Memórias
Depois de um ano no Pragal, de três em Lisboa e de dois (de estágio) em Portimão,
fui colocado como professor efectivo na Escola Secundária do Seixal ou, como
ainda era chamada na altura, a «Escola das Cavaquinhas».
O espaço da escola era, em 1985-86, consideravelmente menor do que o actual.
E os pavilhões outros, excepto o pavilhão C, naquela altura o mais novo.
A planta da escola seria, muito esquematicamente, assim:
No ano em que cheguei conheci muito mal este espaço, pois as
minhas aulas não foram aqui. Mas tenho uma vaga impressão de que a Sala de
Professores e o Conselho Directivo estavam no pavilhão assinalado com um (a) e
de que o pavilhão situado em (b), de madeira e talvez pintado de verde, tinha
umas escadas para nele se poder entrar.
Só nos anos seguintes me apercebi de que o pavilhão B estava encostado a uma
barreira, que nos separava do espaço da futura expansão da escola.
Penso que o meu primeiro contacto com a escola, uma reunião geral de
professores, terá sido no Pavilhão A. No fim dela, como se se tratasse de um
ponto fora da ordem de trabalhos, falou-se de alguns «projectos» que estavam em
curso. Esta foi, certamente, informação a que mais me interessou, pois não me lembro
de mais nada.
Não me recordo da primeira reunião com o grupo de Matemática, que pode ter
decorrido imediatamente após a que se destinou a todos os professores. Só sei
que me calhou um horário bastante interessante: iria leccionar Matemática a
quatro turmas cujas aulas decorriam nas instalações do Centro de Formação da Siderurgia
Nacional, em Paio Pires. Duas dessas turmas estavam no equivalente ao 8º ano e
as outras duas no equivalente ao 9º ano. Numa parte do dia os alunos destas
turmas aprendiam para a «escola» e na outra parte aprendiam para uma
«profissão».
Cabia-me, ainda, ser Director de Turma do 2º A e do 3º B.
Eis o meu horário (a letra mais clara e maior é a minha):
A Península de Setúbal estava bem representada nesta
experiência!
Comentários
O impresso utilizado para registar o horário (um modelo da Direcção Geral do
Pessoal, do Ministério da Educação, como se nota em baixo, à esquerda) tinha
espaço para 6 dias semanais: por esses anos ainda se trabalhava ao Sábado, o
que seria (entre outras eventuais razões) uma forma de ocupar mais plenamente
as instalações escolares que então eram muito deficitárias face à «explosão» de
alunos inscritos nas escolas.
Nos anos anteriores tinha-me interessado pela ligação entre os currículos e os
diversos saberes, nomeadamente os saberes profissionais (em Lisboa tinha
trabalhado com adultos, profissionais da EPAL), razão pela qual o horário que
me coube me interessou bastante. Mas não estou certo se tive algum papel na sua
escolha, ou se pura e simplesmente ele sobrou para o professor que tinha
acabado de chegar.
O quadro com as empresas participantes na Acção Piloto e o número de alunos nelas
inscritos foi construído a partir de um documento que, na altura, encontrei no
Centro de Formação da Siderurgia, intitulado “Acção Piloto de Formação de Jovens”.
Tinha sido publicado em 1985, pelo Instituto de Emprego e Formação
Profissional, e as autoras eram a Maria Alice dos Santos Pombo, a Isabel
Constança Oliveira Belchior e a Inácia Rosa Zambujo Canelas.
Em cada um dos anos lectivos referidos neste documento, as
empresas participantes podiam iniciar um novo curso, com a duração de três
anos: as colunas apenas referem o número de alunos que iniciaram um novo curso.
No caso da Siderurgia, em 1985-86, os 30 que iniciaram o curso em 1983-84 iriam
estar no 3º ano e os 30 que o iniciaram em 1984-85 estariam no 2º ano. Foram
eles os meus primeiros alunos no concelho do Seixal.
Fontes: Pedro Esteves / Arquivador analógico
ESJA Um (Doc. 01 e Doc. 03)
Sem comentários:
Enviar um comentário