Era ideia inicial do MATlab “criar espaços exteriores às aulas, dentro da Escola, capazes de gerar interesse e iniciativa dos jovens em relação à Matemática”, de modo a “favorecer o desenvolvimento de capacidades como a cooperação, o sentido de risco, a elaboração de projectos e estratégias e a definição de valores” e, claro, a contribuir “para o melhoramento da Matemática feita na Escola”. Esse espaço deveria “ser utilizado livremente pelos alunos”, permitir “a interacção com as actividades curriculares” bem como a “dinamização e integração de iniciativas a nível das comunidades” em que cada escola se inseria [testemunho «049»]
No final do primeiro ano do MATlab, 1991-92, o relatório que procedeu ao balanço do trabalho feito comentou assim aquela que pode ter sido a sua principal dificuldade: “É fácil pôr os jovens a jogar, torna-se mais difícil criar situações em que não é só «o jogo pelo jogo» (onde se percebe como se joga e porquê, etc...); mas, mais difícil é aprender fazendo e experimentando, formular hipóteses, testá-las e depois tirar conclusões.” [testemunho «055»]
O segundo ano deste projecto, 1992-93, veio mostrar que esta ambição teria de ser concretizada articulando a descentralização com a centralização:
(a) cada escola decidia as suas próprias iniciativas; e, a produzir materiais ou ideias que pudessem ser partilhados com as outras escolas, isso era feito durante as reuniões do projecto;
(b) nalguns casos, o produto que iria ser elaborado por uma das escolas era previamente debatido pelos professores de todas as escolas, por estarem estarem nele interessadas (foi o caso das «16 Semanas de Problemas» e de alguns dos «Desafios Matemáticos» trabalhados com o GIM [testemunho «064»] na Secundária Nº 1 do Seixal);
(c) noutros casos, em que todas as escolas precisavam de um mesmo serviço, alguns dos professores envolvidos no projecto encarregavam-se de o garantir (assim aconteceu com grande parte da elaboração das regras dos jogos e quebra-cabeças, manuscritas por mim e depois digitalizadas, na Emídio Navarro, pela Rita Vieira; e também assim foi com a aplicação do dinheiro do projecto na compra de matéria-prima, como as placas de vinil na Polux, em Lisboa, e de cubos de madeira, na Cova da Piedade, e, sobretudo, na compra de jogos e de quebra-cabeças para as ludotecas e de vários outros instrumentos destinados aos laboratórios.
Especialmente em relação à ideia de Laboratório de Matemática (concretizada na maior parte das escolas através de um clube), existiu uma larga cooperação entre o MATlab e o AlterMATivas: a exploração de um tema matemático era iniciada num destes projectos, sendo depois prosseguida no outro, como foi o caso dos «Desafios Matemáticos» já referidos [testemunho «064»]; todos os seus textos de apoio foram sujeitos a várias versões, cada uma reflectindo as novas explorações feitas; um exemplo bastante elucidativo, cuja primeira versão foi feita em 1991-92, a segunda (apresentada a seguir) em 1992-93 e de que ainda houve versões posteriores, foi este:
Qualquer pessoa pode fazer estes cálculos em casa
(podendo, eventualmente, precisar de apoio para usar adequadamente a calculadora) |
A primeira reunião do projecto MATlab neste ano lectivo foi realizada logo em Setembro. O panorama das escolas que o integravam (umas autoras, outras meramente participantes) era o seguinte:
Noutra reunião, realizada em Janeiro, já estavam
clarificados mais alguns dos professores participantes: Jorge e Helena (EC+S da Costa da Caparica),
Fernanda
(EP de Corroios), Fernando Camejo e Luísa Teixeira (ES da Cova da Piedade);
Mirita Sousa
(ES Nº 1 de Corroios), Palmira Barroso (ES Nº 1 do Laranjeiro) e Patrícia
Cascais (ES Nº 2 do Laranjeiro).
Apesar desta aparente consolidação dos responsáveis, constatou-se, algum tempo
depois, haver uma «crise de participação», que, aliás, tanto abrangia o MATlab como
o AlterMATivas: uns professores estavam em formação inicial, ou coordenavam-na;
e outros tinham-se concentrado nas actividades do grupo de Matemática da
respectiva escola. Na altura, isso levou-me a escrever que era fundamental o
MATlab ter “grandes metas”, de modo a criar
uma perspectiva mais longínqua que polarizasse o trabalho de todos, mesmo que
para tal fosse necessária haver “discussão”.
Ao longo deste ano, além de equipar materialmente as escolas envolvidas, o
MATlab foi um contexto para a auto-formação dos professores; partilhou entre as
escolas interessadas um Concurso de Problemas; realizou o 1º Interescolas de
Jogos de Reflexão de Almada e Seixal; e participou no 4º Encontro Regional de
Professores de Matemática.
A possibilidade de realizar o 1º Interescolas de Jogos de Reflexão de Almada e Seixal
foi sendo apreciada desde o início do ano. E acabou por ser concretizada, na
tarde de 22 de Maio, na Escola Secundária António Gedeão (o novo nome
da Escola Secundária da Cova da Piedade).
Tal como os seguintes, este interescolas foi disputado por equipas, tendo sido
escolhidos três jogos (curiosamente, qualquer deles teve seis equipas
inscritas, uma do 2º Ciclo e cinco do 3º Ciclo) e um concurso de problemas (só
com três equipas).
As três escolas classificadas em primeiro lugar nas diferentes modalidade foram:
Abalone:
1ª ES Nº 1 do Laranjeiro; 2ª ES Nº 1 do Seixal; 3ª EP de Corroios;
Damas:
1ª ES Nº 1 Corroios; 2ª ES Nº 1 Laranjeiro; 3ª ES Nº 2 Laranjeiro;
Quatro em Linha:
1ª ES Nº 1 Laranjeiro; 2ª EP de Corroios; 3ª ES Nº 1 do Seixal;
Desafios
Matemáticos: 1ª ES Nº 1 Laranjeiro; 2ª ES Nº 1 Corroios; 3ª ES Nº 1
do Seixal.
Participaram ainda equipas da ES Anselmo de Andrade e da ES António Gedeão.
Os organizadores decidiram divulgar o acontecimento, tendo este sido noticiado pelo
menos no «Jornal de Almada», na «Tribuna do Povo» e no «Nova Maré» (Nº 31).
Comentários
Os «Desafios Matemáticos» foram constituídos por três problemas (um pouco
diferentes para o 2º Ciclo e o 3º Ciclo): (a) determinar a solução para três
posições do «Solitário»; (b) compor três figuras com as peças do «Tangram»; (c)
resolver um problema de Matemática.
Eis o que foi proposto no Solitário e no Tangram (desenho publicado no «Nova
Maré»):
Fontes: Pedro Esteves / Arquivador analógico ESJA Cinco (Doc.s 110, 125, 129, 131, 132 e 152) / Pasta analógica do «Nova Maré» (Nº 31)
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