compreensão básica do que é um sistema de equações, ou seja, como determinar o valor de uma incógnita conhecido o valor da outra.
E a quarta questão, sendo também simples, era a menos técnica, pois pretendia resolver um problema que não anda longe daqueles com que, por vezes, tropeçamos no dia-a-dia.

O papel que foi utilizado para imprimir este teste era reciclado, como se vê pela sua cor. É possível que a nova equipa directiva estivesse a tentar poupar algum dinheiro com as fotocópias (não me recordo de ter sido feita outra tentativa semelhante).


Provavelmente como trabalho na disciplina de Português, os alunos do 9º G elaboraram este poema colectivo (não me recordo se foram eles que me deram uma cópia):


Além da técnica de escrita poética, esta malta estava a começar a expressar as suas auto- e hetero-observações. E fazê-lo em conjunto parece-me ter sido uma forma de facilitar que todos se aventurassem a fazê-lo (o número de versos corresponde mais ou menos à dimensão da turma).


Não estou certo de apenas este ano ter começado a trabalhar as Magias com Matemática com as minhas turmas, no âmbito da Área Escola. Mas foi mesmo no final de 1994-95 que foi feita uma apresentação mais ou menos formalizada do que aprendêramos. Devemos ter começado a preparar tudo no 1º período, pois em Fevereiro, na Ludoteca, os «mágicos» começaram os seus treinos.
Além destes, foram ainda criadas «equipas especiais», só com gente do 9º D: a Rita seria a apresentadora; o Diogo, o Pedro e dois dos Ricardos (Borges e Robim) tratariam das luzes e dos sons; a Cecília e a Filipa (Bento) fotografariam; e a publicidade estaria a cargo do Ricardo Borges, da Maria José e da Zélia.
Quanto aos «mágicos», vieram das três turmas, sendo os truques divididos em três grandes sectores: com cartas, com números e com topologia.
O convite dirigido aos professores mostra como essa divisão foi feita:


Segundo as notas que tomei, verificaram-se algumas alterações ao previsto (feitas à última hora?): foram o João Álvaro e o Zenildo quem apresentou o «espectáculo» e dois dos «truques» (o 5º e o 8º da lista acima) foram cancelados.
Couberam-me apresentar duas explicações iniciais: muitos dos «truques» (nomeadamente os que envolviam cartas) provieram do conhecimento que os alunos já tinham deles (ou o das suas famílias); e a ideia de explorar estas «habilidades» resultou mais da intenção de ter o prazer de elas funcionarem e menos da obsessão com as suas ligações à disciplina da Matemática.

Para quem estiver interessado, pode encontrar uma descrição e uma fundamentação de alguns destes truques no blogue Cosmovivências ( https://cosmovivencias.blogspot.com/ ), clicando na coluna da direita, na etiqueta «Magia»


Como estávamos a terminar um ciclo de três anos, decidi  colocar, numa das últimas aulas, um pequeno inquêrito a responder anonimamente. A pergunta que aí fazia era única (embora subdividida em três):
Ao longo do trabalho em comum em Matemática, o teu gosto por esta disciplina alterou-se?
Para melhor, ou para pior?
Porquê?

Só guardei dez das respostas que me deram. Relendo-as, arriscaria dizer que quem as deu (talvez a maioria tivesse tido um passado não muito agradável com esta disciplina) apreciou a insistência do professor para que todos os alunos aprendessem e, sobretudo, o ambiente descontraído / divertido das aulas.



No final do ano lectivo, o 9º C, autodesigando-se “A turma mais «santinha» da escola”, outorgou-me (foi este o verbo que usaram) um diploma de “homenagem” pela “coragem” que tive por os “aturar” e para os “ensinar ao longo deste ano”. Quase trinta anos depois, já tive a oportunidade de dizer a alguns destes alunos que, apesar de terem sido três anos, não foi precisa muita paciência ...


Fontes: Arquivador de documentos analógicos ESJA Seis (Doc.s 22, 25, 26, 27a e 27b)
 

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