Memórias
Em 1989-90, com a eminente abertura de mais uma escola nas proximidades, a «Escola Secundária do Seixal» passou a ser oficialmente chamada «Escola Secundária Nº 1 do Seixal» (na altura coloquei o «Nº 1» no fim do nome; hoje prefiro colocá-lo no meio).A primeira reunião do Conselho Pedagógico decorreu no dia 11 de Setembro.
Durante ela soube-se que:
O «Portugal dos Pequeninos» se iria manter, dado o Ministério da Educação ter imposto mais 6 turmas à Escola;
Haveria turmas de repetentes, no 7º e no 8º anos, com o máximo de 25 alunos (eu iria ser professor de uma dessas turmas);
Os Conselhos de Turma ir-se-iam reunir antes de as aulas começarem, sendo-lhes solicitada a elaboração de um mini-plano de trabalho para a respectiva turma;
Em Novembro, os Conselhos de Turma teriam reuniões intercalares, e novamente em Março;
A Semana da Escola seria realizada de 7 a 10 de Março, com a total interrupção das aulas;
A formação inicial seria acompanhada, a partir deste ano, pela Universidade Aberta, além das Escolas Superiores de Educação que já estavam envolvidas.
Para terminar esta primeira reunião, foram constituídas as «secções» que trabalhariam ao longo do ano (entre parêntesis, os grupos disciplinares dos respectivos membros):
Secção de Formação: Vítor Louro (2º A); Alice Santos, Lurdes Brites e Manuela Vieira (8º A / B); João Louro (10º A); Lurdes Martins (11º B); Palmira (Educação Física); e Alfredo Monteiro (Conselho Directivo);
Secção pedagógica: Pedro Esteves (1º); Vítor Campos (4º A); Gancho (6º); Óscar (7º); Sérgio Contreiras (8º A / B); José Calado (12º B); Gomes (Coordenador do Técnico-Profissional); Ana Chorincas (Coordenadora dos Directores de Turma);
Secção Cultural: Luís Rosado (2º B); Ana Cristina (5º); Julieta (9º); Fátima Teixeira (10º B); Paula Viegas (11º A); Francisco Sacramento (12º A); José Calqueiro (12º C); Emília (12º D); e Isabel (Religião e Moral).
No dia seguinte a Secção Pedagógica elaborou um guião para os primeiros Conselhos de Turma. Nele se recomendava atenção a: “nível de conhecimento dos alunos (ex.: o que se sabe dos anos anteriores? lançar um inquérito? etc.); nível de relação com o aluno (como garantir a convergência de atitudes dos professores? como estimular a participação dos alunos? etc.); nível de trabalho com o aluno (como rentabilizar as visitas de estudo? como explorar os recursos didácticos da Escola? etc.); nível da avaliação do aluno (que critérios» que linguagem una? que incentivo positivo à personalidade adulta em formação no adolescente? etc.).”
Na primeira reunião do Grupo de Matemática foi lembrada a proposta de Plano de Actividades elaborada no final do ano anterior, baseada nas sugestões do grupo; nela figurava a intenção de se proceder a experiências pedagógicas no 7º ano (6 turmas), nas turmas de repetentes do 8º ano e na turma de manutenção mecânica do 10º ano (técnico-profissional); apenas eu decidi concretizá-la nas minhas turmas, incluindo nela o «trabalho de grupo»; o grupo foi ainda informado de que a sala onde reunia e onde tinha os materiais do grupo, situada no piso inferior do pavilhão C, fora atribuída aos funcionários auxiliares.
Os níveis lectivos foram assim distribuídos pelos «professores efectivos» do 1ºgrupo (mais tarde seriam colocados os «provisórios»):
Couberam-me três turmas do 7º ano, mais o 12º ano do Técnico-Profissional de Manutenção Mecânica (a turma com que trabalhava desde o 10º ano).
As do 7º ano eram o 7º F, que tinha como opções a Electrotecnia e a Mecanotecnia; o 7º H, com a Mecanotecnia e os Têxteis; e o 7º I, com as Práticas Administrativas e a Electrotecnia.
Eis os alunos destas três turmas:
Desde o início deste ano a Sala de Dinamização Cultural teve uma funcionária própria, a Dona Carolina, que ai trabalhou até ao fim de Fevereiro.
As actividades de Xadrez foram integradas no Núcleo do Desporto
Escolar (o que não se repetiria).
O Conselho
Pedagógico voltou a reunir nos dias 4 e 11 de Outubro.
Esta última reunião mereceu-me 7 páginas A4 de notas manuscritas. Ao relê-las,
senti o empenho de quase todos os membros do Conselho Pedagógico na organização
«imediata» da escola (caso das regras para a Semana da Escola, que ficaram
definidas durante este mês). Mas também senti como a luta pela organização da
escola a «médio prazo» era inglória (caso da proposta do João Louro para que a
“relação pedagógica” fosse o grande tema do
Plano Anual de Actividades). E, sobretudo, senti a ausência de esforços para perspectivar
a generalidade do trabalho na Escola a «longo prazo», que igualmente se
verificou em relação à própria docência (os sindicatos dos professores estavam,
por essa altura, a procurar melhorar a proposta do Ministério da Educação sobre
o futuro Estatuto da Carreira Docente) e aos “riscos”
a ela associados, “o menor dos quais será os
professores servirem-se da Escola, em vez desta estar ao serviço dos alunos e
da Comunidade”.
Uma das queixas expressas nestas reuniões: a falta de locais de trabalho para
os professores.
Uma das críticas: a opacidade da distribuição do Orçamento
(foi repetida em ocasiões posteriores durante este ano lectivo).
E uma das informações: o João Fernandes coordenaria este ano o Desporto
Escolar.
Com data de 11 de Outubro, o Diário da República publicou o, onde se definia o
Ordenamento Jurídico da Formação Inicial e Contínua dos Educadores de Infância
e dos Professores dos Ensinos Básico e Secundário.
Comentários
Numa das reuniões do Conselho Pedagógico afirmei ter havido «falta de cuidado»
na constituição das equipas de professores para as turmas de repetentes,
sobretudo por ter contrastado com o «cuidado» havido na constituição da equipa
de professores de uma turma que integrava filhos de diversos professores.
A decisão de propor a elaboração de um plano de trabalho para as turmas, tomada
pelo Conselho Pedagógico, lembra-me o que aconteceu, mais de uma década depois,
com a lei que obrigou à elaboração dos PCTs (Planos Curriculares de Turma).
Como se verá adiante, as coisas nem correram bem em 1989-90; mas também não
iriam correr bem mais tarde. Por um lado, a «mera proposta»; por outro, a
«estrita imposição». Foram dois exageros. Penso que seria preferível proceder a
experiências voluntárias, através das quais equipas motivadas para isso
identificariam o que era e o que não era útil e viável fazer, antes de pensar em qualquer
tipo de «generalização».
Fontes: Pedro Esteves / Arquivador
analógico ESJA Dois (Doc.s 62, 81, 104, 115, 116, 117 e 118)
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