[098] Três adendas a testemunhos anteriores

Memórias e comentários

(1)

No 5º Encontro Regional da APM, realizado em Julho de 1995 na Escola Preparatória de Corroios [ver testemunho «090»], foi oferecido (a todos os participantes ou só aos dinamizadores das diversas intervenções?) este azulejo em que figura o logótipo da nossa associação:


(2)

Num outro destes encontros (qual terá sido?) foi oferecido este bonito bordado com a letra inicial do nome próprio de quem o recebeu (o «P» tinha a ver com «Pedro» - é possível que, desta vez, dado tratar-se de um artesanato mais trabalhoso, tenha sido oferecido apenas a quem dinamizou intervenções):

O centro da imagem está desfocado, talvez porque o scanner se concentra
na moldura, por ser ela que está encostada ao vidro


Estes dois «presentinhos» testemunham o relacionamento humano subjacente à organização de um Núcleo Regional, evidenciando que o «desenvolvimento profissional» pode ser alicerçado no «desenvolvimento de comunidades».

(3)

Uma das consequências de ir sendo conhecida «fora de portas» a acção do Núcleo Regional da APM foi a solicitação de intervenções em torno das ideias que lhe estavam subjacentes, como a que foi feita num Encontro do Núcleo Regional de Viseu em Março de 1996 [ver testemunho «097»]
Outra intervenção deste tipo, não referida acima, foi realizada no Liceu Camões (Lisboa), por solicitação do Centro de Formação Forum Rui Grácio, em 16 e 17 de Fevereiro de 1995: a «acção de formação» intitulada O Lúdico e o Experimental na Matemática (3º Ciclo do Ensino Básico). Coube-me dinamizá-la, embora, tanto quanto me recordo, sem grande entusiasmo, talvez por ter intuído que as circunstancias – tratava-se de um «curso» - não eram favoráveis ao estabelecimento de uma aprendizagem cooperativa).


Fontes: Pedro Esteves / Caixa com documentos do Núcleo da APM e das Escolas de Almada e Seixal

[097] Rede de projectos ligados à Matemática nas escolas de Almada e Seixal (balanço no final de 1995-96)

Mini estudo de caso

Nos testemunhos «058», «079», «095» e «096» fiz o balanço dos projectos de escola e interescolas de que registei a existência no âmbito da minha tese de mestrado, por terem estado ou ainda estarem, no final de 1995-96, ligados ao ensino e aprendizagem da Matemática nos concelhos de Almada e Seixal.
Esses projectos interescolas articularam vários projectos de escola já pré-existentes e inspiraram novos projectos. Todos eles, mais alguns outros projectos que se desenvolveram independentemente, foram divulgados, pelos professores que os animaram, através dos encontros organizados anualmente pelo Núcleo Regional da APM. Nenhum destes projectos esteve, portanto, isolado, formando aquilo a que se pode chamar uma «rede».

A rede de projectos

Os projectos interescolas foram três, tendo sido descritos em anteriores testemunhos publicados neste blogue: o AlterMATivas (curricular), o MATlab (extracurricuar) e o InterMAT (curricular e extracurricular). No cronograma seguinte estão assinalados os anos lectivos em que as escolas que nele são referidas tiveram pelo menos um professor envolvido num dos projectos interescolas (com a cor vermelha no caso de ele ser curricular e com a cor verde no caso de ele ser extracurricular; se esse envolvimento correspondeu à participação na autoria formal do projecto, essa cor inclui um «A»). Nos casos em que uma escola teve, simultaneamente, outros projectos ligados à Matemática, esse outro facto não é assinalado. Estão ainda assinalados os anos em que uma escola, não tendo professores envolvidos em projectos interescolas, teve projectos ligados à Matemática (as suas cores mantém-se mas são mais claras).


 

É visível neste cronograma o grande aumento das iniciativas conhecidas que surgiram após 1989-90, ano em que foi fundado o Núcleo da A. P. M. em Almada e Seixal; é portanto plausível que o associativismo tenha estado associado a esta expansão dos projectos relacionados com a Matemática, nomeadamente através dos interescolas. No entanto, é preciso admitir que possam ter ficado por conhecer outros projectos, sobretudo os realizados na década de 1980 (há diversos indícios deles noutros testemunhos já publicados neste blogue).

É ainda visível neste cronograma que a maior parte das iniciativas recenseadas se situou no campo extracurricular, abrangendo alunos do 2º e do 3º Ciclos e do Secundário, com a maioria das escolas ligadas através dos projectos interescolas; e que as iniciativas curriculares, de escola ou interescolas, se verificaram quase exclusivamente nas escolas com 3º Ciclo e Secundário.

A divulgação e a formação

As intervenções públicas dos professores que leccionavam Matemática nos concelhos de Almada e Seixal iniciaram-se, tal como as recenseei, na década de 1980. Mas só a partir de 1990-91, com a realização do primeiro Encontro Regional, elas começaram a ser dirigidas para os professores locais, mantendo-se as que visavam os professores de outras paragens. Assim, procedo a duas distinções: entre intervenções de «divulgação» (D) dos projectos em curso nos concelhos de Almada e Seixal e de «formação» (F), ou seja, de todas as outras; e entre intervenções «internas» (I), se dirigidas a professores de Almada e Seixal, e intervenções «externas» (E), se dirigidas a colegas de várias regiões (nomeadamente nos ProfMat, os encontros nacionais de professores de Matemática).
A lista que se segue inclui todas as intervenções recenseadas, até ao final do ano de 1995-96, tenham elas estado ou não associadas a projectos concebidos e implementados regionalmente.

Por ordem tanto quanto possível cronológica:

ProfMat, Bragança (1987)

Comunicação (FE): ATITUDES DOS ALUNOS FACE À RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS: INFLUÊNCIA DO TIPO E DA FORMA DO PROBLEMA, por Dora Almeida (aluna na FCL)

ProfMat, Porto (1988)

Comunicação (FE): QUE FORMAÇÃO DE PROFESSORES?, por Diamantina Carmona e Margarida Junqueira (Projecto Minerva, FCT da UNL)

ProfMat, Viana do Castelo (1989)

Sessão Prática (FE): TRABALHO DE PROJECTO E O LOGO, por Sérgio Valente (ES Anselmo de Andrade) e Margarida Junqueira (Projecto Minerva, FCT da UNL)

ProfMat, Caldas da Rainha (1990)

Comunicação (FE): A MÁQUINA DE CALCULAR NA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA NO 1º CICLO, por Manuel Figueiredo (Escola Preparatória Nº 1 de Miratejo)

Comunicação (FE): EDUCAÇÃO MATEMÁTICA E TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO: UM SEMINÁRIO PARA FORMAÇÃO DE PROFESSORES, por Margarida Junqueira (Projecto Minerva, FCT da UNL)

Contributo para (FE) a FEIRA DE IDEIAS E MATERIAIS, por Ana Paula (ES Anselmo de Andrade), Mirita Sousa e Fernanda M. Paula (em escolas não identificadas)

1º Encontro Regional (Julho 1991)

Relato e debate (DI): O PROJECTO ALTERMATIVAS, por Ana Cristina Fonseca (ES Cacilhas), Filomena Teles (ES Anselmo de Andrade), José Tomás (ES Francisco Simões), Palmira Barroso (ES Ruy Luís Gomes), Pedro Esteves (ES José Afonso) e Rita Vieira (ES Emídio Navarro)

Relato e debate (DI): A VIAGEM NUM MUNDO EM TRANSFORMAÇÃO (DE ERATÓSTENES A PEDRO NUNES), por Cristina Neto, Joana Guerreiro e Patrícia Cascais (ES Anselmo de Andrade)

Relato e debate (DI): UM VERDADEIRO MOVIMENTO, por Cremilde Ribeiro e Margarida Junqueira (Projecto Minerva, FCT da UNL)

Relato e debate (DI): NOVAS TECNOLOGIAS NO ENSINO DA MATEMÁTICA (11º ANO), por Sérgio Valente (ES Anselmo de Andrade)

Sessão prática (FI): O VALOR EDUCATIVO DO PROBLEMA EM MATEMÁTICA, por Ana Boavida e José Manuel Matos (FCT da UNL)

Relato e debate (DI): MAIS UMA PROPOSTA PARA O SUCESSO, por Ana Paula Aguilar, Francisca Angelino, Maria Gardete, Maria do Rosário Figueiredo, Palmira Barroso e Regina Caeiro (EBS Ruy Luís Gomes)

Relato e debate (DI): O CLUBE DE MATEMÁTICA, por Ana Paula Natal e Lídia Lourenço (ES Anselmo de Andrade)

Relato e debate (DI): O PROJECTO DA MATEMÁTICA DA ESCOLA SECUNDÁRIA Nº 1 DE CORROIOS, por Doroteia Costa e Mirita Sousa (ES Nº 1 de Corroios)

ProfMat, Porto (1991)

Sessão Plenária (FE): APÓS O OBJECTIVISMO: QUE MUDANÇAS NA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA?, por José Manuel Matos (FCT da UNL)

Comunicação (FE): FORMAÇÃO DE PROFESSORES NA ESCOLA E/OU PARA A ESCOLA?, por Diamantina Carmona (FCT da UNL) e Evangelina Nobre (ES Alfredo da Silva)

A Matemática à Conversa, série de debates na A.P.M. (Maio 1992)

Debate (FE): 20 HIPÓTESES PARA 3 ESPAÇOS, por Pedro Esteves (ES José Afonso), Rita Vieira (ES Emídio Navarro) e Teresa Nascimento (EB Comandante Conceição e Silva)

Novas Perspectivas de Ensino-Aprendizagem da Matemática, seminário da U. Minho em Vila Nova de Famalicão (Junho 1992)

Relato (DE): APRESENTAÇÃO DO PROJECTO ALTERMATIVAS, por Pedro Esteves (ES José Afonso) e Rita Vieira (ES Emídio Navarro)

Encontro CAL de Almada (Julho 1992)

Comunicação (DE): MATEMÁTICA – DESCOBRIR A GEOMETRIA COM “LE GÉOMETRE”, por Ana Teresa Alves e Palmira Barroso (EBS Ruy Luís Gomes)

Comunicação (DE): GRÁFICOS DE ALGUNS FENÓMENOS, por Rita Vieira (ES Emídio Navarro)

2º Encontro Regional (Julho 1992)

Relato (DI): PROJECTO DE MATEMÁTICA DA ESC. SEC. Nº 1 DE CORROIOS, por Doroteia Costa e Mirita Sousa (ES João de Barros)

Relato (DI): PROJECTO MATLAB, por Pedro Esteves (ES José Afonso)

Relato (DI): CLUBE DE JOGOS MATEMÁTICOS / ESC. PREP. CORROIOS, por Fernanda Coelho (EB Corroios)

Sessão prática (FI): AULA INTERDISCIPLINAR, por Luísa Lopes e Sérgio Valente (ES Anselmo de Andrade)

Sessão prática (FI): DESCOBRIR A GEOMETRIA COM O CABRI-GEOMÈTRE, por Ana Teresa Mateus e Palmira Barroso (EBS Ruy Luís Gomes) e Margarida Junqueira (Projecto Minerva, FCT da UNL)

Sessão prática (FI): JOGOS, GEOPLANOS, PUZZLES, ETC., por Fernanda Coelho, Gastão Cristelo e Isabel Gameiro (EB Corroios) e Teresa Nascimento (EB Comandante Conceição e Silva)

Sessão prática (FI): GRÁFICOS, por Pedro Esteves (ES José Afonso)

ProfMat, Viseu (Novembro 1992)

Sessão Temática (FE): GEOMETRIA E VISUALIZAÇÃO, por José Manuel Matos (FCT da UNL) e Maria de Fátima Gordo (ESE de Setúbal)

Sessão prática (FE): LABORATÓRIO DE MATEMÁTICA: DAS EXPLORAÇÕES ÀS ELABORAÇÕES, por José Tomás (EBS Ruy Luís Gomes), Pedro Esteves (ES José Afonso), Rita Vieira (ES Emídio Navarro) e Teresa Nascimento (EB Comandante Conceição e Silva)

Grupo de Trabalho (FE): GEOMETRIA NO 3º CICLO, por Diamantina Carmona (FCT da UNL), Fátima Gordo (ESE de Setúbal) e Margarida Junqueira (Projecto Minerva da FCT da UNL)

Sessão prática (FE): A MATEMÁTICA E OS DESCOBRIMENTOS, por Patrícia Cascais (ES Francisco Simões)

Sessão prática (FE): THALES – UMA FERRAMENTA EXPLORATÓRIA PAR A APRENDIZAGEM DA TRIGONOMETRIA, por Margarida Junqueira (projecto Minerva da FCT da UNL) e Sérgio Valente (ES Anselmo de Andrade)

Comunicação Oral (FE): CONTRIBUTO PARA A GESTÃO DO PARADOXO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA: O CASO Ö2, por Ana Luísa Paiva (ES Padre António Vieira) e António Jorge Andrade (FCT da UNL)

1º Encontro Regional do Núcleo A.P.M. de Coimbra (Abril 1993)

Sessão prática (FE): (título não encontrado), por Pedro Esteves (ES José Afonso)

Grupo de Trabalho 5º / 7º anos, Núcleo Almada-Seixal (ao longo de 1992-93)

Sessões práticas (FI): MATERIAIS / CALCULADORAS / AVALIAÇÃO / PROPORCIONALIDADE DIRECTA / SEMELHANÇAS / Z & Q / ESTATÍSTICA, por Ana Baltazar (ES Manuel Cargaleiro), Ana Mota (ES Emídio Navarro), Arminda Chambre e José Tomás (EBS Ruy Luís Gomes), Fernanda Albuquerque (escola não identificada), Patrícia Cascais (ES Francisco Simões) e Pedro Esteves (ES José Afonso)

Projecto AlterMATivas (algures em 1992-93)

Debate (FI): FUNÇÕES, por Pedro Esteves (ES José Afonso)

3º Encontro Regional (Julho 1993)

Painel (FI): AS FORMAS DA REFORMA, com Ana Paula Natal (ES Anselmo de Andrade), Dora Almeida (ES Monte da Caparica) e Pedro Esteves (ES José Afonso)

Sessão prática (FI): O JOGO: QUE MOTIVAÇÕES?, por José Tomás (EBS Ruy Luís Gomes), Pedro Esteves (ES José Afonso) e Rita Vieira (ES Emídio Navarro)

Sessão prática (FI): FUNÇÕES COM CALCULADORAS GRÁFICAS, por Helder Martins e Maria da Luz Duarte (escola não identificada)

Sessão prática (FI): MODELAÇÃO EM MATEMÁTICA, por António Domingos e José Manuel Matos (FCT da UNL)

Sessão prática (FI): PROPOR DESAFIOS, ESTIMULAR PESQUISAS, por José Tomás (EBS Ruy Luís Gomes), Pedro Esteves (ES José Afonso) e Rita Vieira (ES Emídio Navarro)

Relato (DI): PROJECTO INTERMAT, por Filomena Teles (ES Anselmo de Andrade)

Sessão prática (FI): O SENTIDO PESSOAL E SOCIAL DA MATEMÁTICA, por Ana Maria Boavida e José Manuel Matos (FCT da UNL)

Debate (FI): A A.P.M. E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES, com Filomena Teles (ES Anselmo de Andrade) e José Tomás (EBS Ruy Luís Gomes)

ProfMat, Ponta Delgada (Outubro 1993)

Comunicação oral (DE): A MATEMÁTICA, NAS MARGENS DO CURRÍCULO, por Pedro Esteves (ES José Afonso), Rita Vieira (ES Emídio Navarro) e Teresa Nascimento (EB Comandante Conceição e Silva)

Painel (FE): A PLURALIDADE EDUCATIVA: NA SALA DE AULA, NOS PROGRAMAS, NOS PERCURSOS INDIVIDUAIS, com José Manuel Duarte (ES Parede), Julio Mosquera (U Central da Venezuela), Lina Vicente (ES Pedro de Santarém), Paulo Abrantes e Pedro Esteves (ES José Afonso)

Grupo de Discussão (FE): REFLEXÕES SOBRE O NOVO PROGRAMA DE MATEMÁTICA DO 10º ANO, por Ana Vieira Lopes (ES Restelo) e Maria João Lagarto (ES do Monte da Caparica)

Grupo extracurricular do Projecto InterMAT (ao longo de 1993-94)

Sessões práticas (FI): JOGOS & PUZZLES / OFICINA DE MATERIAIS / ORGANIZAÇÃO DE COMPETIÇÕES / ACTIVIDADES DE APROFUNDAMENTO NUMA LUDOTECA / COMPLEMENTOS CURRICULARES / LABORATÓRIO DE MATEMÁTICA / DOBRAGENS COM PAPEL, por Ana Mota e Rita Vieira (ES Emídio Navarro), Ana Paula Filipe e Celeste Ganço (EB Amora), Filomena Teles (ES Anselmo de Andrade), Gastão Cristelo (EB Corroios), Fernando Camejo (ES António Gedeão), José Tomás (EBS Ruy Luís Gomes), Lídia Matias (EB Vale de Milhaços), Patrícia Cascais (ES Francisco Simões), Pedro Esteves (ES José Afonso) e Teresa Nascimento (EB Comandante Conceição e Silva)

ESEMAT, ESE de Lisboa (Abril 1994)

Comunicação oral (FE): A MATEMÁTICA, NAS MARGENS DO CURRÍCULO, por Pedro Esteves (ES José Afonso) e Teresa Nascimento (EB Comandante Conceição e Silva)

Projectos e Formação: Acção, Reflexão e Matemática, seminário do Centro de Formação da APM (ao longo de 1993-94)

Relato (DE): INTERMAT, por Filomena Teles (ES Anselmo de Andrade)

4º Encontro Regional (Julho 1994)

Sessão prática (FI): PROBABILIDADES NO ENSINO SECUNDÁRIO, por Margarida Junqueira (Projecto Minerva da FCT da UNL) e Sérgio Valente (ES Anselmo de Andrade)

Sessão prática (FI): LABORATÓRIO DE MATEMÁTICA, por Ana Mota (ES Emídio Navarro), Patrícia Cascais (ES Francisco Simões) e Pedro Esteves (ES José Afonso)

Sessão prática (FI): INTERDISCIPLINARIDADE FÍSICA / MATEMÁTICA, por Ângela Queiroz, Isabel Barrau, Manuela Cruz e Vera Figueiredo (ES Anselmo de Andrade)

Sessão prática (FI): ACTIVIDADES EM GEOMETRIA, por Conceição Tomás e Filomena Teles (ES Anselmo de Andrade)

Conferência (FI): MATEMÁTICA, CULTURA E EDUCAÇÃO, por Ana Maria Boavida e José Manuel Matos (FCT da UNL)

ProfMat, Leiria (Novembro 1994)

Curso (FE): MATERIAIS MANIPULÁVEIS NO 3º CICLO, por Patrícia Cascais (ES Francisco Simões), Pedro Esteves (ES José Afonso), Rita Vieira (ES Emídio Navarro) e Teresa Nascimento (EB Comandante Conceição e Silva)

Conferência (FE): APRENDIZAGENS DE MATEMÁTICA, OU DE QUE SÃO FEITOS OS CONCEITOS MATEMÁTICOS?, por José Manuel Matos (FCT da UNL)

Relato (DE): LUDOTECAS, CLUBES E LABORATÓRIOS DE MATEMÁTICA, por Pedro Esteves (ES José Afonso)

Conferência (FE): PROJECTOS E FORMAÇÃO, por Albano Silva (ESE de Portalegre), Cristina Loureiro (ESE de Lisboa) e Pedro Esteves (ES José Afonso)

Comunicação Oral (DE): CONSTRUÇÕES GEOMÉTRICAS EM AMBIENTES COMPUTACIONAIS DINÂMICOS: UMA EXPERIÊNCIA NO 9º ANO, por Margarida Junqueira (ES S. João do Estoril)

Projecto MATlab (ao longo de 1994-95)

Sessões práticas (FI): TEOREMA DAS 4 CORES / TEOREMA DE PITÁGORAS / MAGIAS COM MATEMÁTICA / TORRE DE HANÓI / TEORIA DOS JOGOS, por Ana Mota e Rita Vieira (ES Emídio Navarro) e Pedro Esteves (ES José Afonso)

5º Encontro Regional (Julho 1995)

Conferência (FI): DE QUE É FEITA A APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA?, por José Manuel Matos (FCT da UNL)

Sessão prática (FI): EXPLORAÇÕES MATEMÁTICAS: TEOREMA DE PITÁGORAS & TEOREMA DAS QUATRO CORES, por Ana Mota e Rita Vieira (ES Emídio Navarro) e Pedro Esteves (ES José Afonso)

Conferência (FI): OS FRACTAIS E A NATUREZA, por Manuel Esquível (FCT da UNL)

Sessão prática (FI): A APRENDIZAGEM DO CONCEITO DE FUNÇÃO COM RECURSO A FERRAMENTAS COMPUTACIONAIS, por António Domingos (FCT da UNL) e Maria Violante Mestre (ES Bocage)

Sessão prática (FI): GEOMETRIA NO ENSINO SECUNDÁRIO, por Margarida Junqueira (ES S. João do Estoril) e Sérgio Valente (ES Anselmo de Andrade)

Mesa redonda (FI): ENSINO DA MATEMÁTICA: REFLEXÕES SOBRE O FIM DE UM CICLO, com Fernando Camejo (ES António Gedeão), Gastão Cristelo (EB Corroios), Patrícia Cascais (ES Francisco Simões) e Pedro Esteves (ES José Afonso)

ProfMat, Évora (Novembro 1995)

Grupo Temático (FE): A REFORMA, A MATEMÁTICA E O 3º CICLO, por Ana Mota e Rita Vieira (ES Emídio Navarro), Pedro Esteves (ES José Afonso) e Teresa Nascimento (EB Comandante Conceição e Silva)

Conferência (FE): CONJECTURA, PROVA, GEOMETRIA E COMPUTADORES: COMO INTERLIGAR?, por Margarida Junqueira (Projecto Minerva, FCT da UNL)

4º Encontro Regional de Viseu (Março 1996)

Sessão Prática (FE): CLUBES, LUDOTECAS E LABORATÓRIOS DE MATEMÁTICA, por Ana Mota e Rita Vieira (ES Emídio Navarro), Pedro Esteves (ES José Afonso) e Teresa Nascimento (EB Comandante Conceição e Silva)

6º Encontro Regional (Julho 1996)

Grupo de Trabalho (FI): SITUAÇÕES PROBLEMÁTICAS EM GEOMETRIA – BREVE INTRODUÇÃO AO CABRI-GÉOMÈTRE, por Ana Baltazar (ES Manuel Cargaleiro) e Sérgio Valente (ES Anselmo de Andrade)

Sessão Prática (FI): A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA NA SALA DE AULA, Isabel Cristina Dias (escola não identificada) e Maria João Lagarto (ES do Monte da Caparica)

Sessão Prática (FI): O COMPUTADOR E OS JOGOS EDUCATIVOS EM MATEMÁTICA O 1º CICLO, por Conceição Patrício e Sara Cacela (escolas não identificadas)

Esta lista inclui 89 intervenções, realizadas ao longo de nove anos lectivos, ou seja, uma média de quase 10 intervenções por ano.

Destas intervenções, 37 foram realizadas em 5 Encontros Regionais (média superior a 7 por encontro), 24 em 9 ProfMats (média entre 2 e 3 por ProfMat) e 28 em outros tipos de encontro, tendo a sua disribuição por ano lectivo sido esta:


Conforme o seu tipo, essas intervenções distribuiram-se assim:


A maioria destas intervenções teve carácter «interno» (DI + FI).
A «divulgação» começou por ser «interna» (DI), passando gradualmente a ser «externa» (DE).
E a grande maioria foi «formação» (FI + FE), embora em boa parte baseada na experiência dos projectos regionais.
Foram quatro os anos lectivos em que o número destas intervenções mais se destacou: 1991-95, com um ponto alto em 1992-93.

A escrita

As intervenções dos professores que leccionaram Matemática nos concelhos de Almada e Seixal não se limitaram a ser «ao vivo», tenham elas, depois, sido ou não registadas numa «acta». Alguns destes professores também escreveram para revistas, nomeadamente para a «Educação e Matemática» da APM. Mas esses escritos nunca visaram divulgar projectos por eles implementados (embora, também nestes casos, alguns se tenham neles inspirado): a decisão de os escrever terá sobretudo resultado de aprendizagens pessoais não limitadas pelas preocupações com as aplicações profissionais. No entanto, para compreender a relação entre as dinâmicas individuais e as colectivas nesta região, também é importante considerar estas intervenções.

Os artigos que recenseei foram os seguintes:

Ensino da Matemática nos Anos 80 (1982)

ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE O ENSINO DA GEOMETRIA, por José Manuel Leonardo de Matos (ES Nº 2 de Beja), Maria Clara Duarte Leite de Almeida e Maria Luísa Sequeira Carvalho Teixeira (ES Linda-a-Velha)

PROFMAT

Nº 1 (1985): MATERIAIS MANIPULATIVOS NO ENSINO DA MATEMÁTICA, por Domingos Fernandes (ESE de Viana do Castelo), Cecília Monteiro (ESE de Lisboa), Henrique Guimarães (FC da UL) e José Manuel Matos (ESE de Santarém)

Nº 1 (1985): A EXPANSÃO DOS COMPUTADORES NO ENSINO E A FORMAÇÃO, por Gertrudes Amaro (ESE de Beja) e José Manuel Matos (ESE de Santarém)

Nº 1 (1985): OS CONCEITOS DE GEOMETRIA DOS FUTUROS PROFESSORES PRIMÁRIOS E EDUCADORES DE INFÂNCIA, por José Manuel Matos (ESE de Santarém)

Educação e Matemática

Nº 5 (1988): A TRAVESSIA DO DESERTO E AS SUCESSÕES, por Ana Baltazar (ES Maria Amália Vaz de Carvalho)

Nº 6 (1988): UM EXEMPLO DE DIDÁCTICA DA GEOMETRIA, por José Manuel Matos (FCT da UNL)

Nº 7 (1988): A DANÇA DAS CIRCUNFERÊNCIAS, por Ana Paula Natal (na ES Maria Amália Vaz de Carvalho)

Nº 7 (1988): contributo para PROBLEMAS / IDEIAS / SUGESTÕES, por Ana Paula Natal e Maria de Jesus Bicho (ES Maria Amália Vaz de Carvalho)

Nº 11 (1989): TRIGONOMETRIA ... COM UM POUCO DE SORTE!, por Ana Baltazar (na EBS Ruy Luís Gomes) e Fátima Delgado (na ES Anselmo de Andrade)

Nº 11 (1989): LOGO.MAT, por Margarida Junqueira (Projecto Minerva, FCT da UNL) e Sérgio Valente (ES Anselmo de Andrade)

Nº 11 (1989): VAMOS JOGAR, por José Paulo Viana (ES Marquês de Pombal), Paula Teixeira (escola não identificada) e Rita Vieira (ES Emídio Navarro)

Nº 12 (1989): VAMOS JOGAR, por José Paulo Viana (ES Marquês de Pombal), Paula Teixeira (escola não identificada) e Rita Vieira (ES Emídio Navarro)

Nº 13 (1990): QUE PAPEL PARA OS MANUAIS ESCOLARES? UMA SONDAGEM JUNTO DOS AUTORES, por Henrique Guimarães (FC da UL) e Pedro Esteves (ES José Afonso)

Nº 13 (1990): MATERIAIS PARA A AULA DE MATEMÁTICA, por Ana Paula Natal (ES Anselmo de Andrade)

Nº 13 (1990): CONSTRUA VOCÊ MESMO, por José Paulo Viana (ES Marquês de Pombal), Paula Teixeira (escola não identificada) e Rita Vieira (ES Emídio Navarro)

Nº 13 (1990): VAMOS JOGAR, por José Paulo Viana (ES Marquês de Pombal), Paula Teixeira (escola não identificada) e Rita Vieira (ES Emídio Navarro)

Nº 14 (1990): LOGO.MAT, por Margarida Junqueira (Projecto Minerva, FCT da UNL) e Sérgio Valente (ES Anselmo de Andrade)

Nº 14 (1990): VAMOS JOGAR, por José Paulo Viana (ES Marquês de Pombal), Paula Teixeira (escola não identificada) e Rita Vieira (ES Emídio Navarro)

Nº 15 (1990): O PROBLEMA DO PROFMAT 90, por Pedro Esteves (ES José Afonso)

Nº 15 (1990): VAMOS JOGAR, por José Paulo Viana (ES Marquês de Pombal), Paula Teixeira (escola não identificada) e Rita Vieira (ES Emídio Navarro)

Nº17 (1991): MVT-CO: OUTRA FORMA DE, A BRINCAR, DESCOBRIR A MATEMÁTICA, por Margarida Junqueira (Projecto Minerva da FCT da UNL) e Maria de Lourdes Fernandes (ES Parede)

Nº 19-20 (1991): A PRETEXTO DA REFORMA, por Henrique Guimarães (FA da UL) e José Manuel Matos (FCT da UNL)

Nº 19-20 (1991): OPINIÕES SOBRE OS NOVOS PROGRAMAS. UMA SONDAGEM AOS PARTICIPANTES NO PROFMAT 91, por Henrique Guimarães (FA da UL) e José Manuel Matos (FCT da UNL)

Nº 21 (1992): HEX DA MULTIPLICAÇÃO, pelo projecto AlterMATivas, com um contributo da NCTM

Nº 23 (1992): PERSPECTIVAS INTERDISCIPLINARES EM FÍSICA E MATEMÁTICA, por Cremilde Ribeiro e Margarida Junqueira (Projecto Minerva, FCT da UNL)

Nº 24 (1992): IMPRESSÕES DE UM PROFMAT, por Pedro Esteves (ES José Afonso)

Nº 26 (1993): VISUALIZAÇÃO ESPACIAL: ALGUMAS ACTIVIDADES, por Fátima Gordo (ESE de Setúbal) e José Manuel Matos (FCT da UNL)

Nº 27 (1993): ESTUDANDO JUROS EM DIVERSOS MOMENTOS DA HISTÓRIA, por José Manuel Matos (FCT da UNL)

Nº 27 (1993): HISTÓRIA EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA: MODA OU NECESSIDADE?, por Ana Vieira (escola não identificada), Eduardo Veloso (instituição não identificada) e José Manuel Matos (FCT da UNL)

Nº 31 (1994): PROFISSÃO: PROFESSOR DE MATEMÁTICA, por José Manuel Matos (FCT da UNL)

Nº 33 (1995): DIRK STRUIK FEZ 100 ANOS!, por Maria João Lagarto (ES do Monte da Caparica)

Nº 39 (1996): DESCOBRIR SEGREDOS NA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA, UM MODO AGRADÁVEL DE PASSAR A TARDE!, por Margarida Junqueira (ES S. João do Estoril)

Estes 33 escritos distribuiram-se assim ao longo dos anos lectivos em que foram publicados (excepto os 4 primeiros, todos os outros foram-no na revista «Educação e Matemática»):


Os anos em que estes escritos ocorreram em maior número foram seis: 1988-93, ou seja, começaram mais cedo que as intervenções «ao vivo» e abrandaram, sensivelmente, pela mesma altura (os números da revista «Educação e Matemática», nestes anos, eram publicados com alguma atraso).

Comentários

Na primeira metade da década de 1990 muitos professores descreveram as suas intervenções escolares como «projecto», designando também desta forma outras iniciativas que haviam tomado na década anterior. Isso é perceptível no modo como o José Tomás, a Filomena Teles e a Rita Vieira, na transição para a segunda metade dos anos 90, se referiram ao que haviam feito e visto fazer nas suas escolas (reler, respectivamente, os testemunhos «050», «060» e «068»).

Na base dos «projectos» estão os seus «autores» (os que o conceberam) e os seus «actores» (os que os implementaram), papéis que sempre coincidiram nos casos a que me referi acima (tratando-se dos projectos colectivos, verificaram-se diferentes graus de participação).
Mas os «projectos» também podem ter «vozes», ou seja, quem os divulgue, ou quem divulgue aquilo para que eles foram inspiração; e há, ainda, «vozes» que se fazem ouvir sem que tenham como origem um «projecto». Acima, as primeiras «vozes» estão sobretudo agrupadas na segunda parte deste testemunho (a «divulgação e a formação») e as segundas na terceira parte (a «escrita»).

As «vozes» que divulgaram os projectos, ao expressarem o que se fez, ou o que mais se aprendeu com o que se fez, ensaiaram a «compreensão» daquilo sobre que falaram; e, potencialmente, ajudaram a que outros professores se tornassem «autores e actores» de futuros projectos. Assim, estas «vozes» parecem-me terem sido o aspecto decisivo dos «projectos», sendo a sua expressão um primeiro passo para uma visão mais profunda sobre a profissão docente.
Já a «escrita» destinada a ser publicada em revistas, e que agrupei na terceira parte deste testemunho, se configura como tendo sido, mais frequentemente, a expressão de percursos mais individuais, mais afastados do núcleo central da profissão docente, embora também a enriquecendo.

Foram estas 54 as «vozes», referidas acima, que intervieram em encontros do associativismo dos professores de Matemática (na condição de terem leccionado Matemática, ou outra disciplina, nos concelhos de Almada e Seixal):

Ana Baltazar, Ana Boavida, Ana Cristina Fonseca, Ana Mota, Ana Paula, Ana Paula Aguilar, Ana Paula Filipe, Ana Paula Natal, Ana Teresa Alves, Ana Teresa Mateus, Ângela Queiroz, Arminda Chambre, António Domingos, António Jorge Andrade, Celeste Ganço, Conceição Patrício, Cremilde Ribeiro, Cristina Neto, Diamantina Carmona, Dora Almeida, Doroteia Costa, Fernanda Albuquerque, Fernanda Coelho, Fernando Camejo, Filomena Teles, Francisca Angelino, Gastão Cristelo, Helder Martins, Joana Guerreiro, José Manuel Matos, José Tomás, Isabel Barrau, Isabel Gameiro, Lídia Lourenço, Lídia Matias, Luisa Lopes, Manuel Esquível, Manuel Figueiredo, Manuela Cruz, Margarida Junqueira, Maria Gardete, Maria João Lagarto, Maria da Luz Duarte, Maria do Rosário Figueiredo, Mirita Sousa, Palmira Barroso, Patrícia Cascais, Pedro Esteves, Regina Caeiro, Rita Vieira, Sara Cacela, Sérgio Valente, Teresa Nascimento e Vera Figueiredo.

E foram estas as 11 «vozes» que se expressaram publicamente através de revistas ligadas ao ensino da Matemática (apenas 2 não figuram na anterior lista):

Ana Baltazar, Ana Paula Natal, Cremilde Ribeiro, Fátima Delgado, José Manuel Matos, Margarida Junqueira, Maria João Lagarto, Maria Luísa Teixeira, Pedro Esteves, Rita Vieira e Sérgio Valente.

Para entender a dinâmica (interna e externa) desta rede de projectos, é necessário continuar observação do que lhe sucedeu nos anos lectivos seguintes.
No entanto, três problemas longitudinais se podem colocar desde já aos «projectos» (não à sua «rede»):

(1º) Nalgumas ocasiões do projecto AlterMATivas (interescolas) sentiu-se que a existência de um planeamento introduziu uma «rigidez» na actuação dos professores envolvidos. Então, como flexibilizar os objectivos e os processos dos «projectos» para que tal não aconteça?

(2º) O contexto de alguns dos projectos de escola foi-lhes fortemente desfavorável; o José Tomás (no testemunho «093») chegou a afirmar que as escolas são “instituições anti-projecto”; mas, nos anos 90, investigadores como Rui Canário esperavam que as escolas se organizassem em torno dos «projectos» (outros, como José Alberto Correia e Stephen Stoer, eram mais comedidos sobre isso). Então, como reforçar as defesas dos «projectos de escola», sem lhes fazer perder as suas potencialidades de aí inspirarem iniciativas semelhantes?

(3º) A subtil hierarquização introduzida pelos concursos que apoiam financeiramente os projectos é uma das origens (ou até a única) para a rigidez da sua implementação. Haverá alternativa a esses apoios?


Notas sobre as fontes usadas e sobre o modo como as usei:

* As escolas referidas foram-no através do seu nome actual (tanto quanto os consegui identificar);
* Há intervenções que não referi por não figurarem nas actas dos encontros em que foram feitas, não dispondo eu de outras informações sobre elas; o caso mais extremos é o do 6º Encontro Regional, pois as suas actas não foram feitas

* A publicação de diversas intervenções não refere as escolas de quem interveio (por exemplo, desconheço quem seria a «Isabel Amorim» que foi responsável pela Sessão Plenário O CAOS NO ENSINO SECUNDÁRIO);
* Apesar de figurarem no programa do 4º Encontro Regional, não encontrei registo (nem nos arquivadores do Núcleo Regional) sobre quem participou na Mesa Redonda PENSAR A REFORMA e no Debate A FORMAÇÃO CONTÍNUA DE PROFESSORES (apenas encontrei o registo das presenças no segundo, mas não o registo das presenças na primeira);
* Apesar de ter referências noutros documentos à preparação do Painel A AULA DE MATEMÁTICA, pelo menos com José Manuel Matos (FCT da UNL) e Filomena Teles (ES Anselmo de Andrade), e do Painel DIFERENTES FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO NA AULA DE MATEMÁTICA, pelo menos com Patrícia Cascais (ES Francisco Simões), as Actas do ProfMAT de 1995 não as publicam (as intervenções terão sido concretizadas?);
* As fontes discordam em alguns pormenores, pelo que a decisão sobre a versão a apresentar foi tomada por mim, de acordo com a memória e com a crítica à plausibilidade de cada uma das versões)


Fontes:

Actas dos Encontros Regionais (1991; 1992; 1993; 1994; e 1995);
Actas dos ProfMAT (1987, 1988, 1989, 1990, 1991, 1992 1993, 1994 e 1995);
Actas de «Ensino da Matemática nos anos 80»
Pedro Esteves / Documentos digitais / tese de mestrado (ficheiros «4EXPR2», «4EXPR3», «4EXPR6», «4EXPR8» e «4EXPR9»);
Revistas «Educação e Matemática» (1 a 39);
Testemunhos neste blogue: «058», «079», «095» e «096»

[096] Projectos ligados à Matemática nas Escolas Secundárias de Almada e Seixal (balanço no final de 1995-96)

Memórias

Depois de ter resumido, no testemunho «058», o que soube sobre os projectos ligados à Matemática nas escolas de Almada e Seixal, até ao final de 1991-92, actualizei-o, no testemunho «095», até ao final de 1995-96, apenas para as Escolas Básicas, e actualizo-o agora para as Escolas Secundárias.
Incluo agora algumas informações não prestadas no testemunho «058».


Escola Secundária Anselmo de Andrade

1992-96

O «Clube da Matemática», que tinha sido criado no ano 1990-91 e foi transformado em Projecto MATlab no ano seguinte, teve como animadoras em 1992-93 as professoras Ana Cristina Fonseca, Ana Paula Natal e Filomena Teles. Paralelamente, elas contaram com o apoio do João Leonardo, técnico desportivo da Câmara Municipal de Almada, para o ensino do Xadrez.

Desde 1992-93 que um grupo informal de professores se reúne para implementar aquilo a que chamaram Interdiciplinaridade Física / Matemática; a inspiração para este trabalho veio do Sérgio Valente e a respectiva coordenação esteve a cargo da Ângela Queiroz.

Em 1993-94 a Conceição Tomás (acabada de entrar nesta Escola) e a Filomena Teles criaram o Grupo de Complementos ao Espaço-Aula, iniciando aí a recolha de actividades destinadas a ajudar a responder a situações em que os Alunos: ou “não contactaram com determinadas áreas de conhecimento em anos anteriores”, podendo superá-lo “com uma certa autonomia e alguma orientação”; ou têm “bastantes dificuldades necessitando de programas de recuperação”; ou possuem “capacidades especiais”. As actividades recolhidas, no primeiro ano centradas na Geometria, foram depois integradas no Centro de Recursos de Matemática da escola, juntando-se a outros materiais já aí existentes (manipuláveis e audiovisuais).

A Filomena queixou-se de, em 1995-96, a iniciativa dos professores se ter reduzido, como consequência da obrigatoriedade de frequência de «Cursos» para obter «créditos».


Escola Secundária Nº 1 de Corroios (actual Escola Secundária João de Barros)

1992-96

O LUDOMAT, herdeiro (por parte da Matemática) do «Clube de Ciência (que era multidisciplinar), associou-se a dada altura, através da Mirita Sousa, ao Projecto MATlab (interescolas), tendo mantido essa ligação quando este, em 1994-95, se prolongou como Projecto InterMAT (igualmente interescolas).

A Sala de Jogos, foi criada em 1992-93 e desde aí dinamizada pelos professores de Matemática; em 1995-96 foram atribuídas poucas horas equivalentes a serviço lectivo aos professores por ela responsáveis (em comparação com as do ano anterior), tendo vários desses professores decidido manter-lhe o seu apoio sem qualquer compensação no horário lectivo.

Numa pequena descrição feita em 1996 lia-se o seguinte: “Durante o 1º período a sala está aberta para o aluno jogar, no 2º período todos os anos se promove um torneio onde se seleccionam os alunos para participarem no Inter Escolas. Nos últimos dias de aulas, de cada período, organizam-se durante o dia inteiro actividades. A sala teve, o ano anterior, muita gente a participar, este ano um pouco menos porque a sala está menos horas aberta (os alunos lamentam que isto aconteça). Já se realizaram 2 feiras de jogos.” “A compra dos jogos para a sala tem tido o apoio do Projecto Viva a Escola.” “Este ano já se reproduziu o jogo do «ori» a partir dum jogo de um aluno.” “O «ori» vai ser promovido este ano, pelo LUDOMAT em colaboração c/ o trabalho da área escola de 2 turmas do 8º ano (os alunos estão a reproduzir + jogos e vão dá-los a conhecer e realizar um torneio na escola.
No final do ano, para a realização de um campeonato interno, a E. S. J. Afonso emprestou ao LUDOMAT um exemplar do «ori» (era um procedimento que fazia parte da colaboração entre as escolas envolvidas no projectos interescolas MATlab e InterMAT e que garantia alguma segurança às que dispunham de menos material).


Escola Secundária da Cova da Piedade (actual Escola Secundária António Gedeão)

1992-95

A sala designada por Cantinho da Matemática foi inaugurada no 9 de Abril de 1992, tendo, em 1992-93, sido partilhada com o Clube de Filatelia, tendo também sido local para algumas aulas.
Os professores de Matemática realizaram aí actividades do tipo «clube», durante 15 horas por semana (a Luísa Teixeira dispõe de 2 horas de redução de serviço lectivo).
Nesta sala os alunos dispunham de jogos e de um dossier com material; algumas turmas utilizaram-na para comemorar a 100ª aula de Matemática; e no dia 25 de Maio foi aí realizada uma exposição e realizados jogos, integrado no Dia da Escola; de Janeiro a Junho frequentaram esta sala 534 alunos, segundo o dossier das requisições.
Foi também com o apoio desta sala que foi editada uma folha informativa.

No ano lectivo seguinte a Luísa Teixeira, a Paula e o Fernando Camejo apresentaram ao 5º Concurso do I.I.E. (promovido pelo Instituto de Inovação Educacional) um projecto que viria a financiar o Cantinho da Matemática com 151 contos.

Em 1994-95 este espaço associou-se ao Projecto InterMAT (interescolas), através do Fernando Camejo, da Luísa Teixeira e da Maria João Silva; os dois primeiros tinham, cada um, 2 horas de redução semanal de serviço lectivo (o que se manteve nos anos seguintes).
O Cantinho começou a ter ao seu lado a Sala de Estudo (o que se manteve no ano seguinte), sendo partilhada com outros núcleos; tinha uma funcionária responsável, que no entanto se desdobrava por outras tarefas, em simultâneo.
Com o financiamento obtido o Cantinho adquiriu diversos jogos e publicações e construiu novos materiais; em Maio editou o Nº 0 do jornal “O Pitágoras”, lançado no dia da Escola; durante o ano foram feitas 1 359 requisições, sobretudo de Abalone, Rummikub e Master Mind.
Uma nova candidatura ao Concurso do I.I.E., para continuação do apoio ao projecto, não resultou e a solicitação de 45 000$ à C. M. Almada também não.
Foi elaborado o Regulamento do “Cantinho”, que viria a ser incluído no Regulamento Interno da Escola, e foi produzido um logotipo próprio, com o apoio de uma professora de Educação Visual.
No Dia da Escola foi realizado o “Problema do Dia da Escola”, para alunos, professores e funcionários, tendo todos os participantes recebido prémios.

1995-96

O «Cantinho» passou a ter duas funcionárias; um aluno caboverdeano da Luisa Teixeira, que não incomodava nas aulas mas que também nada fazia, viu o “Ouri” em exibição no anterior Interescolas de Jogos de Reflexão e disse à professora que a avó lhe tinha trazido um de Cabo Verde; passou a fazer os trabalhos de casa, tendo ficado combinado ser a ele a apresentar este jogo aos seus colegas, durante a Semana da Matemática.
Durante o 1º período (a sala só abriu em Outubro) foram feitas 916 requisições, sendo as mais frequentes as dos alunos do 7º ano, bem como as do Abalone, do Rummikub e do Connections; em Janeiro foram feitas 296, ainda com preponderância do 7º ano, e do Rummikub, do Abalone e do Master Mind. O total das requisições até ao final de Abril envolveu 1373 alunos do 3º Ciclo e 327 de alunos do Secundário.
Todos os meses colocou-se um jogo novo no “núcleo” do Cantinho (que já inclui 31 exemplares de 15 jogos diferentes).
À medida que o final do ano se aproximou verificou-se uma descida notável do número de requisições.


Escola Secundária Emídio Navarro

1991-96

A Sala de Tempos Livres (ou Projecto MATlab) esteve associada ao Projecto MATlab (interescolas) desde o seu início (1991-92). Em 1992-93 e nos anos lectivos seguintes a coordenação deste espaço usufruiu de horas de redução do serviço lectivo (desde 1993-94 possui duas professoras coordenadoras).
A escola garantiu-lhe sempre um apoio financeiro.
Em Junho de 1995 esta sala participou na Exposição Interactiva sobre Ciência, organizada pelo Grupo de Estágio de Física-Química da escola e que depois esteve patente em Almada durante uma semana (as 1ªs Jornadas Interactivas de Divulgação da Ciência).
Como Ludoteca, está previsto que este espaço venha a ser integrada no futuro Centro de Recursos da escola.


Escola Secundária Fernão Mendes Pinto

1991-96

As Jornadas da Matemática começaram a ser realizadas em 1991-92 e foram-no, sem interrupção, até 1995-96 (cinco edições).
Cada ano teve um tema, tendo uma vez sido dedicado aos matemáticos portugueses e doutra vez a diversos outros matemáticos; em 1995-96 o tema escolhido foi o jogo (o «boletim informativo de quatro páginas dedicado a estas jornadas intitula-se “Vamos jogar com a Matemática”).
Em anos anteriores as jornadas duravam uma semana e chegaram a ser feitas conferências. Este ano elas duram só um dia, pois dá muito trabalho desalojar as aulas de todo um pavilhão, escalar 1-2 professores do grupo para cada sala envolvida, motivar a comunidade, etc.; foram escolhidas quatro salas, duas para «Jogos, puzzles, problemas», outra para «Exposição e venda de livros e de jogos» e uma última para «Projecção de filmes».

Todos os anos são realizadas na escola as Olimpíadas da Matemática.

Em 1993-94 o projecto GEOMAT fez parte do Projecto InterMAT (interescolas), através das professoras Isabel Amaro, Isabel Fernandes, Paula Marques e Rosário Almeida.

Em 1995-96 foi lançado na escola o concurso intitulado O Problema do Mês, mas não recebeu qualquer resposta; foi também lançado um Clube de Matemática, destinado sobretudo a alunos do 3º Ciclo, mas só apareceram alunos do Secundário (e muitos do 12º ano, com dúvidas do tipo daquelas que se põem na Sala de Estudo nas vésperas de um teste); as duas professoras que tinham, cada uma, uma hora para animar este Clube acharam que o objectivo não era aquele, perceberam que assim não havia continuidade de trabalho (havia dias em que não aparecia ninguém), pelo que decidiram encerrar o Clube, transformando as horas disponíveis em mais horas curriculares com o 12º ano.


A escola criou um Grupo para Apoio Específico, destinado à Matemática, ao Português e ao Inglês; a professora de Matemática que aí esteve envolvida tinha 6 horas por semana de redução lectiva, de modo a apoiar alunos do 10º ao 12º ano; também ela não gostou muito do trabalho que fez, queixando-se de os alunos só aparecerem nas vésperas dos testes; as três colegas que tinham 12º ano encontraram-se duas vezes por semana para preparar as aulas.
O material pedagógico de que a escola dispõe, nomeadamente o que foi herdado do GEOMAT, está guardado numa pequena salinha que pertence ao grupo de Matemática, e que é o seu centro de recursos; ele virá, naturalmente, a ser integrado no futuro Centro de Recursos da Escola (que está em fase de preparação).


Escola Secundária Francisco Simões

1991-96

O Clube de Matemática terá sido iniciado em 1991-92, quando os professores organizaram uma “Semana da Matemática” muito concorrida, e que tanto mobilizou os docentes como envolveu o próprio Conselho Directivo.

Dois anos depois, em 1993-94, o clube conseguiu dispor de uma sala, bastante grande, apetrechada com armários e partilhada por diversos clubes; foi necessário que cada um destes escrevesse algumas linhas para a Direcção Regional da Educação de Lisboa; o Conselho Pedagógico pediu um relatório por período; a escola apoiou financeiramente; nunca houve Funcionária que o apoiasse, nem nesse ano nem nos anos seguintes.
Nesse primeiro ano o Clube de Matemática esteve associado ao Projecto InterMAT (interescolas), através da Patrícia Cascais, havendo mais quatro professores (não de Matemática) envolvidos na sala, com um total de 10 horas semanais de redução de serviço lectivo, divididas por igual; o Xadrez era então dinamizado por outros professores, na Biblioteca.

Em 1994-95 foi atribuída uma sala só para o Clube de Matemática, com cerca de 1/3 do tamanho de uma sala de aula normal, com três armários, um para os recursos pedagógicos da Matemática, os outros dois para jogos e puzzles, tendo algum deste material chegado via Projecto InterMAT e o restante sido comprado pela escola; o material pedagógico para a Matemática encontrava-se ou junto à Sala de Professores, de modo a ser facilmente levado para as aulas, ou no clube; estes materiais são bastante utilizados, mas algum deles, como é o caso do Polydron, só o podem ser nas aulas de apoio, pois não há peças suficientes para uma turma inteira; é no clube que se realizam as reuniões do Grupo de Matemática, se disputam os campeonatos da escola de jogos de reflexão (às Quartas-feiras, depois das 16h30) e, entretanto, se faz a dinamização municipal do xadrez.

Em 1995-96, a escola atribuiu 9 horas equivalentes a serviço lectivo para a animação do clube, 3 para a coordenadora, e 2+2 +1+1 para outros quatro colegas do grupo de Matemática; elas estão marcadas no horário da sala e os alunos sabem que nessas alturas podem lá ir jogar; uma funcionária auxiliar, que tirou um curso de animação cultural, confessou, particularmente, que gostaria de se tornar responsável permanente pela sala do Clube de Matemática.


Escola Secundária José Afonso

1988-96

A Sala de Dinamização Cultural foi criada em 1988-89, tendo começado a ser designada por “Sala de Jogos” em 1992-93, altura em que aí começou a funcionar o Grupo de Investigação em Matemática (nesse ano passaram por ele 55 Alunos, sobretudo do 7º ano, mas também do 8º e do 9º anos).
Nessa sala os alunos dispunham de jogos e de quebra-cabeças para jogar e resolver durante os intervalos das aulas, ou quando os seus professores faltavam; e foi nela que se deu apoio a diversos Concursos de Problemas e se realizaram, anualmente ,os Campeonatos de Escola de jogos de reflexão.

Em 1993-94 este espaço foi financeiramente apoiado pelo Instituto de Inovação Educacional, através do 5º Concurso Nacional de Projectos Educar inovando / Inovar educando. E foi deste apoio que nele nasceu o Laboratório de Matemática da escola.

A Ludoteca e o Laboratório de Matemática estiveram associados aos projectos MATlab e a InterMAT (ambos interescolas).


Escola Secundária do Monte da Caparica

1995-96

O Centro de Recursos da escola começou por envolver os professores de Inglês e incluiu, neste ano, a colaboração de professores de Francês, de Matemática e de Português, cada um com 4 horas de redução equivalentes a serviço lectivo (duas delas para atender os alunos e as outras duas para, por exemplo, produzir materiais).
Foi com base neste espaço que foram realizados os Campeonatos da Escola que deram acesso ao Interescola de Jogos de Reflexão.


Escola Secundária Nº 1 do Laranjeiro (actual Escola Básica e Secundária Professor Ruy Luís Gomes)

1991-96

O projecto Descobrir a Geometria com o CABRI-Géomètre (já referido no testemunho «059») decorreu em 1991-92, tendo como origem um curso dado pela Margarida Junqueira na Escola Secundária Anselmo de Andrade e contando com a dinamização da Ana Teresa Mateus e da Palmira Barroso e com o apoio da Margarida; foi concretizado numa turma do 9º ano da Ana Teresa, com o suporte presencial da Palmira e, por vezes, da Margarida.
A turma foi dividida em duas metades, cada uma com 12 alunos, que alternaram na utilização do programa CABRI e na resolução de outros problemas, sobre o mesmo tema, usando materiais tradicionais; para tal, desde o fim do 2º período e durante o 3º período, a turma teve 3 aulas semanais no Centro Educativo Minerva da Escola, sendo a quarta aula na sala de sula, para síntese de aprendizagens.

O Clube de Jogos inaugurou a sua sala em 1991-92, estando nele envolvidos 4 professores (um deles com 2 horas de redução de serviço lectivo), tendo o arranjo do espaço e o arranque das actividades tido a ajuda de alguns alunos.

Dois dos professores fizeram a ligação ao Projecto MATlab (interescolas).
Em 1992-93 foram vários os professores que dispuseram de uma hora de redução do serviço lectivo para trabalhar neste clube.
Em 1993-94, através do José Tomás Gomes, o clube associou-se ao projecto ImterMAT (interescolas), mas viveu uma crise interna, que se expressou pela não participação no 2º Interescolas de Jogos de Reflexão.
Em 1994-95 o clube concorreu ao 6º Concurso de Projectos do I.I.E., sendo financiado.

Na opinião do José Tomás, quase todos os professores de Matemática se envolveram no “Clube de Jogos, com áreas de responsabilidade [...] e portanto eu achei que se calhar estavam dados passos fundamentais para depois a malta agarrar no Clube, portanto retirei-me”; mas eles “iam lá abrir o Clube, ver se chegavam miúdos, se não chegavam miúdos vinham-se embora ao fim de uma hora, fechavam, [...] não conseguiram dar o salto”. E isso voltou a suceder em 1994-95.
“E em 1995-96”, continuou o José Tomás, “apenas foram atribuídas 2 horas equivalentes a serviço lectivo para todos os clubes da escola, pelo que o grupo de Matemática, responsável pelo Clube, decidiu não trabalhar nele sob estas condições, razão pela qual também se recusaram a participar no Interescolas; a sala esteve por isso fechada” (tem cerca de 10 metros quadrados, com mais 3 do anexo onde se guardam materiais em diversos suportes).


Externato Frei Luís de Sousa

1993-94

Durante o mês de Fevereiro o Externato Frei Luís de Sousa (Almada) recebeu e animou a exposição Descobrimentos e Ensino da Matemática, constituída por instrumentos de navegação e cartazes que resultaram dos trabalhos de alunos em resposta a um concurso nacional lançado pela A.P.M. em 1991-92.



Comentários

Nem sempre estiveram explícitas nas descrições que me permitiram escrever o anterior resumo quais os problemas iniciais que levaram os professores a tomar estas iniciativas. Um deles terá sido a falta de materiais didácticos na respectiva escola; num ou noutro caso procurou-se garantir aprendizagens não feitas até aí; e, mais ou menos transversalmente, nota-se a consciência de haver falta de oportunidades para que a socialização dos alunos lhes trouxesse uma motivação que a escola tradicional raramente proporcionava.
Muito mais claras estão as hipóteses iniciais formuladas para responder a esses problemas: no caso da motivação dos alunos, a hipótese foi a de que o seu interesse pela Matemática iria crescer com a abordagem (ou até imersão) desta disciplina em contextos extracurriculares (concursos, jogos e quebra-cabeças reflexivos, etc.).
A forma prática das respostas dadas foi variada e esteve quase sempre explícita: o Clube, a Janela, a Ludoteca, o Núcleo, o Laboratório e, no caso de o «problema» ser dos professores, o Projecto e quer a organização local, quer a organização interescolas.
Já os balanços sucessivos das sucessivas soluções encontradas em cada escola estão pouco claros, o que pode ter sido uma das limitações para o seu sucesso a longo prazo (podendo no entanto o meu desconhecimento deles resultar das minhas enormes limitações documentais sobre as iniciativas que descrevi).

Houve, ainda, alguns novos problemas que pareceram surgir a estes professores: bem explícito num só caso, o das dinâmicas conflituais entre docentes; discretamente emergente noutros casos, o das pressões da organização escolar para o sucesso curricular sobre as actividades realizadas extracurricularmente (fazendo adivinhar as dificuldades que surgiriam no futuro).



Fontes:
Pedro Esteves / Documentos digitais (tese de mestrado, ficheiro «4EXPR16»);
Testemunhos «058» e «079» deste blogue.
 

[095] Projectos ligados à Matemática nas Escolas Básicas de Almada e Seixal (balanço no final de 1995-96)

Memórias

No testemunho «058» fiz o balanço do que sabia sobre os projectos relacionados com a Matemática nas escolas da Margem Sul em finais de 1991-92.
Mas essa recolha de dados prosseguiu, associada às actividade do Núcleo da APM e, a dada altura, também em função da dissertação da tese de mestrado. Foi, tanto quanto possível, sistemática.
Apresento a seguir o que respiguei acerca das Escolas Básicas.


Escola Preparatória da Amora (actual Escola Básica Pedro Eanes Lobato)

1992-96

A Ana Paula, a Celeste Ganço e a Maria José Marques, depois de criarem uma Ludoteca em 1991-92, na Biblioteca, obtiveram da escola um espaço próprio para as actividades aí realizadas. A escola prestou apoio financeiro, para a compra de jogos, e concedeu às três dinamizadoras (e a outros professores e também a uma Funcionária) tempos para a abertura da Sala e para a preparação e coordenação das actividades aí realizadas, nomeadamente as Semanas do Jogo e os Campeonatos de Escola. No relatório sobre 1994-95 as coordenadoras escreveram que “Sem preocupação de explorar conteúdos científicos, o projecto pretendeu proporcionar, aos alunos, vivências lúdicas que desenvolvessem capacidades e atitudes do domínio afectivo e educasse para a cidadania”.


Escola Preparatória de Corroios (actual Escola Básica de Corroios)

1992-96

Nas actividades do Clube de Jogos Matemáticos, criado por sete professores em 1991-92, os alunos preferiam os “materiais manuseáveis” (quebra-cabeças com fósforos, Tangram) aos passatempos com “o lápis e o papel”. Foi com vase neste clube que foram organizados os “Campeonatos de Jogos de Reflexão”, as “Jornadas da Matemática” e um “Concurso de Problemas Interturmas” e criada uma “Janela da Matemática”, onde se foram mostrando trabalhos dos alunos (como um sobre pavimentações que cruzava a ideia do puzzle com o recorte de fotografias) e prestadas informações, por exemplo sobre as regras do jogo de Xadrez (pois, paralelamente, também foi criado um “Clube de Xadrez”, pelo professor Gastão Cristelo).


Escola Preparatória da Costa da Caparica (actual Escola Básica da Costa da Caparica)

1995-96

A Ludoteca desta escola só foi criada tardiamente, disponibilizando aos alunos diversos jogos de reflexão (Xadrez, Abalone, Quarto, Othelo, etc.).


Escola Preparatória da Cova da Piedade (actual Escola Básica Comandante Conceição e Silva)

1992-96

A Janela da Matemática manteve-se em funcionamento desde 1991-92, animada pela Teresa Nascimento e por vários outros professores. Apoiou um Concurso de Problemas de Matemática, diversos Torneios de Jogos e cursos de iniciação ao Xadrez promovidos pela Câmara Municipal de Almada, com um monitor próprio (os alunos mais interessados no Xadrez puderam também dirigir-se ao Clube Recreativo Piedense, situado nas proximidades, onde, de 2ª feira a Sábado, tinham o apoio do mesmo monitor).


Escola Preparatória do Feijó (actual Escola Básica do Feijó)

1992-96

A Nazaré Antunes animou durante alguns anos um Clube de Matemática nesta escola, que só interrompeu devido à sua participação no projecto da sua escola, o «InforCom», que associava informação e telemática, de que uma parte dizia respeito à Matemática, o InforMat. Esse projecto candidatou-se em 1994-95 ao 7º Concurso do Instituto de Inovação Educacional, tendo a Nazaré, a Helena Mesquita e o Américo sido os seus animadores.


Escola Preparatória de Vale de Milhaços (actual Escola Básica de Vale de Milhaços)

1992-96

Em 1991-92 a Lídia Matias criou um Clube de Matemática, depois designado Núcleo de Matemática e, mais tarde, transformado em Ludoteca. Foi aí que ela começou a animar o concurso “Problemas para Pensar”. Em 1993-94, com a Célia Madeira, face à existência de muito pouco material didático na Escola, estas duas professoras decidem comprá-lo e/ou fabricá-lo; e assim constituíram um conjunto de jogos, de passatempos e de notícias. Em 1995-96 acentuou-se a exploração da vertente lúdica, possível devido à disponibilização de espaço próprio, com funcionamento contínuo, inclusive nos intervalos entre as aulas.

Comentários

Destas seis escolas, três estiveram em contacto com o Projecto MATlab, em 1991-93, e cinco com o Grupo Extracurricular do Projecto INTERMAT, em 1993-94.

Poucas vezes estão explícitas os problemas iniciais que levaram os professores a escolher estas iniciativas (a falta de materiais didácticos na escola é uma das excepções e a falta de as situações que desenvolvam a cidadania é outra), embora, implicitamente, eles estejam quase sempre claros (em particular a desmotivação que muitos alunos demonstram perante a Matemática quando é abordada curricularmente).
Muito mais claras estão as hipóteses iniciais formuladas para responder a esses problemas: no caso da motivação dos alunos, a hipótese foi a de que o seu interesse pela Matemática iria crescer com a abordagem (ou até imersão) desta em contextos extracurriculares (concursos, jogos e quebra-cabeças reflexivos, etc.).
A organização prática destas respostas foi variada e esteve quase sempre explícita: Clube, Janela, Ludoteca, Núcleo.
Já os balanços das sucessivas soluções encontradas em cada escola estão pouco claros, o que pode ter sido uma das limitações para o seu sucesso a longo prazo (podendo no entanto o seu desconhecimento por mim resultar das minhas enormes limitações documentais sobre estas iniciativas).


Fontes:
Pedro Esteves / Documentos digitais (tese de mestrado, ficheiro «4EXPR16»);
Testemunho «058» e «o79» deste blogue. 

[094] O 2º Encontro «Educação e Memórias: Almada e Seixal

Memórias

Realizado no passado dia 29 de Janeiro, de novo na Escola Básica de Vale de Milhaços, este encontro foi constituído por três intervenções.

O Pedro Esteves descreveu o projecto AlterMATivas, através do qual um grupo de professores das Escolas Secundárias Anselmo de Andrade, de Cacilhas, Emídio Navarro, Nº 1 e Nº 2 do Laranjeiro e Nº 1 do Seixal anteciparam, nos anos lectivos de 1990-91, 1991-92 e 1992-93, com os seus alunos, a reforma curricular no 3º Ciclo. E apelidou de «Matemática Experimental» a estratégia pedagógica genérica que esses professores escolheram, como a que está subjacente ao seguinte exemplo:


Por fim, comentou as duas «hipóteses de partida» que tinham sido formuladas, concluindo que a opção por um projecto próprio fora benéfica para o modo como os professores que o implementaram se envolveram nas mudanças que estavam em curso e que a Matemática Experimental, se fora benéfica para as aprendizagens de muitos alunos, mas não o fora para todos, colocando como nova hipótese a necessidade de uma sua mais profunda participação.

O Manuel Lima contou como a construção de canoas na Escola Secundária Moinho de Maré (entretanto desactivada) proporcionou, no início do Verão, descidas do rio Tejo a grupos de alunos e de professores. E contou como, mais tarde, já na Escola Secundária João de Barros, essas descidas se alargaram a outros rios, e como destas iniciativas resultou a fundação de Clubes de Canoagem nas Escolas de Corroios.


Ao descrever uma das descidas que foram melhor documentadas fotograficamente, o Manuel Lima contou ainda como ela proporcionou um contexto favorável a diversas aprendizagens, por alunos e por professores, nos campos das Ciências da Natureza e da Geografia Humana, e, sobretudo, ao desenvolvimento de amizades duradouras.

E a Ângela Mota, a Helena Peixinho e o Manuel João descreveram as múltiplas actividades artísticas iniciadas na Escola Básica António da Costa, que, ao se diversificarem, justificaram a criação da Associação Mundo do Espectáculo, hoje com uma larga história e um presente pleno de intervenções:

Comentários

Como participante (e interveniente) neste encontro gostaria de registar algumas questões que me fizeram pensar, acrescentando-as às que já registei a propósito do 1º Encontro (testemunho «091»):

(1) Estes três testemunhos (diferentemente dos relatados no 1º Encontro) evidenciaram fortes colaborações entre professores, e, em dois deles (os que descreveram projectos mais duradouros), a importância da diversidade dos seus contributos: de que modo o sucesso dos projectos depende deste factor?

(2) Estes três testemunhos referiram-se a projectos que foram pensados para serem interescolas (ou que não hesitaram em o ser quando isso lhes proporcionou um crescimento), e também neste aspecto foram diferentes dos relatados no 1º Encontro: não estarão hoje as iniciativas das escolas (e dos agrupamentos de escolas) limitadas pelo seu encerramento em si próprias?

(3) Não será o associativismo docente imprescindível para que sejam realizados e ampliados os projectos que surgem numa escola (assim o parecem sugerir um dos testemunhos do 1º Encontro e outro do 2º Encontro)?

(4) Que tipo de parcerias ajudam estes projectos a serem concretizados e, sobretudo, a serem ampliados?

(5) A participação dos alunos, desejada (mas diferentemente concretizada) pelos dinamizadores dos seis projectos testemunhados nestes dois encontros, não dependerá daquilo que for definido (mesmo se apenas implicitamente) como «sucesso escolar» (ou como «sucesso educativo»)? E se assim for, não deverá esta definição ser mais amplamente debatida por todos?


Informação: as actas deste Encontro, bem como outros documentos com elas relacionados, estarão em breve acessíveis através do link referido no final do testemunho «091» (onde fiz um breve comentário sobre o «1º Encontro»).


Fontes: Pedro Esteves / Arquivos digitais [pasta «Educação e Memórias: Almada e Seixal» / «2º Encontro (29 de Janeiro de 2025)»]

[093] Um ano lectivo muito diferente (sobretudo para mim): 1995-96

Memórias


As eleições legislativas de 1995 foram ganhas pelo candidato da oposição, António Guterres, o que levou, no dia 28 de Outubro, a uma mudança de ministros da educação: saíu Manuela Ferreira Leite e entrou Eduardo Marçal Grilo (este manteve-se no cargo até 25 Outubro de 1999, quase quatro anos).
Houve um única outra novidade relevante no sistema educativo durante este ano lectivo, a generalização da Reforma Curricular ao 12º ano de escolaridade. Mas, para mim, este ano foi muito diferente do habitual, por razões que nada tiveram a ver com estas mudanças vindas do topo do sistema educativo: com a parte curricular do mestrado concluída, o respectivo projecto de investigação aprovado e um Ano Sabático para o implementar, não tinha turmas para leccionar, embora, cumulativamente ao desafio que assumira, quisesse continuar a dar um apoio na minha (Ludoteca e elaboração do Projecto Educativo) e no Núcleo da APM (Interescolas de Jogos de Reflexão e Encontro Anual de Professores).

Pretendia, com a investigação, compreender a dinâmica cultural gerada pelos professores de Matemática que se tinham envolvido no Núcleo da APM, desde que este fora fundado, em 1989-90. Para isso, precisava de apreciar documentos que haviam registado esta curta história e, para os interpretar, precisava de entrevistar alguns dos colegas que nela tinham estado mais empenhados.
Para as entrevistas escolhi a Filomena Teles, o José Tomás e a Rita Vieira (mais tarde o meu orientador, o José Manuel Matos, quis que eu acrescentasse uma auto-entrevista). Concretizei as três entrevistas em 26 de Setembro e em 16 e 23 de Novembro, usando, como era inevitável naquela altura, um gravador analógico e as respectivas cassetes para as registar magneticamente numa fita:


O gravador analógico e as cassetes com as entrevistas gravadas


A parte mais dura foi a transcrição do som (analógico) para a escrita (digital). Ainda hoje é uma actividade demorada, apesar de tudo ser digital, mas naquela altura era-o ainda mais, pois os dispositivos de controlo do som (pára, arranca; pára, arranca) eram difíceis de manejar. No entanto tinha uma pequena compensação estética: como este trabalho foi feito na Alemanha (onde estava a minha família mais próxima), fi-lo sentado em frente a uma janela onde, frequentemente, podia ver a neve a cair lá fora.

Uma das vantagens de ser o entrevistador a fazer a transcrição (há quem a encomende) é passar mais tempo com os entrevistados. Não é só ouvi-los de novo, é também escrever o que ouve, tendo portanto mais tempo para ir pensando no que ouviu e assim reforçando a empatia com quem falou. Este maior envolvimento levava a que, ao fim de algumas manhãs, quando saía de casa para ir almoçar, ainda estava a «falar» ou com a Filomena, ou com o Zé, ou com a Rita, até me dar conta de que, à «nossa volta», estava a nevar.

Já usei parte destas três entrevistas quando fiz o balanço do projecto AlterMATivas [testemunhos «069» a «073»]. E nelas também abordei os outros dois projectos interescolas que o Núcleo da APM lançara, o MATlab e o InterMAT; além, claro, da vida associativa que os tornou todos estes projectos possíveis.
Vou voltar a essas entrevistas, seleccionando desta vez o que nelas há de «balanço» do que fizéramos e, por vezes, de «sonho» em relação ao futuro. Estávamos, por volta desse ano lectivo, num momento de «transição», que nada tinha a ver com a mudança de ministros, e que estava muito para além daquilo que nos era de imediato perceptível. Na altura não o percebi, mas hoje essa «transição» já se me tornou muito mais clara.

Para a Rita Vieira, saber que existiam materiais didáticos, como o geoplano, que se podiam usar na aprendizagem da Matemática, não tinha sido suficiente para que ela se decidisse levá-los para as suas aulas. Foi sobretudo com o projecto AlterMATivas que ela deu “o grande salto”: se “já sabia” que era importante os alunos usarem “alguns materiais”, “trabalharem em grupo”, “tirarem conclusões”, “fazer conjecturas”, também sabendo que havia quem o fizesse, sem que “nunca” o tivesse “visto”, foi com os colegas do Núcleo com quem viria a trabalhar no AlterMATivas que ela sentiu ter um “apoio de rectaguarda”, um grupo onde poderia “discutir aquilo”.
Já antes do AlterMATivas, na altura em que foi fundado o Núcleo da APM, com colegas que ela não conhecia (à excepção da Ângela e da Filomena), se tinha gerado um ambiente do tipo «E se a gente fizesse, e se a gente fizesse?», ela sentira ter-lhe aparecido um grupo onde teria a coragem para dar “o grande salto”.
As vantagens de trabalhar em grupo também existiram no projecto MATlab, embora aí as oportunidades fossem menos intensas, pois os produtos finais não as exigiam tanto, dado se tratar de um projecto extracurricular. Foram portanto estes projectos, e o Núcleo, que “vieram resolver um problema, que foi o trabalho em grupo”. E isso foi importante para ela porque não tinha tido situações dessas na escola, a não ser muito pontualmente.

No entanto a Rita ficou com uma dúvida fundamental acerca do relacionamento que tinha com os alunos, conforme trabalhava com eles nas aulas, ou fora das aulas: “Eu gostava de perceber o que é que se passa dentro de uma aula que faz com que duas pessoas, as mesmas, mudem de espaço e tenham uma atitude completamente diferente, não só em relação um ao outro mas em relação ao próprio trabalho”, desabafou. No ano anterior ela tinha estado “com não sei quantos miúdos a construir sólidos” geométricos para uma exposição que os professores estagiários de Física e Química da sua escola fizeram em Almada; “eles estiveram ali [sempre com grande “alegria”] a fazer aquilo, a contar os quadrados que eram precisos, a contar quantas faces, e depois como é que é os vértices, e depois como é que [tudo se une].” Então, “o que é que se passa? o que é que muda?” entre a aula e o fora da aula?

Mas, continuou ela, naquela altura os projectos associados ao Núcleo também estavam a ter problemas, pois nem estavam activos, nem os seus materiais estavam a ser utilizados. E deu uma pista para isso: “Se não tivesse havido Reforma [Curricular] a gente tinha continuado a trabalhar”; os novos manuais escolares até tinham sido elaborados por colegas com quem nós concordávamos “mais ou menos”, pelo que teremos sentido que não precisávamos de fazer os nossos materiais, e o AlterMATivas “esvaziou-se aí”.
Quanto ao MATlab, que não desapareceu logo, se se verificou um aumento do número de participantes, a sua intensidade de trabalho passou a ser mais reduzida, apesar de haver imensas ideias por explorar.

O que se estava a passar com os projectos, comentou a Rita, também tinha a ver com o Núcleo. Ela chamou a atenção para haver professores que tinham deixado de aparecer, talvez para tratarem das “suas coisinhas” nas respectivas escolas, ou para evitarem assumir responsabilidades na coordenação do Núcleo (nós defendíamos que esta devia ser rotativa). E também reparou que havia professores que intervinham nos encontros anuais organizados pela APM mas não nos do Núcleo. E isso trazia o “perigo” de os encontros regionais serem transformados “em ir lá alguém [de fora] a debitar” e nós [os de dentro] apenas a “receber”.
“O que me apetecia propor” concluiu a Rita, era “fazer um levantamento exaustivo do que as pessoas estão a fazer, mas as pessoas podem não estar para isso, não é”, podem não querer que aquilo que fazem seja “como um trabalho integrado no Núcleo”; e, nesse caso, “o Núcleo não serve para nada e então acaba-se com ele”, pois além do encontro regional de professores “começa a não servir para nada”.

O José Tomás não se tinha envolvido tanto no Núcleo e nos seus projectos interescolas, preferindo investir na mobilização dos colegas da sua escola. Por isso, nesta entrevista, queixou-se exclusivamente das dificuldades que aí encontrara.
Depois de defender o “direito ao projecto” e de chamar a atenção para que a possibilidade de realizar projectos nas escolas não estava a ser respeitada, por não lhes serem proporcionadas as adequadas “condições”, considerou que aquilo a que se chama “cultura de escola” é a “cultura do funcionalismo” do Estado (uma “entidade que ninguém percebe quem é”). Era a primeira vez que ele estava tanto tempo na mesma escola, pelo que só agora se apercebia das “profundas relações que se estabelecem [nelas]”, ou seja, “aquilo que a gente quer dizer quando fala na cultura de escola”, e que “não vai mudar nos próximos séculos”. Para ele, as escolas eram “instituições anti-projecto”, porque os professores têm nela um grande poder, exercido através da avaliação dos alunos, e porque a maioria dos Conselhos Directivos procura controlá-la em seu benefício. O que existia de interessante nas escolas eram as “bolsas de resistência”, sendo a partir delas que podia haver alguma frontalidade em relação a esse duplo poder. A “condição de profissional da educação”, concluiu o Zé, deveria equivaler a estar “na escola de corpo inteiro”, nas aulas e fora delas; para se implementar um projecto não é possível fazê-lo sózinho, pois há constantes exigências para o “reflectir”, para o “reformular”, para o “reapreciar”.

Por isso, na altura em que foi entrevistado, aquilo que o Zé gostava de fazer “era ir experimentar outras coisas", pois na escola não via “condições de mudança”. Talvez iniciar um “projecto novo”, como “uma cooperativa ou coisa do género”. Mas, interrogou-se, receava que “o sistema” acabasse por fechar essa via, pois os miúdos, “mais tarde ou mais cedo”, terão de entrar nele, terão de “fazer exames e provas pedagógicas, e exames profissionais”, problema que já havia sido colocado pelo Movimento da Escola Moderna: aí os miúdos têm “direito à palavra”, a “questionar o professor”, a “questionar o poder do professor” e o seu “poder de saber”; mas mais tarde esses alunos iam “com a mesma postura” para a escola oficial e eram “cilindrados pelo sistema”, eram “considerados irreverentes, mal-educados”.

O que atraíu inicialmente a Filomena Teles na escola foi a possibilidade de aí fazer “trabalho extra-curricular”, tendo a “profissionalização em exercício” sido uma primeira oportunidade para isso. E a Escola Cultural foi uma outra, dando “mais importância à formação integral do aluno” e exigindo que as actividades escolhidas fizessem “parte do Plano de Escola, com objectivos, com estratégias de trabalho, com uma série de preocupações que ligavam o que se passava nos clubes aos objectivos gerais dos currículos”; mas quando os professores que não estavam interessados em “mudar” notaram que os alunos aderiam a esse tipo de actividades, desencadearam-se os “conflitos”.
Por isso, a certa altura, a Filomena procurou realizar actividades semelhantes às extracurriculares nas suas aulas, onde não teria de enfrentar conflitos provocados por outros professores. E mais tarde interessou-se pelo trabalho com os seus colegas do Núcleo da APM no AlterMATivas e no MATlab, pois aí se poderiam realizar “actividades que não estavam directamente ligadas aos objectivos do programa”.

No entanto, desabafou a Filomena, todas estas actividades dependiam do ambiente da escola, e esta cada vez dizia menos aos alunos: até ao início do 3º Ciclo a escola ainda lhes dizia qualquer coisa, a partir daí a “sociedade”, através dos “valores” que a “comunicação social” transmitia, tinha “mais força”, e a “cultura da escola” não a conseguia contrariar, porque leva muito tempo a mudar (não adiantando tentar mudá-la “por decreto”); alguns anos antes ainda havia uma abertura à mudança mas, naquela altura, o “retrocesso” era enorme, com cada vez mais “problemas sociais”, pedindo-se à escola que os combatasse “com armas que não [têm] a mesma força” que a da televisão.

Por isso, desejou a Filomena, teria “piada” que o grupo do AlterMATivas e do MATlab, tal “como ele está, com as experiências enriquecidas que tem, fosse trabalhar todo para uma escola”, por exemplo uma “escola integrada”, onde pudesse fazer uma experiência” de desenvolvimento dos alunos, “não só na Matemática”, também com psicólogos e sociólogos, com a sociedade “mais dentro da escola” e com a escola “mais cá fora”, de modo a que “as próprias famílias se fossem modificando e tivessem um papel”, como talvez já acontecesse na Escola Primária.


Comentários

Estes três testemunhos tiveram dois aspectos fortemente em comum: por um lado, olharam de um modo muito crítico para as escolas e, um pouco, para o Núcleo da APM; por outro, preocuparam-se menos com os condicionamentos externos do que com a procura de uma continuação para o trabalho conjunto que até aí tínhamos feito.

A Rita não encontrara na sua escola gente com quem trabalhar em grupo. A Filomena deparara, nas escolas que conhecera, com muitos professores que estavam contra as «mudanças». E o Zé, em vez de colegas com uma atitude profissional «de corpo inteiro», encontrara nas escolas por onde passara muitos «funcionários do Estado», que usavam a avaliação dos alunos (ou os cargos directivos) como fonte de poder, deduzindo daí que as escolas seriam «instituições anti-projecto», apenas confrontáveis por algumas «bolsas de resistência».
Por isso a Filomena, considerou que os projectos em que se envolvera com colegas do Núcleo da APM tinham sido uma solução para as dificuldades que encontrara; mas, para a Rita, também estavam a surgir sinais preocupantes no Núcleo, pois muitos dos professores que aí se tinham inicialmente envolvido estavam a desviar a sua atenção para outras prioridades.
Segundo a Rita, uma explicação para a redução do interesse em trabalhar no Núcleo poderia estar na Reforma Curricular que se estava a generalizar, quer pelos desafios que a sua implementação na escola colocava, quer porque esses colegas preferiam o apoio que os novos manuais escolares lhes trouxeram.

A negatividade do «balanço» feito pela Rita, pelo Zé e pela Filomena encontrou um eco só parcialmente esperançoso quando eles formularam o que desejavam para o «futuro».
A Filomena gostaria que o grupo com que trabalhara nos projectos, em vez de estar disperso por várias escolas, se transferisse para uma mesma escola, onde dispusesse de condições institucionalizadas para fazer um trabalho com maiores hipóteses de sucesso; mas, receou ela, ainda seria necessário enfrentar a influência crescente que a «sociedade», via «meios de informação», exercia sobre os alunos.
O Zé imaginou uma «cooperativa» onde pudesse concretizar «projectos» (para o que seria necessário reunir um grupo com as mesmas intenções); e, tal como a Filomena, receou o que aconteceria aos alunos quando fossem envolvidos no choque entre esse isolamento e a realidade exterior.
E a Rita, mais próxima da realidade em que estávamos, apenas gostaria de fazer um «levantamento» do que estava a ser dispersamente feito, para poder imaginar que ligações estabelecer entre todas as iniciativas que estavam em curso, admitindo, no entanto, que os colegas poderiam não estar interessados nisso.

Sentíamo-nos isolados, procurávamos uma solução para a nossa vontade de intervir e de cooperar, mas estávamos bastante cépticos.

Já não me recordo claramente do que eu próprio sentia nessa altura. Mas como tinha decidido entrar no mestrado [testemunho «090»], a minha escolha terá sido «aprender mais» e, ao investigar com novos conhecimentos, «compreender melhor» o que me rodeava. E só depois decidiria o que fazer, mantendo entretanto contacto com a minha escola e com o Núcleo.

Mas havia muitas coisas que estavam a mexer nesses anos de transição para a segunda metade da década de 90, algumas delas já identificadas, retrospectivamente, nos testemunhos anteriores:

* Acabava de ser decidido que o próximo Encontro Nacional de Professores de Matemática (ProfMAT), organizado pela APM, se iria realizar, no final de 1996, em Almada; mas essa decisão fora tomada sem consultar os sócios do Núcleo da APM em Almada e Seixal, embora dependesse inevitavelmente do apoio de muitos deles, pelo que teria consequências no trabalho aqui realizado; foi um sinal de que o associativismo a nível nacional começava a impor interesses que podiam não coincidir com o associativismo regional;

* O início da Reforma Curricular absorvia muitas atenções dos professores que a implementavam; foi o caso da Área Escola, que mobilizou alguns grupos de professores mas que também gerou fortes indiferenças, ou até alguma resistência, por parte doutros [testemunho «086»];

* Uma minoria dos professores não se sentia confortável com a Reforma Curricular que estava a ser generalizada, sentindo-a já como tendo falhado; se eles procuravam manter a sua «autonomia» (iniciativas curriculares próprias; formação contínua independente), a maioria dos seus colegas hesitava acerca dos exemplos em que se deveria inspirar, se nos do Ministério da Educação, se nos do Ensino Superior, se nos dos seus colegas mais «autónomos» [testemunho «090»];

* À medida que a generalização da Reforma Curricular foi sendo feita, alguns professores do ensino superior começaram a pretender «ensinar os professores do ensino não superior» (e não apenas os futuros professores) [testemunho «090»]; paralelamente, começaram a surgir medidas que tornavam a formação académica hierarquicamente mais importante que os outros tipos de formação [testemunho «092»];

* As escolas estavam a ser gradualmente envolvidas na elaboração de um Projecto Educativo próprio; o poder de um tal instrumento, ao desencadear os interesses de quem o queria usar a seu favor, obrigou todos os outros actores a esforços mais intensos e apressados para o transformar em ferramenta comum [testemunho «088»];

* Alguns parceiros das escolas começaram a propor-lhes «grandes iniciativas» destinadas à sua «participação», o que alienou as alienou do controlo sobre as iniciativas em que se envolviam; a «naturalização» destas «parcerias», a vontade que alguns desses parceiros tinham em hegemonizar certas áreas da educação e a fraca vontade de autonomia da maioria dos professores, impediu que este problema fosse atempadamente identificado [testemunho «087»];

Havia, pois, uma profunda mas silenciosa mudança em curso, e todos nós estaríamos com bastante dificuldade para a apreender e indecisos acerca do que deveríamos (e poderíamos) fazer.



Fontes:
Wikipédia (para os ministros da Educação)
Pedro Esteves / Arquivadores digitais «Tese de Mestrado» (Doc.s: 4EXPR11, 4EXPR12, 4EXPR13, 7ANEX3, 7ANEX4 e 7ANEX6)