Com base nos documentos que guardei, e na minha memória, houve, em 1986-87, diversos estagiários na Escola Secundária do Seixal, acompanhados por três instituições de formação inicial envolvidas, a Escola Superior de Educação de Setúbal, a Escola Superior de Educação de Santarém e a Faculdade de Ciências e Tecnologia. Só me recordo de três desses formandos, o Luís Carlos Carvalho e o Vítor Louro, da Mecanotecnia, que depois do estágio se manteriam nesta escola, e um formando de História, que, após o estágio, foi para outra escola.
Por aquela altura, muito daquilo que era «extracurricular» ainda não tinha uma base organizacional sólida; mas estávamos a tomar consciência de que essa base era indispensável. E nas reuniões do Conselho Directivo íamos estando em contacto com essa transformação e ganhando consciência de seriam necessários espaços específicos, e também financiamento, para que essas actividades pudessem existir.
Um pouco ao sabor do que foi surgindo nessas reuniões anotei os seguintes indícios de vida escolar para além da lectiva:
A Associação de Estudantes solicitou ao FAOJ o envio de um «monitor» para avaliar os computadores existentes na escola e propor o que fosse necessário para que se constituísse um Núcleo de Informática; é provável que esta intenção apenas quisesse consolidar o que já existia, pois há outras referências à constituição deste núcleo dois anos antes;
O Olímpio Pereira e o Vítor Solha participaram, na Escola Secundária do Monte de Caparica, numa “primeira reunião destinada ao lançamento”, em 1987-99, do Projecto Minerva na nossa escola; pretendia-se que este projecto tivesse impacto tanto pedagógico como administrativo;
A Câmara Municipal do Seixal estava a preparar um Plano de Acção Cultural Câmara – Escolas, a vigorar em 1987, para o que mantinha contactos com os Conselhos Directivos e as Associações de Estudantes do concelho;
A escola mantinha boas relações com o Clube Recreativo e Desportivo das Cavaquinhas (pelo que soube mais tarde, essas relações teriam a ver com a prática do Xadrez);
Duas alunas propuseram a criação de um Núcleo do Ambiente e a realização de “uma série de actividades a integrar no Ano Europeu do Ambiente”;
A nossa escola já contava com uma Psicóloga, a Manuel Menezes (que, um ou dois anos depois, seria transferida para a Escola Secundária do Fogueteiro);
Em Maio realizou-se a Semana do Inglês;
O Arlindo Carvalho tinha preparado o arranque do Núcleo de Fotografia;
O jornal escolar Nova Maré estava ligado a disciplina de Jornalismo, mas tinha ambições para além desta;
Um grupo de alunos queria constituir uma Juve Leo na escola, apenas para afixar propaganda;
O Grupo de Teatro «Os Arlequins», dinamizado pela Madalena Silva, estava muito activo;
Foi solicitada a realização das Olimpíadas da Matemática na escola e, para as preparar, iria ser lançado um concurso de problemas.
Este concurso de problemas de Matemática era da minha iniciativa, dirigia-se tanto aos alunos da Siderurgia como aos das Cavaquinhas e chamou-se Problema da Quinzena. Foi constituído por oito problemas para os alunos dos «Unificados» (3º Ciclo) e por outros tantos para os alunos dos «Complementares» (Secundário).
Um desses problemas, de que gosto especialmente, era o seguinte:
Uma parte do balanço deste concurso foi feita através de uma tabela em que descrevi a participação das diversas turmas da escola. A numeração de «1» a «8» corresponde aos problemas; o «1», o «1/2» e o «0» que figuram sob cada problema são as três classificações previstas; as turmas que a escola tinha estão numeradas pelo respectivo ano; o professor de cada uma delas está identificado à direita (nos Complementares nem todas as turmas tinham «Matemática»); e os números que figuram no interior dizem quantos alunos responderam, em cada turma, a cada problema.
Portanto, neste ano, a Escola Secundária do Seixal teria
sete turmas no 7º ano, dez turmas no 8º ano, oito turmas no 9º ano (mais duas a
ele equivalentes na Siderurgia), oito turmas no 10º ano, oito no 11º ano e 3 no
12º ano.
Total, só nas Cavaquinhas: quarenta e quatro turmas!
E ainda havia aulas à noite, não estando aqui recenseadas as correspondentes
turmas.
Foi certamente através deste concurso que comecei a interagir com os outros professores
de Matemática e a conhecê-los. Não sei se haveria algum de nós que apenas
leccionasse os cursos noturnos. Mas os que leccionavam de dia são os que estão
referidos acima: a Ana Chorincas, a Ana Pontes, o Carlos Lourenço,
a Clorinda
Agostinho, o Fernando, o Ismael, o João Aleixo, a Manuela,
o Mário Rosa,
o Olímpio
Pereira e eu próprio. Todos, excepto o Olímpio, leccionavam pelo
menos uma das turmas do «Unificado».
Houve uma outra parte do balanço deste concurso que foi mais extensa. Alguns
destaques do que nela estava escrito:
Alunos participantes: 58, de 16 turmas;
Total das respostas dadas: 119; quase 15, em média, por cada um dos 8 problemas
(conjuntamente pelos Unificados e Complementares);
As turmas do 7º ano contribuíram com 36 participantes (62 % do total), sendo
este o ano em que a participação das meninas foi mais forte;
As turmas com maior número de respostas foram, por ordem decrescente, o 7º 7, o
7º 6, o 9º 1 e o 3º B (Siderurgia);
Os três melhores participantes dos Unificados foram: o Paulo Silva (3º B), com 8
pontos; o Paulo
Alexandre Jacinto (7º 7), com 6 pontos e o Walter Manuel Carreiro (7º 7),
também com 6 pontos, tendo os três recebido um prémio (não me recordo qual, mas
provavelmente foi um livro … com mais problemas!);
O melhor participante dos Complementares (e único a receber prémio) foi o José António
Portugal (11º 4), com 4,5 pontos.
Comentários
Por diversas vezes ouvi membros deste Conselho Directivo, e dos seguintes,
referirem-se à importância do «local de residência» dos professores, estando
subjacente a preocupação com o facto de muitos morarem fora do concelho, o que
dificultava o seu envolvimento na escola. A escola não era vista por eles como
estando reduzida à componente lectiva.
É bem possível que o Problema da Quinzena tenha sido o primeiro concurso de
problemas de Matemática realizado nas Cavaquinhas, bem como estas Olimpíadas da
Matemática (os melhores alunos da «fase escolar» poderiam, depois, participai
na «fase distrital»).
Na página «Documentos» deste blogue foi colocado um PDF com os enunciados e as
soluções do «Problema da Quinzena» (pasta «Concursos de Problemas»).
Em particular nos anos 80, muito do material didático, dos testes e dos
relatórios eram escritos «à mão». Aconteceu o mesmo com este concurso de problemas.
Nem sempre era prático usar as máquinas de escrever com que se trabalhava
naquela época. Nalguns casos, em que era necessário introduzir desenhos,
tabelas ou gráficos, recorria-se à sua fotocópia, depois recortada e colada na
folha que depois seria policopiada.
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