[064] A Ludoteca da Escola Secundária Nº1 do Seixal em 1992-93 e o Grupo de Investigações em Matemática

Memórias

Em 1992-93, nos documentos que se referiam à Sala de Dinamização Cultural da minha escola, a designação que se estava a começar a usar era Sala de Jogos. Mas ela continuou a albergar actividades que se distinguiam claramente do «jogo». E também deu apoio a actividades realizadas no exterior da escola.
Eis as notas que tenho sobre o que aí se passou durante este ano lectivo:

À semelhança do ano anterior, foi realizado o Concurso 16 Semanas de Problemas. A entrega dos problemas e a recepção das respostas eram feitas na Sala de Jogos.
Desta vez só foram concebidos 11 problemas, tendo sido distribuídos ao longo do 2º e do 3º períodos lectivo, um por semana. E a concepção e a digitalização decorreram no âmbito do Projecto MATlab, para também serem usados noutras escolas. Na Secundária Nº 1 do Seixal participaram 35 alunos, 34 das minhas 3 turmas do 7º e da turma do 9º, mais uma aluna de outra turma do 7º ano (perdi a ligação às turmas que não eram minhas – que terá sucedido aos meus colegas de Matemática?).
O Celestino Carmo (9º C) foi quem obteve a melhor pontuação neste concurso.

No 1º período foram disputados diversos Campeonato de Escola:
2º de Quatro em Linha (6 participantes; vencedor, o Amândio Felício, do 8º B);
1º de Cinco em Linha (6 participantes; vencedor, o Amândio Felício, do 8º B);
1º de Hex (6 x 6) (4 participantes; vencedor, o Ricardo Costa, do 7º E);
2º de Othelo, que só terminou no 2º período (5 participantes; vencedor, o José Júlio Costa, do 8º I).
E no 2º período foram disputados outros Campeonato de Escola: o 1º de Abalone, o 2º de Damas e o 5º de Xadrez (quando encontrar documentos que me lembrem como eles decorreram, divulgo-os).

No dia 19 de Novembro foi comemorado o Dia Mundial do Xadrez.
Ao longo da manhã, eu e o Jorge Fernandes (professor de Filosofia) enfrentámos cerca de 25 alunos (não todos ao mesmo tempo) numa simultânea (o José Carlos Lopes ganhou-me).

À disposição de quem quisesse estiveram ainda o «Maxixadrez», o «Minixadrez» e, como novidade, o «Hex», o «Cinco em Linha» e o «Abalone».
A TV3D da escola apareceu para filmar.

Ao longo de todo o ano funcionou, nas tardes das Quartas-feiras (por vezes também noutra tarde da mesma semana), um Grupo de Investigação em Matemática (GIM), por onde passaram cinquenta e sete Alunos, sobretudo do 7º ano (cinquenta e dois), sendo os outros do 8º ano (um) e do 9º ano (quatro). De todos eles, quarenta e nove eram alunos das minhas quatro turmas. A primeira sessão ocorreu no dia 30 de Novembro; e a última no dia 1 de Junho.
No dia 5 de Março, o dia em que houve maior participação, dezoito alunos do 7º C discutiram e acordaram comigo organizar as actividades do GIM como um ciclo: um dia para Jogos, um dia para Computadores, e um dia para o Laboratório de Matemática;
oa Jogos e o Laboratório seriam na Sala; os Computadores seriam, ou às Segundas-feiras, ou às Sextas-feira, sempre à tarde, no Centro Escolar Minerva, situado no Pavilhão C (onde se encontrava, como ainda se encontra hoje, a Biblioteca),
As actividades decorreram em 18 dias diferentes, durando, no total, cerca de 31 horas.
Aos Jogos corresponderam aproximadamente 3 horas, tendo sido abordados o Abalone, as Damas Chinesas, o Jogo de Marienbad (uma variante do Nim), o Othelo, o Pyramis, o Quatro em Linha, o TriOminos e o Xadrez.

O Laboratório precisou de umas 10 horas, tendo sido feitas experiências relacionadas Com o Jogo de Marienbad (sessão em que participou o professor José Calado), o Cálculo de PI e a Fita de Möbius. Eis a folha que relata os resultados desta última sessão e que a abriu para novas pesquisas:


O restante do total de horas, mais de metade, foi dedicado aos Computadores, sobretudo ao First Publisher (FP1), primeiro para conhecimento do seu funcionamento, depois para execução de trabalhos, nomeadamente destinados à Área Escola. Foi também experimentado o programa PC Globe.
O Bruno Gonçalves (7º D), com grandes capacidades para a Matemática, desinteressou-se rapidamente dos desafios do GIM; anotei que ele “não tem paciência para coisas simples nem para coisas principalmente colocadas pelo professor”, pelo que “é  necessário trabalhar em profundidade com este tipo de alunos, e só com eles.

Em vários Conselhos de Turma do 7º ano da agora iniciada reforma curricular foi proposto, para alguns alunos, no respectivo plano de apoio, a frequência da Sala de Jogos, para os «desinibir», para os levar a «pensar mais rápido», etc..

Através de um ex-aluno meu, o Fernando Gomes (agora no 9º G), foi acordado que a Sala disponibilizasse espaço e apoio para a organização de torneios organizados pela Associação de Estudantes, que por sua vez os divulgaria na Escola.
Foi assim que, ao longo de manhã e de tarde de 2 de Abril (último dia de aulas do 2º período) se realizou um mini Festival de Jogos


Para os mirones, havia, na Sala, fotografias, boletins, cartazes e estatísticas. E também jogos e puzzles à venda.
Para quem quis jogar, foram disputados torneios de «Quatro em Linha», de «Damas», de «Abalone» e de «Xadrez» e ainda uma simultânea assegurada pelo professor Jorge Fernandes.

A simultânea de Damas: à esquerda, o José Carlos Lopes coça a cabeça;
em frente ao professor está o Amândio Felício; à direita, o Nuno Costa segura os óculos

Ao longo de mais de 5 horas estiveram na Sala, em média, cerca de 20 alunos.

O Nuno Costa (7º C) e a Cecíla Cumar (7º D) estiveram entre os vários alunos que me ajudaram.

Tal como já fizera em anos anteriores, decidi fazer uma observação ao funcionamento da Sala, desta vez durante o intervalo das 11h25 às 11h35 do dia 24 de Maio.
Escrevi: “[sobre 7 mesas] estão colocados jogos de Xadrez, Damas, Abalone e 4 em Linha; há um Solitário na bancada; todo o tempo 14 alunos jogam nas 7 mesas, com cerca de 10 a 15 sentados a observar; quase não há mudanças neste número de 24 a 29 alunos; um conjunto de aproximadamente outros tantos alunos entrou na Sala, observou de passagem algum jogo, estacionou conversando, deu uma volta para ver se havia algo a fazer, mas só um pediu material novo para jogar, vários sairam embora alguns destes tivessem reentrado; no total de alunos, 6 são meus, todos jogando, e mais 3 participaram em campeonatos da Escola, todos jogando ou observando”.

O Bruno Pinheiro (do 7º H), cujo pai era mecânico, pediu à Dª Francisca fotocópias dos enunciados dos jogos e quebra-cabeças, para os fabricar em casa.

E a
Dª Francisca, que assegurou o apoio à Sala de Jogos durante alguns anos,  levou alguns «Quatro em Linha» para casa, para substituir os seus suportes (quebrados) por apoios em madeira (que, depois, funcionaram bem durante anos!). No entanto comunicou-me, no dia 2 de Maio, que, por falta de “segurança de trabalho”, iria deixar a escola. O seu último dia de trabalho foi em 28 de Maio.

Foi criada uma nova folha informativa da «sala de jogos», intitulada Jogos e Laboratório Matemático, cujo primeiro número teve 70 cópias.

No dia 2 de Junho o João Álvaro, do 7º G, participou, com outros colegas da Escola, num programa da Rádio Renascença dedicado às nossas actividades extra-curriculares.
A sua escolha resultou da sua participação nos Campeonatos de Escola, nas «16 Semanas de problemas», na Seixalíada e no GIM, além de ser frequentador assíduo da Sala e de se expressar muito bem.

Comentários

Por muitos documentos que guardemos, e da boa memória que possamos ter, há sempre algo que falta quando queremos contar uma história em que fomos participantes.
Desta vez queixo-me de não ter encontrado (até agora) o Nº 2 do boletim «Jogos e Laboratório Matemático», onde devem figurar os resultados de três dos Campeonatos de Escola (Othelo, Damas e Xadrez). Este é um exemplo das vicissitudes que pode afectar a consulta de qualquer arquivo!

As «16 Semanas de Problemas» tem os respectivos PDFs acessíveis através da página «Documentos» deste blogue.

Ao longo do ano fui abastecendo o José Carlos Lopes com fotocópias dos «Cahiers Techniques» das revista «Europe Échecs» (não admira que tivesse perdido com ele na simultânea de Xadrez).

A papelada de há trinta anos lembra-nos aspectos interessantes sobre o modo como era produzida. Tanto no Nº 6 dos «Desafios Matemáticos», como no cartaz que anuncia o mini Festival de Jogos, é possível observar que o velho programa de processamento de texto, First Publisher, já me permitia desenhar (sim, aquelas figuras foram desenhadas!) e associar, no mesmo ficheiro, texto e imagem.

Quando os horários começaram a ser informatizados, em vez de estarem manuscritos numa folha de papel A5, passaram a ser impressos numa folha de papel A4, isto é, gastando mais papel.
Eis o horário que me calhou para 2002-03:


Não compreendo porque razão a matriz digital dos horários ainda incluía o «Sábado».
Nem percebo porque se complicou, em cada rectângulo, o registo turma / disciplina / sala, por comparação com as bastante mais simples emendas que depois foram feitas à mão.
Com jeito, a matriz digital necessitaria apenas do tamanho de uma folha A5 ...

Mas este era um bom horário para mim, apesar de as quatro manhãs de intenso trabalho com as minhas turmas serem adicionadas com as tardes das Quarta-feiras passadas na «Sala de Jogos»), pois os três dias e meio livres me deram uma enorme ajuda para preparar as muitas actividades em que estava envolvido. Os «horários» também contam!


Fontes: Pedro Esteves / Arquivador analógico ESJA Cinco (Doc.s 59, 110, 114, 116, 120, 151 e 205) / Pasta digital Tese de Mestrado (4EXPR64)

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